Em Brasília, nos órgãos de imprensa, na OAB, entre os militares, na Fiesp, no meio jurídico, entre lideranças empresariais ou religiosas, dentre outros setores representativos de nossa sociedade, existe uma certeza e uma dúvida com relação à situação do ex-presidente perante à justiça. A certeza é de que ele será preso, a dúvida é quando isso ocorrerá.
Incriminado até os dentes por provas materiais colhidas junto aos seus assessores diretos, filhos, gravações, documentos, depoimentos de chefes militares do seu governo, e provas encontradas na sala de seu próprio escritório em Brasília, Bolsonaro já procura uma forma de conseguir algum tipo de anistia. Na manifestação na Avenida Paulista no mês passado, admitiu que tinha conhecimento da minuta do golpe, em mais um tiro no pé que seus aliados tentaram explicar na semana seguinte.
Bolsonaro é hoje investigado em mais de 20 inquéritos, e cinco já se encontram no Supremo Tribunal Federal (STF). São eles tentativa de golpe de Estado, venda de joias de propriedade do Estado, inquérito das milícias digitais, interferência na Polícia Federal e fraude no cartão de vacina. Neste último, ele acaba de ser indiciado pela Polícia Federal nessa semana, por fraude em cartões de vacinação e associação criminosa, cabendo agora à PGR se apresenta ou não a denúncia que permitirá torná-lo réu.
Existe uma opinião comum entre políticos, juristas e especialistas do meio policial: Bolsonaro somente terá prisão decretada com antecedência (preventiva ou temporária) se o conjunto probatório contra sua pessoa estiver sólido, claro, e com várias fontes de comprovação, seja material, seja testemunhal.
A cada operação deflagrada, as provas surgem aos montes em notebooks, celulares, pen-drives, mensagens de Whatsapp ou armazenadas “na nuvem”, documentos físicos e depoimentos consistentes de auxiliares muito próximos do presidente, como o Tenente Mauro Cid, o ex-ministro Andersom Torres, o General Freire Gomes e o Brigadeiro Carlos Baptista Junior. Estes militares afirmaram em depoimento à PF, que Bolsonaro lhes apresentou, logo após o segundo turno da eleição de 2022, um documento que propunha a intervenção do governo no TSE e STF, seguindo-se á instauração de Estado de Sítio no país, sem absolutamente nenhuma justificativa para tal ação.
Para aumentar a preocupação de Bolsonaro, deve-se lembrar que muito material ainda deve surgir, oriundo de conteúdos de celulares e computadores apreendidos dos ex-ministros Braga Netto (Casa Civil), Augusto Heleno (GSI), Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), o ajudante-de-ordem tenente-coronel Osmar Crivelatti, e o advogado do presidente, Frederick Wassef. Sem falar em Carlos Bolsonaro, o filho 03, que também foi alvo de busca apreensão.
A preocupação maior de Bolsonaro nesse momento é deixar longe do foco das investigações os seus filhos e sua esposa, embora ele tenha conhecimento que as provas também os incriminam, provavelmente em potencial diferenciado, mas não menos grave.
Mas a verdade é que Bolsonaro e seus aliados próximos tinham a expectativa de que não seriam alcançados pelas investigações da Polícia Federal, e que tudo estava muito bem encoberto. Ledo engano. E para ilustrar o grau de “profissionalismo” dos bolsonaristas envolvidos, fica a imagem da foto, que já se tornou folclórica, do reflexo do rosto do pai do Tenente Mauro Cid na caixa de joias que seria vendida ilegalmente no exterior à pedido de Bolsonaro. Santa mancada Batman!