O protesto antirracista realizado em Curitiba, no dia 5 de fevereiro, motivado por dois assassinatos de negros no país, gerou uma disputa entre os manifestantes e a Igreja Católica. O ato, organizado pelo Vereador Renato Freitas, foi realizado diante da Igreja do Rosário, uma das mais antigas da cidade, erguida por negros ainda no século 18. Representantes da igreja afirmaram que o protesto atrapalhou uma missa e não gostaram do fato de os manifestantes terem entrado no local depois do fim da celebração.
A manifestação aconteceu depois do assassinato do congolês Moïse Mugenyi Kabagambe no Rio de Janeiro, espancado até a morte aos 24 anos, sem chance de defesa, por ter cobrado pagamentos atrasados em um quiosque na orla. O protesto também lembrou o homicídio de Durval Teófilo Filho, de 38 anos, morto pelo vizinho, um sargento da Marinha, enquanto chegava do trabalho, também no Rio de Janeiro. Diversas cidades brasileiras realizaram manifestações semelhantes.
Segundo os organizadores, a entrada na igreja teria ocorrido após a celebração da missa e não teria se tratado de uma ocupação, porque o espaço é aberto a todas as pessoas. No entanto, a Igreja Católica não gostou da entrada dos manifestantes. Em nota divulgada pela comunicação da Cúria, chamou os atos do sábado de “invasivos, desrespeitosos e grotescos”. O texto é assinado pelo arcebispo de Curitiba, Dom José Peruzzo. Na Câmara Municipal, adversários de Renato Freitas aproveitaram o momento para mais uma vez pedir a cassação do vereador, que já enfrentou um processo no Conselho de Ética neste mandato.
O tema foi debatido aqui em Batatais, onde a Vereadora Capitão Cláudia apresentou uma moção de repúdio ao ato praticado pelo Vereador Renato Freitas (PT) da Cidade de Curitiba-PR, por ter liderado o grupo de manifestantes, os quais ‘invadiram’ a Igreja Católica Nossa Senhora do Rosário. Para a maioria dos vereadores o repúdio deveria ter sido direcionado aos assassinatos ocorridos, e não quiseram entrar na questão político/religiosa. Votaram contra a moção os vereadores: Dr. Maurício Damacena, Andresa Furini, Rafael Prosdócimo, Gustavo Rastelli, Paulo Borges, Cláudio Faria (Boy), Marilda Covas e Anabella Pavão. Foram favoráveis: Eduardo Ricci, Sebastião Santana Júnior e Abdenor Tahan Maluf, que acompanharam o voto da autora da propositura. O Vereador Marcos Santana, que presidia a sessão no momento da votação, e o Vereador Júlio do Sindicato, que precisou se ausentar, não votaram.