Por Vergílio Oliveira

Inaugurando o espaço de entrevistas do Jornal da Cidade temos como convidado o Vice-prefeito Sebastião Oswaldo Mazzaron Filho (PMDB), que discorreu sobre os mais variados temas que envolvem o Município. Mazzaron está com 54 anos de idade, casado com Maria Auxiliadora do Nascimento Mazzaron, Bacharel em Direito, trabalhou como advogado por mais de três anos e foi delegado da Polícia Civil por 30 anos. Na política, Mazaron foi vereador em Batatais por dois mandatos, eleito vice-prefeito com José Luis Romagnoli, assumiu a Prefeitura por duas oportunidades, em 2018, por 30 dias, e nesse ano assumiu novamente o cargo de Prefeito, por 40 dias.

Jornal da Cidade de Batatais – Como foi assumir o comando do Poder Executivo de Batatais? Era o que o esperava?
Sebastião Oswaldo Mazzaron Filho – A gente tem uma visão muito diferente do que é o Executivo Municipal, principalmente quando estamos mais acostumados com o Legislativo. Esse período que estou junto com o Zé Luis tenho aprendido muito. Algumas coisas são absolutamente complicadas, tendo que ficar dirimindo conflitos, buscando recursos para a nossa cidade, apresentando Projetos de Lei para melhoria e tudo isso não é fácil. Essa cadeira de prefeito é solitária às vezes.

JC – Quais dificuldades encontrou no trabalho na Prefeitura?
Mazzaron – A maior dificuldade que eu encontro é com relação à questão administrativa da Prefeitura. Isso nunca deu voto. A maioria só focava obras para inaugurar, colocar placas com nomes e nunca se preocupou efetivamente com a parte administrativa. Há dificuldade com a hierarquia entre os servidores, que não é cumprida, falta disciplina, por isso estão sendo feitas as reformas administrativas. Demos alguns passos, mas ainda tem muita caminhada pela frente.

JC – No período em que esteve como Prefeito quais medidas tomou que considera importantes?
Mazzaron – Não quis inovar e nem modificar nada, pois tudo vem sendo feito como o planejado. A nossa administração, Zé Luis e Mazzaron, junto com os secretários municipais têm um planejamento dentro das possibilidades de recursos financeiros e isso tudo vem sendo cumprido. As metas estão sendo atingidas. A única coisa que acho que eu possa ter contribuído de forma efetiva foi justamente nessa postura de demonstração de que todos nós temos que ter hierarquia, respeitá-la, dizendo a todos que estão com a gente na administração que hierarquia existe para quem não cumpre obrigação, ou seja, cumpriu sua obrigação, todos nós somos colegas de trabalho. Tem uma parte de servidores que não compreendem isso. Com algumas medidas que foram tomadas pelo Zé Luis e por mim nesses 40 dias, acho que essa compreensão está chegando a todos. Como sempre se diz popularmente, ou vem por amor ou vem pela dor e tenho isso comigo. Somos funcionários públicos e temos que respeitar a nossa população.

JC – Como vê os problemas com o asfalto na cidade, com várias ruas necessitando de reparos?
Mazzaron – Nós sabemos que Batatais tem uma malha viária totalmente desgastada, antiga e esses problemas acontecem mais cedo ou mais tarde. Isso vem acontecendo não é agora e sim há tempos. Nós estamos procurando resolver dentro das possibilidades, as chuvas vem atrapalhando os trabalhos de tapa-buracos, pois o nosso problema em Batatais hoje são os buracos. Mesmo com o tempo chuvoso, nós estávamos buscando 10 toneladas de massa asfáltica por dia para tapar os buracos, que eram insuficientes. Mas agora no outono, que é período de estiagem, por ordem do prefeito Zé Luis, que retornou à Prefeitura no início de abril, serão destinadas 25 toneladas por dia. Ele determinou que serão três equipes de trabalho duas equipes farão os bairros e uma equipe fará os atendimentos emergenciais, atendendo pedidos de vereadores e da população de casos mais graves. A nossa preocupação é concluir as obras das várias licitações que fizemos. Já recapeamos 15 quilômetros e, se Deus quiser, vamos fazer mais 15 quilômetros.

