/Há 100 anos… setembro/1919

Há 100 anos… setembro/1919

As notícias sobre esportes começam a aparecer com certa frequência na “Gazeta de Batataes”, dando informações sobre os amistosos do “Batataes Foot-Ball Club” (B.F.C.) com outros times locais, como “Fura-Fura Club”, “Macahubas Club”, “Guaraciaba F.C.”, “Riachuelo F.C.” e mesmo times de outras localidades, como o “Comercial F. C.” de Ribeirão Preto e o “Franca F.C.” da cidade de Franca.
A eleição da primeira diretoria oficial do B.F.C. ocorreu no dia 10/09, no Teatro São Carlos, e instituiu a existência do clube esportivo que ficou assim composta: presidente, o Coronel Manoel Victor Nogueira; vice-presidente, o Dr. José Garcia de Barros; tesoureiro, o Dr. Álvaro Barbosa; 1º secretário, o Coronel Ovídio Tristão de Lima; 2º secretário, o Sr. Francisco Tristão de Lima; diretor esportivo, o Dr. Mario Dutra; orador oficial, o Dr. Paulo de Lacerda; capitão, o Sr. José Martiniano de Andrade.” Ainda sobre o B.F.C., no dia 20/09, foi realizada uma assembleia que aprovou seu estatuto. No dia 26/09 teve início a campanha para construção de um campo de futebol. Em 12/10 o mesmo jornal noticiou que a prefeitura iria doar um terreno para a construção do clube.

Jogadores do Batatais Futebol Clube (data aproximada entre 1917 e 1921) com provável identificação em pé da esquerda para a direita: Herani, Orlando Feresin, José Correa, Bruno Sebastiani, Guilherme Lavagnoli (Francano) e Romão Covas. Ajoelhados da esquerda para a direita: ?, ?, Francisco Lima (Chicó), Elécio Feresin (Nardim) e Antônio Nenê. (Acervo do MHP. Washington Luís)

Levantamos com a leitura das várias edições do jornal, os nomes de alguns jogadores do B.F.C. da época: Boaretto I, Boaretto II, Simioni, Bagaro, Lima, Moreira, Bruno, Zico, Nenê, Romão, Pesenti, Vicente, Neca, Pepino, Nado, Côrrea, Luiz, Joly, Ignácio, Santos, Sebastião, Alcides, Jayme, Silva, Souza, Gaeta, Julio, Totonho, Chicó e Sillos.
Em se tratando de futebol, em nossas pesquisas nos jornais locais encontramos dados curiosos de anos anteriores sobre o futebol em nossa cidade.
Para o ano de 1910, segundo consta, Batatais possuía três times oficiais: o Estrella D´Oeste, o Athlético Batataense e a Associação de Operários. Em 1915, se destacava o Riachuelo F.C. com a inauguração de um campo de futebol do próprio clube. No ano de 1916, destacamos notas que indicavam jogos amistosos entre o R.F.C. e o B.F.C. e do B.F.C. com o Comercial F.C. de Ribeirão Preto. O que nos leva a acreditar que algumas tentativas foram tomadas anteriormente no sentido de formar o B.F.C. Estava composta a diretoria do R.F.C. de 1916 pelo presidente honorário, o Coronel Manoel Victor Nogueira; o presidente efetivo, Dr. João Thomaz; o vice-presidente, Capitão João Baptista Ferraz de Menezes; o tesoureiro, Claudemiro Silva; o 1º secretário, José Paulino Pinto Nazário; o 2º secretário, Cassimiro Puccinelli; o diretor de esportes, Colombo Mascagni; o orador, Américo Carilli.

Quadro dos jogadores do BFC em 1922 (Acervo MHP Washington Luís)

Em 1916 sobre o B.F.C., os jornais trazem os nomes dos jogadores daquele ano: Bruno, Boaretto (capitão), Chicó, Cotta, Francano, Meirelles, Néca, Nenê, Nunes, Parera e Pepino.
Ainda em 1916, é fundado em Batatais outra associação esportiva que recebeu o nome de “União Batataense de Foot-Ball Club” e também era denominada de “Associação Sportiva União Batataense”, cujos os membros tomaram posse oficial: como presidente honorário, o Coronel Manoel Victor Nogueira; como presidente, o Coronel Joaquim Marques; como vice-presidente, João Baptista Ferraz de Menezes; como 1º secretário, o Coronel Ovídio Tristão de Lima; como 2º secretário, José de Paula Arantes; como tesoureiro, o Capitão José Paulino Pinto Nazário; como diretor esportivo, o Dr. Colombo Mascagni; como 1º capitão, Pedro Boaretto; como 2º capitão, o Sr. José Lazarini; como orador, o Prof. Odilon Côrrea ( que já tinha sido presidente do R.F.C. em 1915) e para produção dos estatutos que ficaram prontos no mesmo ano, foram responsáveis, os Srs. Capitão José Paulino Pinto Nazário, José Lazarini e Ovídio Tristão de Lima Júnior.

