Olá! Vamos dar início ao ‘novo’ ano, falando das coisas de antigamente que foram mudando, às vezes lentamente ao longo do tempo. Ler alguns fatos e posicionamentos do passado pelas lentes de um determinado jornal é uma boa forma de visitar o passado; ao mesmo tempo possibilita expandir nossas perguntas para o presente e divagações frente ao futuro.
O jornal Gazeta de Batataes começou 1921 comemorando 13 anos de circulação sem interrupção. Um feito enorme para os nossos dias, quiçá num passado remoto, mesmo que com pouca paginação. Lembrete: o papel não era produzido no Brasil. A primeira edição do ano da Gazeta de Batataes circulou no dia 1º de janeiro de 1921.
Como destaque na página inicial temos a notícia intitulada JÁ ERA TEMPO… com uma informação de interesse nacional: a confirmação do traslado de Portugal para o Brasil dos despojos mortais do ex-imperador do Brasil, Dom Pedro II e a ex-imperatriz Tereza Cristina Maria com a revogação de lei que proibia a permanência de membros da família imperial em solo nacional. Assim, foram proibidos de serem enterrados em terras brasileiras por conta da lei de banimento de 1889 com o fim do regime monárquico. Em outra edição, o jornal notificou que no dia 08 de janeiro ocorreu a chegada das urnas funerárias com os despojos mortais. Após 32 anos do exílio do casal esse traslado serviria para a comemoração do centenário do nascimento de Dom Pedro II. Os restos mortais do casal ficaram depositados na Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro até 1925. Nesse mesmo ano, foram levados para a Catedral de São Pedro de Alcântara, na cidade de Petrópolis. Desde 1939 estão enterrados junto com outros membros da família imperial no Mausoléu Imperial.
Outra notícia de repercussão nacional foi a vitória do aviador brasileiro Edu Chaves (primeiro piloto brasileiro a voar no país, criador da ponte aérea São Paulo/Rio de Janeiro e fundador da primeira escola de aviação do Brasil) na disputa de chegada do Rio de Janeiro a Buenos Aires. Em Batatais, a vitória do aviador foi comemorada com um concerto da banda Euterpe Batataense no Jardim Público.
Na primeira sessão da Câmara Municipal local do ano, procedeu-se a eleição da mesa e do prefeito e vice-prefeito, o resultado foi o seguinte: presidente da Câmara, Dr. Frederico Marques; vice-presidente, Guilherme Tambellini; prefeito, Manoel Victor Nogueira e vice-prefeito, José Ordine.
Na década de 20, o movimento educacional defendia o combate ao analfabetismo e uma de suas estratégias foi a abertura pelo governo estadual de escolas rurais voltadas para a alfabetização. O governo discursava que seu combate também era dever dos proprietários de terras, pois “é cumprir um verdadeiro acto de patriotismo”. Resta saber se a maioria das crianças moradoras na zona rural foi incentivada a frequentar a escola. O assunto foi matéria em várias edições do mês com o título de ESCOLAS RURAIS. As matérias apresentaram a proposição e intenção de abertura de escolas primárias nas sedes das fazendas do município. Uma lista com as intenções e necessidade foi publicada com o nome dessas fazendas e seus proprietários e a divisão das escolas por gênero sexual.
Algumas fazendas listadas na Gazeta: na fazenda Boa Esperança, de propriedade do capitão José Paulino da Costa, 1 escola mista; Fazenda Cabeceira da Mata, do coronel Manoel Caetano Villas Boas Primo, 1 escola mista; Fazenda Barra, de Affonso Vieira, 2 escolas – feminina e masculina; Fazenda Sant’anna, de João Nogueira de Carvalho, 1 escola mista, Fazenda Cachoeira, de José Martins de Barros, 1 escola mista; Fazenda Aurora, de José Léllis Corrêa, 1 escola mista; Fazenda Batataes, de João Cândido Alves Filho, 1 escola mista; Fazenda Ressaca, de Osório Justino de Sousa, 1 escola mista; nas Fazendas São José e Boa Vista, de Manoel Victor Nogueira de, 2 escolas mistas; Fazenda Capoeira Grande, dos Irmãos Zapparoli, 1 escola mista e assim segue com mais umas 30 fazendas.
Uma das ações mais requeridas das pessoas é que sejam gentis com os outros e é claro, consigo mesmas: gentil em ação. Sua ação, ficou imortalizada na máxima: Gentileza gera gentileza. Pois bem: lendo o jornal a Gazeta de Batataes encontramos a mesma dica a 100 anos atrás. Conforme o periódico, a Companhia Beneventi em temporada pela cidade não tinha a gentileza de ofertar bilhetes à imprensa para as suas apresentações. O que anunciava em seus cartazes. Os redatores do jornal não gostaram da atitude e retrucaram com uma nota, que dizia ao final: “Gentileza para gentileza; demais, se não formos compreendidos, tudo será isto mesmo.”
O que continuava a alegrar os finais de semana eram os jogos do Batatais Futebol Clube e Riachuelo Futebol Clube contra times locais como o El Tigre e times da região, como o Pedregulho Futebol Clube e Operário Futebol Clube de Ribeirão Preto.
O mártir São Sebastião, foi o santo homenageado no mês de janeiro, com direito a quermesse, procissão e missas.
A construção de um anexo ao edifício central do Colégio São José foi finalizada e destinada ao ensino Ciências Naturais: Física, Química e História Natural.
Para quem gosta de dados demoráficos, em janeiro, algumas instituições publicaram seus movimentos do ano anterior, como o cartório de registro civil, o cemitério municipal, o matadouro municipal, a Conferência de São Vicente de Paulo e a Santa Casa.
O casal, Francisco Bento Alves e Maria José da Silva, que foi notícia em outubro de 1920 pelo abandono de duas crianças no lugar chamado Córrego Engenho da Serra, foi julgado e sentenciado a 1 ano e 9 meses de prisão celular.