JC – Algumas praças e terrenos que pertencem ao município estão com mato muito alto. Não há servidores suficientes para fazer o serviço, já que isso não requer muito investimento?
Mazzaron – Se você imagina que a cidade possui 70 bairros e faz a limpeza de três bairros no período de chuva, logo essas áreas que foram limpas terá mato alto novamente. Chove e faz Sol, o mato cresce até 5 cm por dia. Agora no período de estiagem nós vamos deixar a cidade toda limpa, sem mato alto. Temos dois tratores e duas roçadeiras, porém eles servem para grandes áreas. O número de servidores para fazer esse trabalho manualmente e com pequenos equipamento é insuficiente para fazer o trabalho na cidade em curto período. O prefeito já remodelou e redistribuiu as responsabilidades deste setor e acredito que com a estiagem colocaremos tudo em ordem no que se refere às ruas, praças, canteiros de responsabilidade da Prefeitura, terreno particular é de responsabilidade do proprietário.

JC – Qual a sua opinião sobre a demora para a liberação do novo distrito industrial Rudolf Kamensek?
Mazzaron – O nosso novo Distrito Industrial Rudolf Kamensek possui 12 alqueires de terra. Metade das ruas já estão asfaltadas, com verba do Deputado Federal Baleia Rossi e ele conseguiu mais R$ 1 milhão para que a gente termine as obras. Agora, com a mudança de governo, que aconteceu no início desse ano nos Estados e na União, houve uma certa dificuldade para as liberações, até que haja a reorganização, por isso a demora na liberação dos recursos. Nós tínhamos o convênio assinado, estava tudo certo, o problema é que não podemos fazer a licitação sem o “start” lá de cima. Agora conseguimos e vai ser liberado. Infelizmente, no Poder Público é diferente da iniciativa privada, temos prazos e regras a serem cumpridas, muitas vezes não depende do município e sim de outras áreas, do estado e da União.

JC – O Vice-prefeito tem uma opinião de como gerar mais vagas de emprego?
Mazzaron – A geração de emprego não depende do município. Todos comentam sobre Brodowski, Altinópolis, mas não é verdade. A geração de empregos depende do crescimento econômico do país. Temos 15 milhões de desempregados, a questão de trazer indústria para Batatais não é como todos acham. Foram para Brodowski uma ou duas empresas, propalaram que estavam vindo a Nestlé. As grandes empresas procuram locais que tenham melhor acesso de escoação de seu produto manufaturado. Estamos longe de portos, de grandes centros para fazer essa escoação. Mesmo assim, Batatais é o maior polo de inox da região, se não for do Estado inteiro. Nós temos também a parte de usinagem, a de fundição e várias pequenas empresas já estão crescendo de uma forma, com batataenses investindo seus recursos e às vezes falta espaço para crescer mais, por isso priorizamos. Se qualquer outra empresa quiser vir para a nossa cidade, nós vamos recebe-la, mas a nossa prioridade são os empresários do município.

JC – Em suas campanhas sempre defendeu a bandeira da Segurança Pública. Batatais é uma cidade segura?
Mazzaron – Diante de todo o contexto que passamos, essa falta de respeito à lei, ao cidadão, essa filosofia de que tudo pode, eu sempre digo: a disciplina nunca foi contrária à liberdade. Ser disciplinado, respeitar o próximo, às leis é dever de todos e as pessoas que não respeitam vão sofrer as consequências. Como delegado de Polícia, com minha equipe, prendemos traficantes internacionais, prendemos latrocidas, homicidas e quase todos eles já estão soltos. Precisamos de leis mais fortes. Queiram ou não, cadeia não é feita para homem e sim para vagabundo. Se uma pessoa não pode viver em sociedade, ela tem que ficar trancada, infelizmente no nosso país querem soltar todos. A perda de valores vem da esquerda. A teoria de Karl Marx, quanto mais bagunça, indisciplina e desrespeito, as pessoas que estão acima, no governo, tem o controle da idiotização da população.