Clichê do O JORNAL DE BATATAIS (meados do século XX) sobre o Riachuelo Futebol Clube em 1917.

Nos meses de março e abril de 1917, encontramos duas notas para os associados da “União Batataense de F.C.”: uma de convocação de reunião ocorrida na casa do secretário do clube, Ovídio Tristão de Lima “para tratar de construção de arquibancada e do fechamento do campo”; e a outra de cobrança, por parte do tesoureiro, Capitão José Paulino Pinto Nazário, das mensalidades atrasadas dos sócios.
No ano de 1918 não encontramos registros nos jornais pesquisados de eventos futebolísticos na cidade.
Voltemos ao setembro de 1919 – ao que tudo indica, o antigo teatro da cidade, o Teatro São Carlos, também estava aberto a receber diversas atividades além das peças teatrais, musicais, bailes, espetáculos de mágica etc. Em algumas situações, o local funcionou como seção eleitoral e para comemoração de diversas datas cívicas, como também para banquetes políticos, tômbolas, leilões de caridade e eventos religiosos.

Antigo Teatro São Carlos na Rua Santos Dumont, atual localização do Despachante Viana (Fonte: Revista Amicus)

Sobre o 7 de setembro e a comemoração da Independência do Brasil em relação a Portugal, há notas tratando da data cívica na cidade informando que “serão embandeirados os edifícios públicos e haverá no coreto do Jardim um concerto”, além de “festas patrióticas promovidas pelo Tiro 26” e “festas cívicas escolares”.
Uma tradição no mês de setembro, por conta da data cívica da Independência do Brasil, era o presidente do Estado de São Paulo (atual cargo de governador do Estado) perdoar sentenciados da Justiça pelo restante da pena. Atualmente esse perdão é chamado de indulto, que é o perdão de pena ou redução da mesma. Se for beneficiado com o indulto, o preso tem a pena extinta e pode deixar a prisão. Desta cidade foram perdoados à época, pelo então presidente do Estado, Dr. Altino Arantes, os sentenciados Joaquim Alves Teixeira e Anna Costa (infelizmente não identificamos seus atos cometidos).

Dr. Altino Arantes (acervo
MHP. Washington Luís)

Foi lembrado pelo jornal, o aniversário de nascimento do Dr. Altino Arantes, dia 29/09.
A “Gazeta de Batataes” trouxe um artigo afirmando a “boa” escolha do Partido Republicano Paulista (P.R.P.) pelo candidato Dr. Washington Luís ao governo do Estado de São Paulo para o quatriênio 1920 – 1924. Em função da indicação do Dr. Washington Luís, o jornal ofereceu-nos um artigo sobre o seu passado político administrativo em Batatais. Para relembrar, WL foi vereador e presidente da Câmara Municipal em 1894 e eleito intendente municipal (cargo semelhante ao de prefeito) nos anos de 1897 e 1899. Dentre vários legados administrativos, instituiu a existência e obrigatoriedade do ensino fundamental municipal para crianças entre 7 e 12 anos, além disso, criou uma caixa econômica municipal e regulamentou as eleições municipais.
Por falar em eleições, os candidatos locais para o triênio 1920 – 1923 também foram apresentados, a saber: Coronel Manoel Victor Nogueira, Coronel Gabriel de Andrade Junqueira, Dr. Frederico Marques, Gabriel Martins de Oliveira,

Quadro de Washington Luís
fotografia colorizada por Valério Phot. (acervo MHP Washington Luís)

José Ordine, José Procópio Meirelles, José Paulino da Costa, Guilherme Tambellini, João Cândido Filho, Manoel Custódio Lellis; como juízes de paz: Capitão Francisco Moreira, José de Andrade Diniz Junqueira, Manoel Ribeiro de Mattos
Foi noticiado que seria construído um jardim “na Praça Cônego Joaquim Alves, no terreno que fica aos fundos da Igreja Matriz”.
Para comemorar a Unificação Italiana ocorrida no dia 20 de setembro de 1870, a colônia italiana local comemorou com salva de tiros e música. A banda Santa Cecília acordou a população percorrendo as ruas centrais da cidade. A noite na sede da Sociedade Italiana houve sessão cívica e baile.
Durante o mês de setembro a “Gazeta de Batataes” continuou a informar e alertar em suas edições sobre as formas de contaminação e prevenção sobre a parasitose ‘opilação’, mais conhecida “amarelão”.
Para regulamentar a mendicância na cidade, os pedintes passaram a exibir placas numeradas de identificação distribuídas pela Delegacia de Polícia local!
À época ficava sobre os cuidados da Prefeitura Municipal a fiscalização da caça e a pesca. Entre os meses de setembro a fevereiro, a caça de perdizes e codornas era proibida.