RÁDIO
No Brasil da década de 40, as transmissões radiofônicas e os aparelhos de rádio foram chegando com maior rapidez às pessoas e localidades mais distantes; assim, o mundo pode entrar com mais facilidade nas casas brasileiras.
Batatais, antes de possuir sua própria estação de rádio, em fins da década de 40, foi servida desde a década de 20 por duas estações regionais pioneiras na transmissão radiofônica no país: a RÁDIO CLUBE DE RIBEIRÃO PRETO, P.R.A. 7 (1924) – sendo a primeira rádio do interior do país – e a RÁDIO CLUBE HERTZ DE FRANCA, P.R.B.5 (1925) – considerada a segunda rádio mais antiga do Estado de São Paulo. Ambas, funcionam até os dias recentes.
Além das emissoras regionais, já citamos anteriormente algumas das várias emissoras de rádio que irradiavam suas ondas para a nossa cidade, como a Rádio Cosmos, Rádio Tupi, Rádio Record, Rádio Excelsior, Rádio Nacional entre outras.
As propagandas encontradas nos jornais locais foram da RÁDIO CLUBE DE RIBEIRÃO PRETO, da RÁDIO CLUBE HERTZ DE FRANCA e da RÁDIO TUPY de São Paulo.
ALTO-FALANTES
Em Batatais, as primeiras experiências com alto-falantes e radio-transmissão que temos noticia aconteceram no início da década de 40, com o serviço de alto-falantes denominado de VOZ DE BATATAIS.
Foi e ainda é comum por todo Brasil, portanto também em Batatais, a colocação de alto-falantes em espaços públicos e privados, como praças, festas e quermesses religiosas e populares, e mesmo em fazendas, oferecendo entretenimento, música e noticiário para a população ouvinte.
O programa VOZ DE BATATAIS era feito pela empresa Serviço de Alto-Falantes de Batatais, espécie de divulgadora e promotora de diversão, informação, propaganda e recados ao público da cidade.
Não conseguimos levantar com exatidão os nomes dos pioneiros na implantação do serviço de alto-falantes na cidade, porém sabemos que em 1945 eram seus proprietários José Elias Thame e Manoel Tofetti (OJ, 07/09/1945) e, em seguida teriam sido também seus proprietários os Irmãos Morais, Ermelindo e Moacyr.
O Serviço de Alto-Falantes de Batatais começou a funcionar em outubro de 1943, sendo oficializado e regularizado no Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) apenas em julho de 1945. Seus estúdios e aparelhagem ficavam instalados no Coreto da Praça Cônego Joaquim Alves. (O JORNAL, 12/07/1945)
Levantamos que em junho de 1945 foi realizado um concurso para saber qual era o melhor locutor do VOZ DE BATATAIS. Com isso temos o nome de alguns dos locutores do ano, como observado no recorte CONCURSO; a saber: Reis Filho, José Bergamini, Ary Rezende, Lima Zei e Barbosa Júnior.
Os serviços do VOZ DE BATATAIS foram bem movimentados neste mesmo ano. Temos ainda para o mês de outubro de 1945, notícias sobre a organização de um programa de calouros.
Na mesma década de 40, o leitor pode observar no quadro CONCURSO que os serviços A VOZ DE BATATAIS contavam no seu quadro de apresentadores ao menos com uma voz feminina, que era a de Sebastiana Fantaccini. Sabemos também que foi locutora Dalila Marianetti.
Em 1953, encontramos a VOZ DE BATATAIS em pleno funcionamento, porém não conseguimos determinar, ainda, quando este meio de comunicação deu por encerrada suas atividades.
RÁDIO DIFUSORA DE BATATAIS
Há registros na imprensa escrita de tentativas de se fundar uma estação de transmissão de rádio em Batatais desde o final da década de 30.
Apenas em 1945, o sonho alimentado de Batatais possuir uma estação de rádio, depois de algumas tentativas, foi concretizado com a criação da Sociedade Rádio Batatais Ltda constituída por um reduzido grupo de conhecidos membros da sociedade batataense, que tinha por objetivo fomentar a participação de interessados em instalar uma estação de rádio na cidade. A comissão estava assim constituída: Francisco Arantes Junqueira, João Cinalli, José Elias Thame, Nagib Suaid, Rinaldo Pesenti entre outros (TB, 21/10//45).
