Segundo a “Gazeta de Batataes” a cidade tinha quase um total de 450 eleitores aptos a votar nas eleições municipais de 30 de outubro de 1919, sendo eleitos todos os candidatos do Partido Republicano Paulista (PRP). Os eleitos para os cargos de vereadores da Câmara Municipal de Batatais foram: José Paulino da Costa, Gabriel Martins de Oliveira, José Ordine, Manoel Victor Nogueira, Manoel Custódio de Lellis, Dr. Frederico Marques, Guilherme Tambellini, João Cândido Alves Filho, Gabriel de Andrade e José Procópio Meirelles. Para juízes de paz foram eleitos: Francisco Moreira, José de Andrade Diniz Junqueira e Manoel Ribeiro de Mattos.
O Batatais Futebol Clube (BFC) começa a participar de vários jogos com times da região, como os de Altinópolis, Jardinópolis, Franca e Ribeirão Preto, por exemplo. Observamos que as associações esportivas em cada jogo disputavam duas partidas. Cada clube tinha dois times e por isso as duas partidas. O jornal oferecia um resumo dessas partidas.
Além dos jogos no “ground” do BFC, no mês de novembro, grupos apoiadores do novo clube realizaram quermesse no jardim público e baile no Teatro São Carlos.
A Sociedade de Muttuo Soccorso homenageou os heróis da 1ª Guerra Mundial (1914-1918) com uma missa em sufrágio dos soldados que morreram em combate. Na celebração estiveram presentes o Tiro 26 e as bandas musicais locais.
A “Gazeta de Batataes” em uma das edições do mês trouxe um artigo sobre a importância da prática da Educação Física. O artigo pontuou que no Brasil a população, sobretudo a infantil e a juventude, ainda não tem a prática regular da Educação Física, que segundo estudos da época, estaria ligada à higiene social e à melhoria do cansaço intelectual.
Ainda em se tratando de cuidados com a mente e o corpo, as edições do mês de novembro vêm com pequenas notas pedindo aos lavradores que construam fossas e andem calçados, tudo para evitar o “amarelão” (ao lado).
A cidade comemorou os 30 anos da passagem da Proclamação da República, no dia 15 de novembro, com embandeiramento nas repartições públicas, comércio fechando às 14 horas, desfile cívico dos escoteiros locais e das cidades vizinhas de Brodowski e Altinópolis pelas principais ruas da cidade e apresentação da Banda Euterpe Batataense no coreto do jardim público da cidade.
Em novembro ocorreram os festejos cristãos em homenagem ao padroeiro da paróquia, o Senhor Bom Jesus, com novenas, procissões e quermesse, com a presença ilustre do Bispo Dom Alberto Gonçalves.
Mais uma vez a “Gazeta de Batataes” trouxe um artigo tratando da preocupação com a população desempregada e sobre as potencialidades e vantagens oferecidas pela municipalidade na implantação de indústrias na cidade.
Jean de Frans (codinome de José Augusto Fernandes) dá continuidade à série de crônicas biográficas e anedóticas de batataenses ou moradores ilustres, que deram origem ao livro “Gente de minha Terra – Batataes de Outr’ora” em 1939. No mês de novembro de 1919, foram selecionados o Comendador José Umbelino Júnior, o Coronel Joaquim Alves, o Joaquim Augusto e o Firmiano Braga.

CEMITÉRIOS EM BATATAIS (Parte 2)

Como neste mês tivemos o Dia de Finados (02 de novembro), apresentamos algumas informações levantadas em pesquisas e acervo do Museu Histórico e Pedagógico “Dr. Washington Luís”.

