As notícias sobre o “Batataes Futebol Clube” (BFC) continuam em outubro de 1919 e após aprovação dos estatutos do nascente time de futebol, o registro foi feito no cartório no respectivo mês. A recém criada diretoria do BFC requereu à Câmara Municipal de Batatais (CMB) a doação de um terreno municipal para construção de um campo de futebol e solicitou ajuda pecuniária ao clube. A Câmara fez a doação “do terreno que fica ao lado do cemitério parochial para a construção do ‘ground’ do Batataes Foot-Ball Club, indeferindo, porém, o requerido no tocante ao auxilio pecuniário solicitado a Câmara”.
E por falar em futebol, o nome do vice-presidente de outra associação esportiva de renome na cidade, a “Sociedade Esportiva Riachuelo Foot-Ball Club (RFC)”, Carmosino de Araújo, foi citado no mês de outubro nas páginas do jornal.
Pela primeira vez no periódico semanal “Gazeta de Batataes” foi anunciado com destaque um espetáculo circense na cidade, o “Circo Japonez”, de propriedade de Demosthenes da Silva. O circo foi armado na antiga Praça Municipal, atual Praça Fernando Costa. O circo durante quase todo o século XX foi uma das grandes atrações e divertimentos mais acessíveis para as populações de todos os grupos sociais e, vale lembrar, que durante os espetáculos apresentavam shows de acrobacias, contorcionismos, danças, malabarismos, palhaços, mágicas e peças teatrais e musicais.
Em 1914 tem início a 1ª Guerra Mundial e a “Gazeta de Batataes” em sua edição nº 458 de 04 de julho de 1915 noticiava que moradores locais italianos ou descendentes de italianos iriam lutar nos campos da guerra Ítalo-Austríaca, a saber: João Baptista Puccinelli, Guido Zapolla como voluntários e Luiz Cattanzaro como reservista. Todavia, não temos mais notícias de nenhum dos citados no jornal em 1915. Apenas em outubro de 1919 em uma das edições do jornal, há uma nota anunciando que o “representante local na 1ª Guerra, o soldado Christovam Puccinelli, regressou da Itália, onde esteve desde 1915, lutando no exército italiano. Em sua chegada pela Mogiana foi recepcionado por várias pessoas”.
Coletamos também outras informações sobre o desconhecido soldado de nome Christovam Puccinelli. Segundo consta nos registros cartoriais, Christovam nasceu no distrito de Batatais em 03/03/1894 e faleceu no ano de 1945, era filho de Miguel Puccinelli e Carolina Norberto, que à época do casamento do filho residiam na cidade de São Paulo, capital do Estado. Após a guerra, tornou-se barbeiro e veio a ter outras profissões, pelo que se soube. Casou-se aos 30 anos no dia 18/06/1924 com Elvira Coraucci, com 26 anos, nascida em 21/02/1898 também nesta cidade e faleceu no ano de 1975. Elvira era filha de Romeu Coraucci e Ida Coraucci. Segundo consta, não tiveram filhos.
Em nossas pesquisas conseguimos informações em outras fontes, no caso, a “Revista Amicus” no artigo da historiadora Clotilde de Santa Clara Medina Cardoso, da existência de outro soldado voluntário proveniente de Batatais, de nome José Rufino de Oliveira ou simplesmente como ficou conhecido após seu retorno da Itália, “Zé da Guerra”.
Sobre a indústria local, o jornal de 100 anos atrás, tratou da “Chapelaria Cardoso”, criada em março de 1919, de propriedade de Aristides Carlos Cardoso. De acordo com seu proprietário, sua capacidade produtiva poderia ser maior, mas a cidade não possuía operários especializados. Produziam por volta de 500 chapéus por mês, entre os de linho (360 ao mês) e os de pêlo (150 ao mês), e também mantinham uma oficina de reparos e consertos. Empregavam, conforme cita a matéria, 25 operários, a maioria mulheres e órfãs.
Em outubro ocorriam festejos cristãos tradicionais na cidade, como a Festa do Rosário. Esses festejos aconteciam na então igrejinha de Nossa Senhora do Rosário, que ficava na parte dos fundos da atual Câmara Municipal e foi demolida em 1924. Ao que tudo indica, durante essas festas, o terno local de Congado fazia-se representar.
Também em outubro foram realizadas eleições municipais para os cargos de vereadores e juízes de paz. As eleições ocorreram no dia 30 de outubro no antigo Grupo Escolar “Dr. Washington Luís” (atual Colégio ABE).
