Na vida, tudo é relativo. Existem inter-relações entre fatos, pessoas, realidades, natureza, cosmos etc. O ideal seria que tudo ao ser analisado, fosse visto sob diversos aspectos, a partir de diferentes ângulos. Conhecer e analisar uma realidade, a partir de um dos lados, faz com que tenhamos uma visão prejudicada ou parcial da realidade.
Felicidade e sofrimento são relativos também pelo fato de que dependem da expectativa de cada um em uma mesma época ou para uma mesma pessoa, em diferentes fases de sua vida.
Em tempos de Internet, é possível saber que pessoas que vivem com poucos recursos materiais e financeiros vivem felizes e outros com situação material satisfatória ou super satisfatória, buscam incessantemente a felicidade, sem encontrá-la, em vários casos.
O alcance de nossos desejos é muito impactado pelo nível de nossas expectativas. Ao desejarmos ter bons filhos, é bastante diferente de idealizarmos o melhor filho que existe. Assim acontece, com o casamento, com nossos outros relacionamentos de amizade ou mesmo amorosos. Isso aplica-se à sonhada casa – não carece ser a mais linda, uma boa casa não basta? O mesmo com carros, etc etc etc.
Pessoas com expectativas plausíveis são mais satisfeitas. Sofrem menos. Certa vez, ouvi de um médico e amigo: “Não será tempo de achar e colher, ao invés de continuamente buscar e procurar”?
Temos em nossas casas mais móveis e utensílios do que certamente precisamos, mais roupas, mais aparelhos e equipamentos , tanto que, a ideologia minimalista ganha destaque mundial.
É preciso que realizemos um exercício que muitos terapeutas recomendam: faça de conta que você foi acometido por uma doença letal e lhe resta uma semana de vida. Teria vivido como viveu, priorizado o que priorizou, lutado pelo que lutou? Eu sou aberta a experiências e reflexões, assim, em um desses momentos percebi que na maioria das vezes corremos mais do que o necessário, juntamos dinheiro mais do que o necessário, vivemos menos do que o necessário e curtimos menos nossa família, nossos amores, a casa que construímos , as roupas que enchem nossos armários. Apesar de gostar muito de sapatos, opto por conhecer lugares novos. Degusto os meus dias, comidas, cheiros e sensações.
Cada ano novo traz a possibilidade e a cultura da reflexão, da análise e elaboração de novos projetos. Desta feita, que tal: avaliar suas expectativas? Pense se estão apropriadas e adequadas à realidade em que vivemos. Além de pensar em expectativas, pense no nível de exigência que possui, isso também é fator gerador de sofrimento. Vivemos em uma época de padrão rígido de beleza, mas há também um padrão relativizado de beleza. Escolha qual seguir, qual parâmetro adotar para a sua vida.
Ao encararmos o espelho, ao nos encararmos, temos como perceber que não somos mais a pessoa de dois, cinco ou dez anos atrás. Isso é tanto natural, quão é bom. Tudo na vida tem o ônus e o bônus. Ter amadurecido, ter me aceitado e me amado mais, ter descomplicado minha vida, ter trabalhado por décadas a fio trouxe- me pontos muito positivos e bacanas. Os anos, trouxeram-me, como faz com todos, quilos a mais, marcas de expressão a mais. Isso faz parte, mas não há problema, na minha expectativa existe o conhecimento e aprendizado de tudo isso. Assim, já há mais alegria, há mais felicidade do que tristeza, sofrimento e incômodo.
Respeito todas as posições diferentes, quem quiser pensar e agir de forma díspare que o faça. Como diz Mario Sergio Cortella, parafraseando Benjamin Disraeli “A vida é muito curta para ser pequena.”
Que 2020 seja um ano marcante em sua vida, com paz, saúde, alegrias e momentos felizes.
Pense nisso!