VOCÊ SABIA QUE…
• o primeiro pároco que aparece nos livros de registro de sepultamentos, casamentos e batismos chamava-se Manoel Pompeu de Arruda?
• o primeiro registro de corpo a ser enterrado dentro da Igreja Matriz ( do antigo povoado) de acordo com o Livro de Enterramento foi de um homem de 30 anos de origem africana, solteiro, escravo de Izidoro Rodrigues Caldas, sem filiação indicada, que faleceu dia 08 de agosto de 1814 onde consta como causa da morte cólera?
• as causas de morte no século XIX recebiam nomes curiosos para a nossa época, como apontam os registros de enterramento: cólera, maligna, lombrigas, encalhe, defluxo, de repente, afogado, matado, parto, esquinência, tiricia, tísica, ar de estupor, hidropezia, ferida podre, feridas bravas, morfea, sarnas? **
• em 1837, período em que já estávamos no novo povoado (Campo Lindo das Araras) recebemos um Visitador Ordinário do Bispado que deu instruções para que se construísse um cemitério e assim se cessassem os enterramentos dentro e no adro da Igreja Matriz?
• passados pouco mais de 20 anos, em 1858, ocorreu uma nova visitação, do próprio Bispo Diocesano de São Paulo, advertindo para a urgente necessidade de finalização do cemitério “já iniciado”, proibindo com isso qualquer celebração, procissão ou festa religiosa antes de seu término?
• possivelmente o nosso primeiro cemitério oficial foi inaugurado em 1859?
• este 1º cemitério oficial ficou conhecido como “Cemitério do Bosque”?
• o “Cemitério do Bosque” ficava no fim da atual rua Barão de Cotegipe onde hoje está a Praça Nossa Senhora Aparecida?
• a rua Barão de Cotegipe era chamada anteriormente de rua do Cemitério?
• Dom Pedro II conheceu o “Cemitério do Bosque” em 1886 quando visitou a cidade?
• o “Cemitério do Bosque” durou apenas 30 anos, de 1859 a 1889? E um outro cemitério foi construído quase ao lado deste?
• o Cemitério Senhor Bom Jesus, à época paroquial, foi inaugurado em 1889?
• os corpos eram velados na casa do morto ou mesmo na igreja, pois não existia velório municipal?
• o cemitério da Saudade foi inaugurado em 1903 na gestão do prefeito Renato Jardim?
• o primeiro corpo a ser enterrado no Cemitério da Saudade de acordo com o Livro de Enterramento foi de uma mulher de 46 anos de origem italiana, casada, de filiação ignorada, que faleceu dia 26 de maio de 1903 onde consta como causa da morte meningite?
• em abril de 1913 apareceu no cemitério Senhor Bom Jesus um caixão mortuário vazio? Com o tempo as autoridades policiais resolveram o caso. Tratava-se de um menor transportado da propriedade agrícola em que residia até o cemitério paroquial e lá chegando seu corpo foi depositado em outro caixão menor e o que foi usado para o traslado foi deixado vazio no cemitério.
• em 1918 durante a gripe espanhola o prefeito da época solicitou a suspensão de romarias aos cemitérios no Dia de Finados para evitar proliferação da doença?
• a capela do cemitério Senhor Bom Jesus foi doada pela benemérita Dona Eufrasina Maria do Carmo provavelmente entre o final dos anos de 1890 e início de 1900?
• a mesma capela do cemitério Senhor Bom Jesus foi reconstruída em 1968 na gestão do prefeito José Freiria?
• era tradição o defunto já deixar em testamento um valor monetário para que se rezasse um bom número de missas em sua intenção e para diversos outros grupos, padres, inimigos e escravos?
• no início da década de 40 o cemitério Senhor Bom Jesus passou a ser administrado pela prefeitura municipal?
• provavelmente foi depois disso que o 1º cemitério municipal (Cemitério da Saudade) e o paroquial (Cemitério Senhor Bom Jesus) passaram a ser chamados popularmente de “Cemitério dos Pobres” e “Cemitério dos Ricos” respectivamente?
• o Cemitério Bom Jesus tem um número acentuado de imagens e esculturas alusivas às diferentes fases da vida de Jesus Cristo?
• a maioria das imagens e esculturas dos túmulos trazem um significado? Por exemplo: a representação de Jesus Cristo abrindo uma porta significaria a passagem da alma do defunto pela porta do céu.

** Cólera – infectocontagiosa, por vezes, pode ser grave, resultando em diarreia aquosa, vômito e câimbras. nas pernas. O paciente rapidamente fica desidratado e pode ter convulsões e entrar em coma, pode levar à morte em questão de horas.
Maligna ou malignas – pode se referir a tifo, tuberculose ou malária.
Defluxo – renite aguda com muito catarro.
Esquinência – amigdalite.
Icterícia – uma coloração amarelada da pele e/ou olhos causada por um aumento na concentração de bilirrubina na corrente sanguínea.
Tizica – tuberculose pulmonar ou qualquer doença consumptiva que provoque emagrecimento acelerado e atrofia muscular.
Ar de estupor – o doente embora consciente, não responde a estímulos externos, físicos e psicológicos.
Hidropezia – acumulação anormal de fluídos parecidos com o soro sanguíneo nas cavidades naturais do corpo ou no tecido celular.
Febre podre – é um tipo de febre provocada por microorganismos e o corpo tende a putrefação.
Feridas bravas – leichemaniose.
Morfea – hanseníase ou lepra.