Você com certeza se lembra bem: na semana passada, tivemos o maior reajuste de combustíveis em mais de um ano, com os incríveis 18,8% aplicados no preço da gasolina. Logicamente, no embalo, o aumento também chegou ao álcool, óleo diesel e gás de cozinha, e irá refletir em toda a cadeia produtiva, em especial na mesa de todos os brasileiros.
O vilão, mais uma vez, foi o aumento do preço do barril de petróleo (que chegou a quase 140 dólares), empurrado para cima principalmente pela guerra na Ucrânia, que enquanto perdurar, irá manter o mercado mundial totalmente imprevisível.
Exemplo dessa volatilidade foi a queda de 8% no mesmo preço do barril de petróleo, na segunda feira dessa semana (portanto, quatro dias depois do aumento dos combustíveis), que jogou o preço do barril para menos de 100 dólares.
É aí que surge o nó na cabeça do consumidor: quando o preço do barril no mercado internacional sobe, esse aumento é imediatamente repassado para a bomba gasolina no posto mais perto de nossas casas, já que a Petrobras tem uma política de cotação dos combustíveis atrelada ao que é praticado no exterior, em dólar. Seguindo esta lógica, quando há queda no mercado internacional, o preço deveria ser reajustado para baixo em solo brasileiro também, certo?
Até o presidente Bolsonaro fez esse questionamento em evento público, cobrando da Petrobrás o repasse não só dos aumentos, mas também das diminuições do preço do barril, quando elas ocorrerem. Convenhamos, o presidente foi coerente na sua cobrança, e nós consumidores merecemos, pelo menos, entender porque só somos “agraciados” com aumentos, e (quase) nunca com reduções nos preços dos combustíveis.
Mas, não é bem assim que essa “lógica” funciona. Os economistas tem apresentado, já há tempos, várias teorias para tentar explicar porque o consumidor só arca com os aumentos, e não é beneficiado pelas reduções. A tese dessa semana é que a Petrobrás represou o preço dos combustíveis desde o início de janeiro, já considerando, naquela época, o valor médio de 100 dólares o barril. Ou seja, para reajustar para menos, seria necessário um recuo no preço do barril para algo bem abaixo dos 100 dólares, algo que somente seria possível com o fim da guerra na Ucrânia, e estabilização das exportações. Ou seja, o preço dos combustíveis ainda pode subir mais, ou, no mínimo, ficar estável.
Essa lógica parece coerente pra você? Pois é, como diria um grande amigo meu: “se tudo der certo, estamos lascados!”