A natureza ferida pela tragédia climática, escolheu o Rio Grande do Sul para desencadear sua fúria demonstrando que o aquecimento global não é algo abstrato, é uma ameaça devastadora. Nesse cenário de sofrimento emergem algumas ideologias que demonstram como as pessoas pensam.
Refiro-me ao governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), que em entrevista à BandNews, disse para deixar de fazer doações porque o excesso dessas está prejudicando o comércio local, ora, essa sua preocupação revela que ele está muito mais preocupado com os empresários do que ajudar a população. O governador precisa saber que primeiro vem a questão humana, as pessoas precisam beber, comer, não passar frio para depois aquecer a economia, ele sucumbiu ao lobby dos comerciantes e ainda disse mais: pediu para enviarem pix e que os valores seriam geridos por uma associação de bancos do RS.
Fez isso porque falou que os gaúchos vão ter uma grande inflação e solicitou ao COPOM aumentar os juros para os seus conterrâneos porque se muita gente for pedir empréstimo a juros baixos os bancos poderão quebrar.
Depois veio se desculpar do desastre político que foi o peso da sua declaração, mas não foi deslize, ele falou tal como pensa, quer o estado mínimo, mesmo nessa época de catástrofe onde o keynesianismo reconhecia a intervenção do Estado.
O governo federal vem oferecendo grande ajuda (e é assim que tem que ser com qualquer estado da União), primeiro foi um aporte de R$ 51 bilhões (R$ 20 bilhões para abono salarial, créditos e facilidades fiscais e R$ 31 bilhões para alavancar micros e pequenas empresas). Eduardo Leite havia pedido R$ 19 bilhões, levou muito mais que o dobro, depois o governo perdoou a dívida e os juros do estado com a União por 3 anos num total que chega a R$ 23 bilhões que é para ser utilizado em seu governo para a reconstrução do estado, mas mesmo assim, como no caso das doações ele só reclama e não agradece com ênfase o apoio que está recebendo parecendo sempre carrancudo pela ajuda.
Ação sua até agora nenhuma, pelo menos ele não falou nada do que fez até o momento, só dá entrevista falando que as coisas vão piorar. Ele tem que dar perspectiva e levantar o ânimo do seu povo, mas como politizaram a pandemia, agora querem politizar a tragédia e ele está preocupado com sua base política conservadora (bolsonarista) que não pode reconhecer o apoio gigantesco que o governo federal está fazendo.
É preciso também entender que na sua gestão foram enfraquecidas as regras ambientais desmontando leis do código ambiental alinhando com o pensamento de Bolsonaro, Ricardo Salles e a bancada ruralista no Congresso Nacional, o meio ambiente favorece um ambiente de negócios, o empresário não precisa mais de um projeto ambiental, apenas se compromete em atender os requisitos ambientais e o estado libera de boa-fé sem verificar o cumprimento.
Castigado pela natureza, o Rio Grande do Sul também parece ser castigado pela sua principal liderança, um homem ingrato e sem ação.