Abaixo, trazemos a reprodução da cópia impressa da reunião de fundação oficial da Sociedade Rádio Batatais Ltda de 26/12/1945.
A fundação da dita sociedade em poucos meses atingiu o seu objetivo que era formar em Batatais uma estação de rádio, como podemos observar com a publicação no Diário Oficial da União de 19 de setembro de 1946, quando se dá a autorização do Estado para abertura de uma rádio local.
Vale indicar que o Estado, percebendo a expansão e alcance que essa mídia poderia ter, começou a controlar com rigor e censura desde a criação de uma nova emissora, passando pelo conteúdo transmitido, até a obrigatoriedade do registro periódico dos aparelhos de rádios pelos proprietários.
Em setembro de 1947, após um ano da autorização governamental para abertura de uma emissora de rádio local, ficou acordado entre as partes interessadas que os estúdios e demais instalações da futura SOCIEDADE RÁDIO DIFUSORA DE BATATAIS ficariam nas dependências da ABR Operária. O acordo foi assinado entre os representantes das ditas sociedades, Dr. Clodoaldo de Mártin, sócio-diretor da Rádio Difusora e o presidente da ABR Operária, Aristides Neves Nogueira Braga.
A RÁDIO DIFUSORA DE BATATAIS foi inaugurada oficialmente em 16 de novembro de 1947 e destacou-se por ser a primeira rádio da cidade de Batatais. O seu lançamento contou com a presença do então governador do Estado de São Paulo, Dr. Adhemar de Barros e comitiva, além de expressivo número de autoridades locais e expectadores. (Infelizmente não temos registro fotográfico da inauguração).
Começou a operar com transmissor de 100 watts, com prefixo ZYN8, na frequência 1540 quilociclos, em ondas médias.
Segundo consta, seus primeiros sócios cotistas foram Leopoldino Benedito Bueno, Leopoldo Benedito Júnior, os irmãos Ermelindo e Moacyir Dias de Morais, Gustavo Simioni e Geraldo Malachias Marques, conforme registro na Junta Comercial do Estado de São Paulo de 28 de dezembro de 1945 (JUCESP). (CARDOSO, 2002, p.124). Vale salientar que em outros documentos encontramos também como diretores fundadores os nomes de Oswaldo Scatena, Américo Gaeta e Dr. Jorge Nazar e como gerente, o sr. José Elias Thame
A RÁDIO DIFUSORA DE BATATAIS ficou instalada, estúdio e auditório, na sede social da ABR Operária por volta de cinco anos, mediante pagamento de aluguel. Em 1949, já pertencia às Famílias Nazar-Girardi que acabam por transferir, em 1953, suas instalações para a sede social da Sociedade Recreativa Batataense (antiga Sociedade Italiana) onde ficou até 1959, indo, em seguida, para o desativado Cine São Joaquim – essas duas associações estavam situadas à Rua Coronel Joaquim Alves.
Em 1962, a RÁDIO DIFUSORA DE BATATAIS passou a ser de propriedade da família Molina, sob a administração do senhor João Molina. Em 2013, foram admitidos como seus novos sócios-proprietários os srs. Cesar Cangussú, Osvaldo Batista e Marcos A. Alves.
Inicialmente, manteve uma programação diária voltada para a música mais clássica, erudita; tendo os noticiários nacionais e locais um pequeno espaço na grade diária da estação. O horário de transmissão foi sendo ampliado com o tempo. Geralmente iniciava sua programação às 9h e sua última programação começava às 19:30h.
Os primeiros programas apresentados pela Rádio Difusora eram voltados para as camadas urbanas da sociedade batataense, como o “Programa para Ti, Noticiário Falado, Carnê Social, Joias Portenhas, Cortina Musical, Aperitivo Musical, Programa Fantasia, Programa de Fox, Programa de Valsas, Clássico, Missa da Capela Santa Cecília, Chá Dançante, Concerto de Música Popular e Em Ritmo de Choro.” Essa programação manteve-se por pelo menos um ano, quando então, ocorreram pequenas mudanças na grade. Observe no quadro à direita.
Com o tempo, a programação foi sendo modificada e os programas de talentos começaram a tomar espaço.