JC – Como está a saúde financeira da Prefeitura? Tem recursos para todas as necessidades?
Mazzaron – Esses dias eu e o prefeito estávamos reunidos, é o quarto mandato dele, e ele disse que nunca estivemos tão bem, apesar que temos um crédito com a população de R$ 46 milhões. O trabalho que vem sendo feito desde o início da administração, pagamos em dia os servidores, melhoramos os salários dos menos favorecidos, concedeu o reajuste da inflação para os demais servidores e mesmo assim estamos capitalizados, mesmo com todas as dificuldades, pagando todos os tributos referentes aos servidores. Hoje temos a dificuldade de um grande investimento, que é a renovação da nossa frota de veículos pesados. Volta e meia dá problema no transporte coletivo, pois o ônibus não são de boa qualidade e estão sempre quebrando. O prefeito irá enviar à Câmara Municipal um Projeto de Lei para fazer um financiamento dentro das possibilidades da prefeitura para comprar máquinas, equipamentos e veículos.

JC – Qual sua opinião sobre a atual composição da Câmara Municipal e como é o seu relacionamento com os vereadores?
Mazzaron – Não tenho nenhum problema com os vereadores. É muito difícil ser vereador também. A população confunde muito as função de um vereador, que ele tem que fazer, tem que executar e não é isso. O vereador faz a fiscalização do executivo, aperfeiçoe e aprove leis que são enviadas pelo poder executivo. Muitas vezes os vereadores são criticados negativamente porque acham que eles têm poder para resolver. Os vereadores nos procuram e pedem para resolver algumas questões pontuais do município e dentro da possibilidade a gente atende, seja da situação ou oposição. Obviamente alguns, muitas vezes, sem verificar a veracidade dos fatos, as dificuldades da administração, acabam extrapolando em suas críticas. Compreendo que, muitas vezes, isso faz parte do parlamento, o que não concordo é que atinja a honra das pessoas e alguns deles já tentaram fazer isso e, quanto a mim, sempre tiveram resposta. Hoje mesmo pela manhã, o André Toffeti mandou em grupo uma mensagem que o acesso ao bairro Garimpo estava prejudicado. A empresa responsável pelos serviços no local passou a motoniveladora para alisar o terreno, preparando para asfaltar, porém choveu. Publiquei uma explicação no grupo, espero que todos tenham entendido.

JC – Seu governo está conseguindo cumprir as promessas de campanha?
Mazzaron – Estamos. O Distrito Industrial nós falamos que vamos fazer. Não é de uma hora para a outra, pois existe toda uma burocracia, mas já temos os recursos. A área da saúde não tem mais reclamação. Tínhamos o problema da traumatologia, não tinha médico, um garoto quebrava o braço ficava quase um mês na mesma situação. No primeiro dia de governo nós contratamos os médicos, traumatologistas trabalhando, atendendo a população. São médicos da mais alta competência, da equipe do Doutor Marcelino e do Doutor Welinton. Dobramos o atendimento na Hemodiálise. Já está instalada a parte oncológica, temos o recurso e já começamos a construir o anexo no Hospital para esse atendimento. Não é de um dia para o outro que vamos ter um Hospital de Câncer. Tudo está sendo implantado de acordo com as possibilidades. No primeiro e no segundo ano buscamos recursos em Brasília e em São Paulo e agora está desaguando em obras. Muitas ruas serão recapeadas. A Nove de Julho, a Quinze de Novembro, vamos terminar a Quatorze de Março, tem a Moacir Dias de Moraes licitada, vários bairros terão as ruas recapeadas, os bairros Santa Rita, Simara, está tudo sendo encaminhado, por causa da burocracia, demora um pouco.

