Começamos com uma notícia dada pela Gazeta de Batataes a exatos 100 anos atrás. Pode parecer recorrente aos nossos ouvidos e bocas: FALTA D’ÁGUA EM BATATAIS por conta de equipamento quebrado. Em 1921 tínhamos duas bombas d’água instaladas na cidade, uma na ‘Cachoeira’ e outra no ‘Córrego dos Peixes’. A bomba quebrada foi a do ‘Córrego dos Peixes’, gerando um abastecimento insuficiente na cidade. A empresa responsável pelo abastecimento de água, força e luz à população era a “Companhia Melhoramentos de Batataes”, tendo como gerente, o sr. Anselmo Tambellini e como proprietário, o sr. Francisco Telles de Menezes. Os redatores questionavam a falta de material para reposição e o perigo de “terríveis moléstias epidêmicas” como consequência da falta de água na cidade.
EDUCAÇÃO
No terreno da Educação, o governo estadual, apoiado pelos municípios e pela maioria dos fazendeiros, promoveu a criação de mais de mil ESCOLAS RURAIS MISTAS, em todo o Estado de São Paulo.
Em Batatais foram criadas escolas em determinadas propriedades rurais. As fazendas eram selecionadas conforme estrutura oferecida, localização e demanda de alunos por região. As escolas foram criadas na Fazenda Santa Fé, Barra (propriedade de Affonso Vieira), Sant’Anna (propriedade de João Nogueira de Carvalho), São José e Boa Vista (propriedades de Manoel Victor Nogueira), Alho, Angola, Morada, Macahubas, São Pedro, Flores e uma no Bairro da Ilha.
POLÍTICA
Em relação à política, a cidade de Ribeirão Preto recebeu a visita do presidente da República, Epitácio Pessoa e sua comitiva no mês de agosto. Para prestar homenagens à figura presidencial, a banda musical de Batatais, BANDA EUTERPE, esteve presente no evento, e para não deixar nossa cidade sem uma visita oficial, aqui estiveram alguns membros da comitiva do presidente Epitácio Pessoa, entre eles, o Ministro da Viação, Dr. Pires do Rio.
NO ESPORTE
Quanto às notícias esportivas, a novidade foi a fundação do OPERÁRIO FUTEBOL CLUBE. Foram poucas as informações obtidas, mas segundo o jornal, o presidente da nova associação foi o capitão Lázaro Garcia da Costa* e o vice-presidente da nova agremiação foi o coronel José Vitor de Oliveira. Sabemos também que o campo do time ficava na Rua do Canto (atual Rua Joaquim Nabuco, no bairro do Castelo).
Também nesta época foi anunciado um desafio esportivo, uma CORRIDA DE BICICLETAS entre Batatais e Brodowski. O proponente da corrida teria sido Euclides Gonçalves, residente em Brodowski.
* O capitão Lázaro Garcia da Costa, fazendeiro e político. Foi casado com Maria Luiza Garcia. O casal foi pai de Carolina Garcia, que em 1934 casou-se com o professor André Ricci Pippa.
** O capitão Lázaro, junto com José Paulino da Costa, com uso de recursos próprios, construíram o coreto da Praça Municipal, no Largo do Jardim ou do Castelo – demolido em 1925 -, atual Praça Dr. Fernando Costa.
NOTAS POLICIAIS
As notas policiais dos meses pesquisados apresentaram um caso de homicídio motivado pelo uso do álcool (foto ao lado), um caso de suicídio, um acidente de automóvel e um estrupo de vulnerável pelo pai contra três filhas.
Em algumas edições da Gazeta de Batataes encontramos textos solicitando uma tomada de atitude por parte do delegado policial local contra “tipos dengosos e pernósticos” que rondam a cidade, principalmente “as pensões da Dr. Rebouças” (atual Av. 9 de Julho). O jornal publicou uma nota sugerindo que era necessário um SANEAMENTO MORAL, como apresentado no título.