Na época haviam três seções eleitorais distribuídas por ordem alfabética, lembrando que somente os homens acima de 21 anos e alfabetizados que estavam aptos a votar. Na 1ª Seção, de A a D, tinha 137 eleitores; na 2ª Seção de E a I, bem como todos os nomes José e Joaquim, tinha 161 eleitores; e a 3ª Seção de J a W, tinha 150 eleitores.
Foi lembrado pelo jornal, o aniversário de nascimento do renomado médico, clínico geral, Dr. José Luiz de Mesquita, nascido em 10/10/1889, procedente de Escada, estado de Pernambuco, e desde 1913, residente em Batatais. O clínico era filho do Dr. Francisco de Paula Mesquita e de Dona Albertina Cavalcanti Mesquita. Graduou-se na Faculdade de Medicina da Bahia. Tão logo chegou a Batatais, Dr. José Luis de Mesquita casou-se, em 1914, com Maria Cândida de Andrade, filha do casal Coronel Gabriel de Andrade Junqueira e Dona Cecy Vieira de Andrade Junqueira. O casal teve três filhos: Gabriel, Luiz (tornou-se médico) e José (gerente bancário). Viveu em nossa cidade por cerca de 20 anos, quando se mudou com a família em fins de 1931 para a cidade de Rio Preto – SP onde residiu até morrer. Faleceu subitamente aos 45 anos, em 06/02/1934 num quarto de hotel na cidade de Sorocaba, onde estava a passeio, em visita a um de seus filhos que ali morava. Foi enterrado em São Paulo. Em seguida a sua morte, ainda em fevereiro de 1934, o prefeito de Batatais, José Pimenta Neves, decretou com a denominação “Ladeira Dr. Mesquita”, o trecho que tem início nos antigos prédios da família Scatena, passando pela antiga residência do Dr. Mesquita (demolida) nesta cidade.
Jean de Frans dá início a uma nova série de crônicas, intituladas “Batataes de Outr’ora”, de cunho biográfico e anedótico, que posteriormente tornou-se livro “Gente de Minha Terra – Batataes de Outrora”(1939). O primeiro morador batataense a ser alvo de suas crônicas foi José Umbelino Fernandes. Segundo o autor, este era mineiro e deixou uma numerosa descendência. Exerceu as profissões de advogado, delegado de polícia, comerciante e lavrador. Adorava fazer chacotas e assustar as pessoas. Embora não fosse católico fervoroso, cantava nos festejos e procissões. Junto com outros amigos, foi um dos fundadores do primeiro teatro da cidade, o Teatro São João (depois Teatro Municipal, em seguida Teatro São Carlos), localizado onde atualmente é o Despachante Viana.
CEMITÉRIOS EM BATATAIS
(Parte 1)
Com a chegada do Dia de Finados (02 de novembro), apresentamos algumas informações levantadas em pesquisas e acervo do Museu Histórico e Pedagógico “Dr. Washington Luís”.
VOCÊ SABIA QUE…
• A palavra cemitério significa em suas origens “local de dormir”?
• O antigo povoado na “Fazenda dos Batataes” já enterrava seus mortos em solo sagrado?
• Este solo sagrado era o próprio interior da capela e seu entorno, como encontramos indicados no 1º Livro de Assentamento de Óbitos?
• Nos tornamos Freguesia por alvará régio de Dom João VI de 25 de fevereiro de 1815 sob a proteção do Senhor Bom Jesus da Cana Verde dos Batatais?
• O antigo povoado situado na “Fazenda dos Batataes” tornou-se Freguesia em 1815 e com isso um pouco antes já passamos a ter um 1º Livro de Assentamento de Óbitos próprio?
• O 1º Livro de Assentamento de Óbitos da “Freguesia dos Batataes” está na Igreja Matriz?
• Devido às grandes distâncias entre a “Freguesia dos Batataes” e algumas fazendas e povoados, encontramos nos primeiros 10 anos do Livro de Assentamento de Óbitos nomes de outros cemitérios?
• Os cemitérios que apareceram registrados no 1º Livro de Assentamento de Óbitos foram os do Cubatão, dos Barreiros, do Rio Pardo, da Santa Cruz das Lages ou simplesmente das Lages ou da Santa Cruz ou da Cruz ou da Cruz Santa ou Ermida de Santa Cruz, do Sapucahi, da Capela do Carmo, de Santo Ignácio?