Na segunda-feira, feriado de 15 de novembro, uma mulher de 31 anos foi encontrada morta em sua casa no Jardim Santa Luiza, Vila Lopes. Trata-se de Givanilda Patrícia Silva, que era conhecida como Gil, que foi encontrada caída no quarto dos fundos de sua casa na Avenida Todos os Santos.
De acordo com informações que estão sendo apuradas, ela tinha problemas de relacionamento com seu ex-companheiro que não aceitava o término do relacionamento e já havia feito ameaças de morte em várias ocasiões, inclusive no dia do crime, quando ela estava com amigos no Parque Náutico Engenheiro Carlos Zamboni, a Cachoeira.
O corpo foi encontrado por familiares e vizinhos com cortes na região do pescoço principalmente. A Polícia Militar e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU foram acionados e constataram o óbito assim que chegaram na noite de segunda-feira. A perícia também esteve presente e informou que haviam três perfurações provocadas por golpes de faca na vítima. Até o fechamento desta edição ninguém havia sido preso, ressaltando que a constatação de que se de fato a ocorrência está relacionada a violência doméstica virá com a investigação da Polícia Civil, em que pese os indícios apontem para esta possibilidade.
Vereadora Cláudia Lança, que encabeça campanha contra violência doméstica, lamenta o ocorrido
Em contato com a Vereadora Claudia Lança, que foi capitã da Polícia Militar, e vem encabeçando a campanha contra a violência doméstica em Batatais, ela disse que o país precisaria enfrentar o tema de uma forma bem mais ampla e séria, com o enrijecimento e efetiva aplicação das leis de proteção à mulher. “É lamentável. Não sei detalhes sobre esta ocorrência, se havia boletim de ameaça realizado, se a vítima possuía medida protetiva, mas de qualquer forma é fundamental que toda mulher vítima de violência se cerque de todas as ferramentas existentes, elaboração do boletim de ocorrência e solicitação de medida protetiva, entre outras. Sabemos também que, infelizmente, por vezes, mesmo tomando todas as medidas preventivas, o agressor que está obcecado neste intento, ainda consegue tirar a vida desta mulher. É importante que a mulher denuncie e se cerque de todas as providências cabíveis previstas na Lei Maria da Penha”, afirmou.
Os números de feminicídios em Batatais e a ação da Polícia
De acordo com dados da Polícia Militar, em 2017 foi registrado em Batatais um caso de feminicídio; o mesmo ocorreu em 2018. Já em 2019 o número subiu para 3. Não ocorreram crimes desta natureza em 2020 e neste ano, somando o que ocorreu nesta semana, são dois registros. “Dos sete homicídios com vítima mulher que tivemos nos últimos cinco anos, quatro deles se deram no interior das residências e estavam relacionados à violência doméstica entre casal. Um destes feminicídios foi o que o filho esquizofrênico matou a própria mãe, alegando, segundo consta no boletim de ocorrência, ter ouvido vozes que o disseram para praticar o crime e ainda os outros dois foram: o de uma mulher no bosque municipal e outro em uma escola também ali nas imediações”, lembrou o Tenente Lucas Sançana, da Polícia Militar, ressaltando que desta análise é possível concluir que alguns casos fogem à normalidade e estão atrelados a uma série de outros fatores, como combate ao tráfico e uso de entorpecentes, revitalização e ocupação dos espaços públicos e etc., porém, a grande maioria destes crimes são passionais e, pelo já mostrado, ocorrem principalmente no interior das residências com a utilização de armas brancas (em todos eles foram utilizadas facas), que são objetos presentes em todas as casas e de difícil combate por parte das forças policiais. “Uma forma de combatermos essa modalidade criminosa é fortalecendo políticas de encorajamento às mulheres para que denunciem abusos sofridos e reivindiquem judicialmente medidas protetivas
que afastem de seu convívio qualquer indivíduo que possa lhe estar causando algum sofrimento físico, psíquico ou de qualquer espécie, visto que, infelizmente, se não forem combatidas todas as formas de agressão desde o início, podem vir a gerar os trágicos desfechos que acompanhamos. Havendo a determinação judicial para afastamento do lar (dentre outras medidas possíveis), a Polícia Militar fiscaliza seu cumprimento e a desobediência a esta ordem é uma infração penal que dá azo à atuação policial e fortalece o combate a todo tipo de violência contra a mulher. Junto ao município, os militares vem realizando a fiscalização de medidas protetivas relacionadas à Lei Maria da Penha, inclusive com o emprego de uma patrulha (denominada pela mesma alcunha como é conhecida a lei), que dentre as outras missões referente ao policiamento, recebe a incumbência de realizar contatos com as partes envolvidas nestas ocorrências, garantindo a ciência e fiel cumprimento do que foi judicialmente determinado. Essa é uma das formas encontradas para garantir mais segurança àquelas que buscam justiça e levam ao conhecimento do Estado os abusos sofridos”, informou o Tenente Lucas.