NOTAS RELIGIOSAS
Há 100 anos, temos em julho, algumas notas sobre a FESTA DE SÃO VICENTE DE PAULO e sobre a Festa do Padroeiro da paróquia, BOM JESUS DA CANA VERDE, em agosto. Em setembro, a festa foi a de SÃO BENEDITO.
Pelo noticiado, a comunidade católica da cidade resolveu reconstruir duas capelas existentes na cidade, as conhecidas CAPELA SANTA CRUZ e a CAPELA SANTO ANTÔNIO.
No dia 24 de julho de 1921, a pedra fundamental pela reconstrução da Capela de Santo Antônio foi lançada oficialmente.
Também tivemos no dia 28 de agosto do mesmo ano lançada oficialmente a pedra fundamental de reconstrução da CAPELA SANTA CRUZ pelo Padre Joaquim Alves Ferreira. De acordo com a nota, o ato foi apadrinhado pelos casais: capitão Francisco Moreira (juiz de paz da cidade) e esposa, e pelo capitão Jose Paulino Nazário (agente postal da cidade) e sua esposa Helena Nobre. A Capela da Santa Cruz foi finalizada no início dos anos 30.
UM POUCO SOBRE A CAPELA SANTO ANTONIO
No breve levantamento histórico realizado sobre o local, temos que a primeira capelinha de Santo Antônio instalada no alto do Potreiro, como aquela região era chamada, começou a ser erguida no ano de 1906 em terreno doado pela municipalidade à então Associação de Santo Antônio de Pádua, representada por Ovídio Tristão de Lima.
Foi responsável pelo projeto e sua construção, o empreiteiro italiano, residente em Batatais, Guilherme Rosada. Em 1906, os desenhos da ‘futura’ capela foram apresentados à Câmara Municipal de Batatais (CMB) e atualmente estão no seu Acervo Histórico.
A ‘carta de data’ foi passada em 1910 quando o templo religioso já estava construído.
Em 1921, sua reconstrução foi noticiada de forma cerimoniosa.
Abaixo trazemos a fotografia da parte frontal da capela em 2014. O espaço depois disso sofreu outras ampliações e reformas. No último dia 14 de setembro de 2021, Dia da Cruz, foi oficializado o novo cruzeiro da igreja.
No decorrer do tempo, a capelinha, mantenhe-se linda, firme e singela.
UM POUCO SOBRE AS ORIGENS DA CAPELA SANTA CRUZ
Nos relatos dos memorialistas e pesquisadores locais, encontramos que a ‘capelinha’ de Santa Cruz data de 1868. De acordo com a tradição oral, a capela surgiu no local onde eram enforcados os condenados à morte em Batatais nos tempos remotos, daí seu primeiro nome ‘Santa Cruz’ dos enforcados.
O professor José Henrique Barbieri pontua que a primeira capelinha era feita de tábuas de madeira e no local também havia uma espécie de coreto para apresentação de bandas nos festejos de Santa Cruz.
Na década de 20, alguns fiéis resolveram reconstruir a capela do Castelo. Organizaram-se em comissão para melhorar o empreendimento. Também de acordo com o professor José Henrique Barbieri, a primeira comissão foi composta pelos cidadãos: Rômulo Venturoso, Astolpho José de Faria, Pedro Bianco e Pedro Moschiar (todos moradores ou com atividades comerciais no entorno da Capela). O responsável inicial pela obra foi Domingos Moschiar.
No início dos anos 30, as obras da Capela não tinham sido finalizadas e para tal outra comissão foi estruturada – Francisco Nunes, Luiz Pires da Cruz, prof. José Marques, Zeferino Girardi e Alcebíades Borges), comissão esta que conseguiu finalizar a obra. Toda a sua reconstrução durou mais de uma década por conta das paralisações.
Na década de 80, a Santa Cruz passou por outra reforma e ampliação. Desde 1991 é a sede da Paróquia do Imaculado Coração de Maria e possui um dos maiores grupos de fiéis católicos da cidade.