Parece ser consenso na comunidade científica que estamos no Antropoceno, Era da Humanidade, esse indicador de uma era geológica se caracteriza pelas mudanças que os seres humanos causaram no planeta, são muitas e nem iremos falar delas, mas uma particularmente merece a nossa atenção e ela tem pouco mais de 80 anos; o nosso amor pelo plástico.
Essa com certeza é uma marca do Antropoceno e talvez será lembrada como a Era do Plástico, se antes nas eras primitivas como a Idade da Pedra e a Idade do Ferro deixaram suas marcas pelas ferramentas primitivas, nosso vestígio, nosso registro fóssil será sem dúvida o plástico, de tanto que usamos, por ele seremos lembrados.
A busca crescente pelo plástico está relacionado ao seu baixo custo, alta durabilidade e resistência a produtos químicos, radiação e pressão, porém uma grande quantidade não é reciclado e nem reutilizado e são lançado no meio ambiente causando uma série de danos e o pior do plástico é aquele que não vemos, mas ele está lá, refiro-me ao microplástico, partículas de 1mm a 5 mm (nanoplásticos são ainda menores) que circulam por todos os sistemas ao redor da Terra e estacionam em qualquer lugar, são milhares de toneladas, talvez milhões lançadas diariamente na natureza afetando o solo, a fauna, a flora, “chovemos milhões de toneladas de plástico nos oceanos”, existem até ilhas inteiras de plástico.
Tais microplásticos encontram-se nas fibras têxteis sintéticas como o poliéster, nos cosméticos, produtos de higiene, tintas, produtos industriais, transporte marítimo, poluição de veículos, pneus, freios, resíduos de escapamentos e muito mais que se dispersam pelo ar e captam poluentes altamente nocivos como por exemplo pesticidas ou entram na cadeia alimentar e ao serem ingeridos vão se fixando na gordura, no sangue de todos os seres, já foi revelado até em placenta de gestantes atuando como interface com a ambiente externo, nas mamadeiras bebês consomem milhares de partículas.
Tanto nos corpos de água doce ou salgada encontram-se em abundância comprometendo todo o bioma, do plâncton até a baleia lá está o microplástico e com ele nossa indelével marca do Antropoceno. O plástico dura milhares de anos no meio de organismos vivos.
Será ele capaz de moldar novos seres mais complexos que não sejam de carne, osso e sangue e com uma inteligência estranha e emborrachada suplantar a raça humana? Já que viemos de um micro-organismo, outros não poderão vir?