Depois de muito ser comentado nas últimas semanas, tivemos a confirmação na última terça-feira, 6 de agosto, que pela primeira vez na história, a Prefeitura de Batatais terá somente um candidato nas eleições de 2024. Trata-se do atual prefeito Juninho Gaspar, do Partido Progressista. Eleito em 2020, o chefe do executivo reuniu uma coligação com 13 partidos.
A confirmação ocorreu após 24 horas do prazo das convenções eleitorais, nenhum outro partido apresentou candidato para prefeito em Batatais. Os partidos de oposição, PSol e PSB, lançaram apenas candidatos a vereador. Com isso, de acordo com a legislação eleitoral, para que Juninho seja declarado eleito, ele precisa de somente um voto válido nas próximas eleições. Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Batatais tem 42.018 eleitores.
Nas últimas eleições municipais, o país teve 106 municípios com candidatura única – todos eles com menos de 30 mil habitantes, sendo: 86 com menos de 7 mil eleitores; dez de 7 mil a 10 mil eleitores, sete com 10 mil a 15 mil eleitores, uma com 17.540, uma com 18.088 e uma com 25.416 eleitores.
Em Batatais, portanto, a chapa única de Juninho Gaspar é inédita. Em 2020, por exemplo, quatro candidatos disputaram o pleito. Na época, o atual prefeito foi eleito com 59,9% dos votos válidos. Na sequência, Mazzaron (MDB) e Sabará (PCdoB) tiveram 26,44% e 7,81% respectivamente. Agora, o partido de ambos faz parte da coligação de Juninho. Por fim, o PSol lançou Fernando Ferreira, que teve 5,91% dos votos.
A FORÇA DO TRABALHO COMPARTILHADO
Nos bastidores da política local, a grande dúvida da semana ficou em saber o quê causou esse contexto político tão favorável ao Prefeito, ao ponto de não haver sequer um candidato para disputar a tão sonhada cadeira do Executivo de nossa cidade. Durante todas as eleições anteriores, o mais alto cargo representativo do município era objeto de calorosos embates, brigas históricas e os maiores nomes da política municipal se digladiavam por meses para conquistar a confiança do eleitor e alcançar a aclamada posição de Prefeito de Batatais.
Pois bem, surgiram então muitas perguntas: Faltam novas lideranças políticas na cidade? Falta democracia na cidade (como quiseram dizer os representantes da extrema esquerda)? Foi falta de oportunidade para quem quisesse colocar seu nome à disposição? E as lideranças do passado, por que sumiram?
Se muitos são os questionamentos que permeiam o imaginário e viram assunto nas rodas de conversa batataenses, mais variadas ainda são suas supostas respostas, mas a verdade, a real causa do fenômeno, parece estar bem longe de toda essa especulação…
Antes, contudo, de chegarmos a essa real causa, nossa primeira tarefa foi compreender, junto aos bastidores da política local, se aquelas suposições têm algum fundamento.
Quanto à falta de novas lideranças, o que parece acontecer é exatamente o fenômeno inverso. Enquanto nos longos anos das gestões Romagnoli havia um centralismo personalista, que tradicionalmente desprezava os resultados de sua equipe e questionava publicamente a relevância do Legislativo, Juninho Gaspar parece ter adotado a estratégia contrária. Habitualmente o atual Prefeito reconhece todos que o cercam, atua delegando funções a toda sua equipe e buscando ainda credibilizar todas as ações de seu governo à parceria com os vereadores de sua base. O palco e o espaço são sempre compartilhados e se destacam aqueles que fazem e merecem. Meritocracia pura.
E “falta de democracia”? Esse foi o argumento do Ex-Prefeito Fernando Ferreira e de outros correligionários ao utilizar a palavra na convenção do PSOL, ocorrida no dia 28 do último mês, na qual o partido decidiu não lançar nenhuma chapa para disputar a cadeira do Executivo. Ora, se houve convenções públicas para possibilitar a realização de candidaturas, sem manifestação de interesse de ninguém, podemos falar em “falta de democracia”?
Mas isso já nos leva diretamente para a próxima questão: Foi falta de oportunidade para quem quisesse colocar seu nome à disposição? Também parece que não, pois já durante a janela partidária até o fim do prazo para as convenções, muitos foram os convites e nomes publicamente cogitados para o pleito, mas, devido à altíssima aprovação da Administração atual apurada em levantamentos de bastidores, o risco de uma derrota avassaladora parece ter espantado qualquer aventureiro. Oportunidades não faltaram para quem quisesse, faltou, portanto, alguém que de fato quisesse entrar na disputa. A tese da falta de democracia ou de oportunidade parece mais um receio de uma nova derrota para brancos e nulos – para quem não se lembra, nas últimas eleições municipais, Fernando colocou seu nome à disposição novamente para o cargo de Prefeito, obtendo 1561 votos, enquanto foram contabilizados 4549 votos brancos e nulos – quase o triplo.
E as lideranças do passado? Essas ficaram no passado. José Luis Romagnoli até aparentemente tentou articular a criação de um novo grupo político, buscando agregar antigos correligionários e figuras relevantes de suas administrações anteriores, com o objetivo de formar uma frente de oposição ao Prefeito atual. E mesmo tendo ocupado a cadeira de Chefe do Executivo em 4 oportunidades e, tendo, portanto, um vasto leque de ex-membros de suas composições governamentais, não sobrou quase nenhum que topasse embarcar nessa aventura. O resultado? Uma chapa dividida entre correligionários da atual Presidente da Câmara (sua ex-ferrenha-opositora), e poucos que permaneceram ao lado do antigo alcaide. Este também teve a oportunidade de se candidatar, mas ao discursar na convenção, disse que “devemos saber a hora de parar”, sedimentando, assim, o fim da era das lideranças do passado.
Mas, como prometido, respondidas essas questões, temos de ir a fundo para atingir nosso objetivo inicial: compreender o quê causou esse fenômeno que culminou em uma quantidade histórica de partidos apoiando uma só candidatura ao Executivo e a inexistência de opositores.
Pois bem, desde o início da gestão Juninho Gaspar/Dr. Ricardinho, a dupla parecia estar comprometida com todos aqueles que se propuseram a trabalhar por Batatais. Anunciavam publicamente que, independente de partido, todos teriam espaço na Administração caso tivessem interesse em buscar recursos, parcerias e trazer melhorias para a cidade. Acompanharam todos os vereadores e lideranças em viagens a São Paulo e Brasília em busca de recursos e conquistas. Receberam deputados dos mais variados partidos, dialogaram com todos as frentes, atuaram por todos os bairros e investiram muito em áreas até então esquecidas. Uma Administração que parece ter vindo para mostrar que é possível fazer diferente do que sempre foi feito.
A receita parece ter sido simples, mas a dupla ousou mudar, e deu certo! O resultado foi que, muito naturalmente, todos os partidos se sentiram, de alguma forma, contemplados. Os vereadores que atuaram junto ao Governo foram ouvidos, tiveram espaço. Foi uma experiência de construção conjunta que resultou em um grupo político que, apesar de possuir suas divergências ideológicas, resolveram dar as mãos para o avanço da cidade. Tudo isso demonstra uma capacidade singular de liderança do atual Prefeito Juninho Gaspar e de sua equipe de gestão e, por mais que aqueles que ficaram de fora tentem encontrar razões obliquas para o fenômeno, enquanto insistirem em não reconhecer seus reais motivos, estarão fadados a buscarem desculpas para justificarem suas próprias falhas de articulação política, reservadas às teorias de botequim que não convencem mais ninguém além dos poucos que ainda os cercam.