No Antigo Testamento, no Livro de Samuel encontra-se um confronto atípico; Golias x Davi, o primeiro, um gigante com mais de dois metros e oitenta centímetros (2,83 m), contra o segundo um jovem pastor que talvez não pesasse 57 quilos, pois este era justamente o peso da malha de bronze que revestia o corpo de Golias um soldado mercenário, guerreiro ideal com equipamentos forjados também no bronze, a lança cuja ponta de ferro pesava 6 kg, escudo, dardo e espada, o campeão dos filisteus usava a mais alta tecnologia da época.
Davi indignado com a arrogância de Golias que bradou por 40 dias querendo enfrentar um guerreiro de Israel e ao vencê-lo subjugar todo reino, aceitou o desafio e partiu para cima do gigante com uma funda e algumas pedras, Golias debochou dele e perguntou se ele era um cão que vinha com as cordas, eis que Davi colocou uma pedra em sua funda e atirou com força na testa de Golias que tombou e rapidamente Davi tomou da espada do gigante e cortou-lhe a cabeça.
Camões irá lembrar essa passagem em os Lusíadas, me permita caro leitor o uso da prosa e não do verso: “Palavras soberbas o arrogante, Despreza o fraco moço mal vestido, Que, rodeando a funda, o desengana, Quanto mais pode a Fé que a força humana”.
Bem, esse antagonismo pode ser medido atualmente em Davos, por um lado temos o gigante Donald Trump que é o líder da nação número 1 do planeta, o senhor destemido das guerras, cético e nacionalista, não acredita em crise climática e trata a nova geração de jovens ativistas como “catastrofistas” ambientais e a jovem líder do movimento, Greta Thunberg de 17 anos, como uma herdeira insensata de videntes do passado.
Quer ele deboche ou não, Greta colocou a sustentabilidade nas discussões sobre o futuro do capitalismo, mobilizando multidões por onde passa, suas palavras possuídas pela fé, ferem a resistência de líderes mundiais forçando-os a acharem uma solução global usando os recursos do planeta de forma sustentável.
Em Davos já se fala no “Efeito Greta Thunberg” pensando nessa possibilidade de mudanças no rumo do capitalismo, se esse efeito tem a força de uma funda catalisadora capaz de derrotar gigantes, ainda não sabemos, aguardemos a sentença histórica. Enquanto isso o ministro Paulo Guedes diz que o pior inimigo do meio ambiente é a pobreza porque os pobres destroem a floresta porque precisam comer. Talvez os pobres estejam comendo muita cana de açúcar, ou soja ou qualquer outro latifúndio monocultor.