Nas décadas de 40 e 50, os locutores da VOZ DE BATATAIS foram praticamente os mesmos da RÁDIO DIFUSORA DE BATATAIS. Sendo alguns deles: João Lopes de Oliveira, Adamastor Reis, Reis Filho, José Bergamini (J.B.), Clodoaldo Márin, Carlos Noion Caldas, Roosevelt Hamam, Jeová Prescendo, Geraldo Marinheiro, Covas Júnior, entre outros renomados talentos.
Tivemos também na rádio local, a participação de mulheres, como as locutoras Albertina Pimenta, Maria de Lourdes Degani, Ivone Carvalho, Neuza Januário e Norma Aleixo; e na sonoplastia, Maria Rizzo.
Os programas de variedades costumavam ser transmitidos ao vivo e eram realizados aos finais de semana com a presença do público que lotava o auditório. Alguns programas eram narrados fora dos estúdios, como missas e jogos de futebol.
Conforme levantado por Cardoso (2002, p.125) retirado do O JORNAL de 7/12/1947: “A primeira transmissão fora dos estúdios foi feita diretamente do estádio de Mogiana, em Campinas, com a realização do jogo entre o Batatais Futebol Clube e a Associação Atlética Ponte Preta, na voz do locutor esportivo da Difusora, Dr. Clodoaldo João Luiz De Martin e comentários de Cássio Alberto de Lima, sob o patrocínio da Casa Bianco. Nesse mesmo periódico, em 21/12/1947, temos a notícia da ‘Irradiação da Santa Missa, diretamente da Capela Santa Cecília’. Essas irradiações externas eram feitas por telefone.”
A vida cultural de Batatais era ditada na década de 40, sobretudo pelos clubes com seus saraus, bailes e apresentações teatrais e as apresentações cinematográficas do cine São Joaquim.
Com a instalação da SOCIEDADE RÁDIO DIFUSORA DE BATATAIS com seus programas musicais e de auditório, houve um aumento da visibilidade e aparecimento de cantores, músicos, bandas locais e outros talentos que ganharam notoriedade regional, como Fausto Bellini Degani, Rinaldo Pesenti e Luís Carlos Covas, entre vários valorosos artistas e músicos locais.
Para saber muito mais sobre a trajetória da RÁDIO DIFUSORA – ZYN 8, que comemorará em breve 80 anos de sua existência, entre no site www.difusorabatatais.com.br , navegue pelo Acervo Digital de Batatais no Facebook e leia o artigo Tempos Heróicos da Rádio Difusora de Batatais (1947-1960) escrito pela profa. Clotilde Cardoso constante na Revista Amicus (Batatais/SP) de novembro de 2002.
CINE SÃO JOAQUIM
Outro espaço de entretenimento, que serviu de divulgador de notícias na década de 40 foi o cinema. Em Batatais, existia um único do gênero na década de 40, construído na década de 20 e nascido com o nome de Cine Santa Helena, em seguida Cine Para Todos e finalmente Cine São Joaquim, até encerrar suas atividades em 1958. Ao final da década de 40, pertenceu à Empresa Teatral Paulista Limitada de Osvaldo Abreu Sampaio.
Nas programações semanais do CINE SÃO JOAQUIM, o espectador tinha acesso ao ‘noticiário recente’, geralmente sobre a guerra e o governo Vargas. Leia as linhas finais da programação de uma semana do CINE SÃO JOAQUIM, em Batatais.
REVISTA A GAZETA
Na primeira edição do mês de maio/2022 tratamos da imprensa escrita na década de 40 e pontuamos que um dos periódicos veiculados na época, A GAZETA DE BATATAIS, passou a publicar uma revista de nome A GAZETA. Indicamos inclusive, que o Museu possuía um exemplar.
Pelas informações obtidas, a revista A GAZETA circulou pela primeira vez em 1938, no 31º ano de existência do dito jornal, quando seu editor era Plínio Vianna.
Em 22 de setembro de 1938, a GAZETA DE BATATAIS editou o segundo número da revista A GAZETA. No ano de 1939, o mesmo jornal, em comemoração ao centenário da cidade, fez o ALBÚM DE BATATAES e ainda, no mesmo ano foram editados o terceiro número da revista em maio/junho e o quarto número da revista saiu em novembro.
O Museu possui o quinto número da revista A GAZETA, de janeiro de 1940. A seguir reproduções de algumas notas da revista de janeiro de 1940.