O jornal Gazeta de Batataes em fevereiro trouxe poucas informações sobre o cotidiano da cidade. Os nossos leitores encontrarão notas sociais, crônica sobre a importância de atos caridosos, a importância da ‘luta’ contra o analfabetismo, a chamada para participação na Linha de Tiro local, o sorteio do Alistamento Militar, a defesa da abertura de estradas de rodagem, a apresentação de impostos diversos, informações sobre os jogos de futebol e carnaval.
Chegamos ao mês do carnaval e como indica o redator da Gazeta de Batataes, com “homenagens a Momo, o irresistível deus da folia e da pandega. Enfrentemos na dança e deixemos a crise de parte”. Que vontade de soltar o corpo e cair na folia como sugere o texto de um século atrás! Porém, é ato de prudência: em 2021 AINDA não! … Na Gazeta, os redatores fazem uma breve descrição sobre o carnaval nos clubes como a ‘Italiana’ e o realizado no Teatro São Carlos e sobre os corsos pelas principais ruas da cidade, mesmo que com menos envolvimento das pessoas, por conta da crise econômica mundial pós 1ª guerra. Terminam o relato sobre o parco carnaval do ano, mandando um recado aos foliões descontentes: “Paciência; e quem não a tiver, paciência.”
Fevereiro de 1921 foi mês de mudança do responsável pela Delegacia de Polícia local, com a remoção do delegado Dr. Ernesto Jordão Magalhães para a cidade de Tietê. O novo delegado de Batatais passou a ser o Dr. Joaquim Augusto de Salles Júnior.
O tema aviação estava em ‘alta’! Depois do feito de Edu Chaves (que tratamos na edição anterior), uma circular foi enviada aos municípios notificando que a cidade que fizesse um campo de aterrissagem contaria com a presença do ilustre aviador. Conforme nota do jornal, o prefeito local, teria respondido, solicitando a presença do brasileiro para inaugurar o recém construído campo na cidade.
Os meios de transporte também foram motivo de nota nas edições daquele mês. Com o título de ESTRADAS DE RODAGEM foi indicada a plataforma da Associação Permanente de Estradas de Rodagem/ APER – apoiada por Washington Luís (1869-1957) –, chamando a população a se tornar sócia e contribuir anualmente para o desenvolvimento do progresso do estado de São Paulo com a abertura de estradas de rodagem.
Uma anedota foi publicada no semanário local sobre um acontecido entre Cond’eu (1842-1922) e um fazendeiro ocorrido na cidade de Casa Branca (SP). Pelo que pesquisamos se trata de uma anedota que corre desde a visita de Dom Pedro II e seu genro à cidade lá pelos idos de 1886.
Os salários dos 513 deputados federais brasileiros estão entre os mais bem pagos do mundo contemporâneo, conforme dados do site Politize e outros locais pesquisados. Este exorbitante salário, ainda mais se comparado ao salário mínimo do trabalhador, deve estar relacionado ao ‘excelente’ empenho do nosso legislativo em prol da população que representa! A média salarial de um deputado é de 35 salários mínimos! Essa prática (dos altos salários!) pelo jeito não é coisa atual. Uma das edições do mês de fevereiro 1921 reproduz um quadro com os valores recebidos por legisladores de vários países da Europa e América. À época, o Brasil era o que melhor remunerava seus parlamentares.
Outro dado que o jornal trouxe com o título BRASIL: TERRA DE NABABOS era o da elevação da importação de bebidas alcoólicas e tecidos de seda oriental pelo Brasil. Desperta no leitor uma questão: quais eram os grupos sociais que realmente sentiram os efeitos da crise econômica brasileira? Apesar da crise econômica, a elite brasileira, milionária, parece não ter sido afetada por nenhuma carestia da época. Conforme informado, houve um aumento significativo na importação de bebidas em relação aos anos anteriores. Como exemplo, indicaram a importação de quase 300.000 garrafas de champagne, “em quantidade, a importação do espumante vinho das ‘cocottes’ (são aqui as maiores consumidoras) elevou-se ao quadruplo.”
Mais uma vez a mulher é alvo de críticas em relação as suas vestimentas e comportamento. A nota tem o título ATÉ NA CHINA critica a exposição dos tornozelos e braços femininos!
UM GRANDE ARTISTA CHAMADO JERONYMO
Seu nome completo é Jeronymo Garcia Martins e este virginiano, nascido no dia 02 de setembro de 1934, sempre faz questão de assim assinar seus trabalhos artísticos em madeira, trazendo as raízes da família em sua arte.
Filho de Benedita Garcia Martins e Fulgêncio Fernandes Martins, o Sr. Jeronymo nasceu na Fazenda Bela Vista de propriedade de seu avô, o Capitão Firmino Fernandes Martins e Mariana Carolina da Silva, em Batatais.
Único menino do casal, Jeronymo teve duas irmãs: Neusa Rita Martins e Geny Aparecida Martins; e seus avós maternos eram José Mendes Garcia e Maria José Mendes Garcia.
Vivendo desde criança no Sítio Retirinho das Posses (em Altinópolis), aos 10 anos de idade já gostava de esculpir periquitos com pedaços de taboa que encontrava pelo caminho e brincando no sítio aprendeu sozinho a arte de esculpir em madeira.
Mas foi somente aos 32 anos que Jeronymo escolheu uma taboa e fez o primeiro entalho de um quadrinho para presentear sua mãe, em 11 de maio de 1967.
Durante alguns anos, o Sr. Jeronymo residiu na cidade de Ribeirão Preto e lá trabalhou na Visconde Decorações, de propriedade do Sr. Osvaldo, na Avenida Caramuru, onde teve a oportunidade de realizar o segundo entalhe de uma das portas de madeira da Catedral Metropolitana de São Sebastião.
Perguntado sobre que tipo de entalhe mais gosta de fazer, o Sr. Jeronymo assume sua preferência por todos, ou seja: carro de boi, Nossa Senhora, Jesus Cristo, Santa Ceia passarinhos, caixinhas, baús, figuras humanas, presépio e até entalhes em portas.
Por falar em presépio, em sua residência tivemos a grata satisfação de conhecer o presépio que realizou a partir do incentivo do então professor Venâncio, em 17 de dezembro de 1979, para participar de um concurso, o qual não terminou a tempo.
Amante da música sertaneja, o Sr. Jeronymo não perde a oportunidade de presentear os artistas com esculturas em miniaturas dos mesmos, como no caso das violeiras “Dani e Gaby” e da dupla “Sulino e Marrueiro”.
Recentemente, a cantora “Gaby Violeira”, ao encontrar algumas fotos dos trabalhos do artista Jeronymo nas redes sociais, fez questão de vir visitá-lo e agradecer pela violinha com a Nossa Senhora que a cantora leva consigo.
Para quem ficou curioso em conhecer um pouco mais da magnífica arte do Sr. Jerônimo é só procurar por uma bela porta entalhada na Avenida General Osório, onde ele reside e realiza sua arte na vitalidade de seus 86 anos. Maiores informações pelo telefone 3761 4462.