Nossa inflação já ganhou níveis olímpicos nesse ano, por uma série de motivos, sendo os mais óbvios aqueles relacionados com a alta de preços de itens fundamentais no dia a dia do brasileiro, como alimentação, energia elétrica, vestuário, saúde, serviços, aluguel, transporte, e outros. O preço do combustível incide sobre todos esses itens citados, e a disparada do preço da gasolina neste ano chama a atenção para dias de turbulência em nossa economia até o ano que vem.
Para fazermos um comparativo, se um consumidor quiser gastar hoje todo o valor de um salário mínimo (1.100 reais) em gasolina, poderá comprar cerca de 183 litros do combustível. Há 10 anos, se alguém fizesse a mesma coisa (540 reais de salário mínimo), a quantidade seria de 202 litros – ou seja, de lá pra cá, houve uma queda de quase 10% do poder de compra do salário mínimo frente à gasolina.
Esse levantamento considera o preço médio de 6 reais do combustível no país nessa semana, apurado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), que analisa o valor do litro do combustível em diversos postos pelo país, portanto, esse valor pode variar de acordo com a região do consumidor, e em alguns estados, hoje passa dos 7 reais.
O maior poder de compra do salário mínimo frente à gasolina foi em 2017, quando o salário era de 937 reais e a gasolina custava, em média no final daquele ano, R$ 3,68 o litro, o que resultaria em 254 litros comprados. No ano passado por sua vez, comprava-se 234 litros, conforme fica claro na tabela abaixo.
Do início do ano até essa semana, a gasolina já subiu, em média no país, 27,5%, um avanço bem maior que o da inflação oficial no país, acumulada até agosto/2021 em 5,81%, segundo o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística. A alta dos preços dos combustíveis acontece lastreada à disparada do petróleo e do dólar, com a moeda norte-americana se sustentando no patamar de R$ 5,30, principalmente em função da crise política e institucional, gerada pela insegurança no ambiente político e econômico, que impacta diretamente os indicadores financeiros e, consequentemente, a vida das pessoas.
E as expectativas não são animadoras. Lembramos aqui que teremos eleições gerais no ano que vem, e o cenário que se desenha é na direção de uma batalha de extremos, que convenhamos, não fornece segurança para dólar nenhum permanecer estável, mantendo a pressão sobre o preço dos combustíveis em nosso país.
Sem sombra de dúvida, com o preço dos combustíveis à caminho da estratosfera, as próximas motociatas do presidente correm o risco de serem realizadas com motos elétricas. Ou bicicletas…