Nesse mês, há 100 anos, foram colocados no salão nobre da Santa Casa de Misericórdia de Batatais, chamada à época de “Santa Casa e Asylo São Vicente de Paulo”, alguns quadros-retratos dos sócios beneméritos da instituição, como o do batataense e advogado, então chefe do governo do estado de São Paulo, Dr. Altino Arantes, e do médico e diretor clínico da Santa Casa à época, Dr. José Luiz de Mesquita.
O jornal noticiou que o Papa Benedito XV pretendia formar um partido católico para combater o crescimento dos adeptos do bolchevismo, que de acordo com o texto representava “um perigo social”, o que ocorreu ainda em 1919, com a formação do Partido Popular Italiano em oposição direta ao Partido Socialista Italiano, tornando-se o segundo maior partido na Itália. Mais tarde porém, o Partido Popular Italiano foi declarado ilegal no governo de Mussolini em 1925.
De acordo com o jornal “A Gazeta de Batataes”, as festas religiosas do mês de dezembro foram concorridas e dedicadas a Santa Luzia, a Nossa Senhora da Conceição ou Imaculada Conceição, considerada 2ª padroeira da paróquia da Igreja Matriz e patrona das Filhas de Maria.
Recebeu destaque com direito a clichê (fotografia) no jornal, o bacharelado do batataense, Dr. Dolor Ferreira de Andrade em Ciências Jurídicas e Sociais. Também foi destaque a graduação de Marcílio Gomes, como engenheiro pela Politécnica de São Paulo. Marcílio Gomes era filho do então vereador e agricultor, Coronel Cláudio José Gomes.
Foi realizado um sarau na residência do Capitão Fernando Leite Machado, proprietário da Farmácia Caetano, que recebeu um ilustre violista amazonense conhecido nacionalmente, o Conde Sabbatini e sua orquestra.
Batatais recebeu no mês de dezembro de 1919 o Circo Floriano, dirigido pelo renomado artista, fisioculturista e campeão de luta greco-romana José Floriano Peixoto ou Zeca Floriano, como era mais conhecido o caçula dos filhos homens do ex-presidente da República do Brasil, Marechal Floriano Peixoto.
Foi feita uma doação considerável em dinheiro feita pela benemérita Dona Bazilia Hortência da Rosa, viúva do Coronel Joaquim Ferreira da Rosa Júnior, à Conferência São Vicente de Paulo de nossa cidade.
Dona Bazilia também foi enfermeira voluntária durante a epidemia de gripe espanhola em nossa cidade.
Em 1919 a família imperial luso brasileira sofria com o decreto ainda em vigor que os baniu do Brasil após a Proclamação da República, tendo sido negado por unanimidade um ‘habeas-corpus’ a favor dos mesmos pelo Supremo Tribunal Federal. Até esta época vários decretos circularam pela Assembleia Nacional favoráveis a retirada do banimento e mesmo a volta da família para o Brasil, incluindo os despojos de Dom Pedro II e Dona Theresa Cristina.
Em se tratando de esportes, foram destacados os jogos de futebol disputados entre o Batatais Futebol Clube, o Riachuelo Futebol Clube e a uma associação que havia sido criada naquele mês, o Castelo Futebol Clube.
O assunto da parasitose ‘amarelão’ ainda é recorrente nas edições do jornal e no mês de dezembro outro tema ligado à saúde dos animais e dos homens começou a ser tratado: a febre aftosa.
A febre aftosa é uma doença contagiosa animal, de difícil controle, virótica, de fácil e rápida contaminação que causa grande sofrimento aos animais de cascos fendidos, os mais suscetíveis são os bovinos, ovinos, suínos e caprinos, porém outros animais também de cascos fendidos como ilhamas, alpacas, capivaras e elefantes também podem adquirir e contaminar. Além disso, pode causar enormes prejuízos comerciais aos produtores.
Uma das grandes dificuldades à época era convencer os pais sobre a importância do registro civil de nascimento logo que a criança nascesse. Entre os motivos pelos quais as famílias demoravam para registrar seus filhos estão: a maioria da população morava na zona rural, portanto, a distância até a cidade os impedia de fazer o registro no prazo adequado; aos pais, trabalhadores rurais, só era permitido ir à cidade praticamente na entre safra e os cartórios não abriam aos finais de semana; havia uma de taxa para os registros recentes, além de multa para os tardios.
Ainda assim, o governo federal, a fim de regularizar a baixa taxa de registros civis de nascimentos no Brasil, promovia campanhas para sua ampliação e regularização, com a gratuidade no prazo certo e a isenção de multa aos pais que faziam o registro fora do prazo permitido, por meio da Lei 2887 de 25/01/1914, prorrogada pela Lei 3024 de 17/11/1915. O período permitido para registro variava de 3 a 60 dias, dependendo do local e distância do cartório à residência dos pais da criança.
A obrigatoriedade do serviço militar no Brasil teve seu tempo diminuído para 15 meses ( não conseguimos saber . Porém, o alistado era passível de desincorporação antes desse tempo, se fosse considerado apto e competente pelas autoridades.
Há 100 anos, a nossa primeira Estação Mogiana (demolida no final da década de 30, em função da construção da que conhecemos atualmente) foi alvo de críticas por seus usuários, que reclamaram da falta de banheiros públicos no local.
Como estamos a tratar do último mês do ano de 1919 e início do ‘ano novo’ reproduzimos uma superstição da época para este período encontrada nos jornais. A maioria das pessoas acreditava que se o ano novo começasse numa quinta-feira ou num sábado o ano próximo seria de fartura, bonança e felicidade! É o que veio acontecer em 1920, começou numa quinta-feira! Resta saber se a crença se efetivou! Oxalá!