JC – Fazendo uma autocrítica, como avalia o atual Governo Municipal?
Mazzaron – Para fazer uma análise tem que conhecer por dentro, pois do lado de fora é muito superficial. Costumo brincar quando eu passo com meu carro em um buraco: mas que prefeito hein, mas coitado do prefeito, ele é o culpado de tudo na cidade. Mas nós como cidadãos temos nossas responsabilidades. Fizemos de tudo para termos o Aterro, as pessoas pegam e jogam lixo no meio da rua, em praças, em canteiros, sofá, televisor, lixo doméstico. Quem está errado? O dinheiro para limpar aquilo sai de onde? É do bolso do cidadão. A Prefeitura terá que fazer a limpeza e é a população que está pagando, só que todos nós vamos pagar pela irresponsabilidade de alguns. Analiso que dentro das possibilidades a nossa administração está indo muito bem. Estamos pagando os servidores em dia, as dívidas estão todas sendo pagas e acredito que a população está entendendo que nós estamos fazendo para melhorar a qualidade de vida de todos.

JC – Logo começarão as negociações visando as Eleições de 2020. Zé Luis tentará mais uma eleição ou Mazzaron é candidato?
Mazzaron – É muito prematuro falar sobre isso. Estão tentando iniciar os debates, o processo político, enquanto estamos preocupados em administrar a cidade. Preocupados em sanar o problema dos buracos, de fazer o poço do Garimpo jorrar água nas torneiras. Política, só daqui dois anos. É muito cedo para se discutir isso. Sinceramente? Não sei! Ouço de muitas pessoas que é a primeira vez que um vice-prefeito participa diretamente da administração. Estou na Prefeitura todos os dias, ajudo o prefeito Zé Luis a fazer o bem para a cidade, que é o meu objetivo, atendo as pessoas, digo sim quando pode e não quando não pode. Trato todos com cordialidade. A eleição é só em outubro do ano que vem, tem gente que até hoje não parou de discutir eleição e estou preocupado com a cidade. Tem que parar com esse tal de fake News, ficam postando coisas absurdas e mentirosas. Tem muito oportunistas nesse meio. Recebemos muitas críticas por causa da iluminação pública, não podíamos fazer um grande investimento. Tínhamos uma ação na justiça e ganhamos. O que nós faríamos se tivéssemos comprado milhares de lâmpadas, cabos, relês? O que eu faria com isso agora. Temos responsabilidade de bem gerir o dinheiro público.

JC – Batatais está carente de novas lideranças políticas?
Mazzaron – Hoje todos falam da inexistência de lideranças porque antigamente tivemos ícones em Batatais e era muito mais fácil, não tinha Lei de Responsabilidade Fiscal, todo esse aparato legal que dificulta a administração e também a moraliza, necessária. Mas temos algumas pessoas. Infelizmente tem aquele que só fala mal, esse caiu no descrédito, pois só quer fazer crítica negativa, como se nada de positivo tivesse em qualquer administração. Obviamente, tem erros do passado e acertos. O Zé Luis errou em certas coisas, que ele mesmo reconhece, porém ele acertou na grande maioria, tanto é que ele ganhou a eleição quatro vezes. Temos outras lideranças, vereadores que estão se despontaram na eleição passada, pessoas do bem que estão procurando ajudar a administração, às vezes nos critica negativamente, verifico o assunto e respondo a eles. Temos alguns que estão procurando seu espaço, o seu caminho, e isso é importante, pois Zé Luis e Mazzaron não são eternos, ninguém é eterno. O que é eterna é a nossa cidade. Esperamos que no futuro as pessoas que estiverem na Prefeitura façam uma gestão olhando para a comunidade.

JC – Tem alguma questão que o senhor queira colocar que não lhe foi perguntado e que seja relevante?
Mazzaron – Parabenizo o Jornal da Cidade de Batatais, o José Paulo Fernandes pela iniciativa. Precisamos sim da imprensa, ela é importantíssima para a democracia, mas a imprensa responsável, livre para fazer as críticas, sejam negativas ou positivas, mas fundadas em fatos e elementos de prova, com pesquisa, investigação e não falácias. Parabéns ao novo Jornal da Cidade de Batatais.