Eis que se inicia agosto, e junto com o popular mês do “cachorro louco” também chega o início do período eleitoral, versão 2022, prometendo emoção até o dia 03 de outubro, data do primeiro turno das eleições. Diria emoção e tensão, tamanho o grau de polarização atingida por conta de um embate que pela primeira vez deixa bem claro o confronto, dentro do nosso espectro ideológico, entre a chamada direita conservadora e a esquerda progressista.
Essa é a impressão mais próxima da realidade, com base nos números até aqui apresentados pelos institutos de pesquisa, sobre a eleição presidencial deste ano. O segundo turno tem tudo para ocorrer já no primeiro turno. É simples, vejam só:
Temos duas candidaturas, Lula e Bolsonaro, que despontam como as favoritas desde o início deste ano, quando o ex-juiz Sérgio Moro teve sua candidatura barrada por seu próprio partido. A polarização não foi quebrada desde então.
Lula vem oscilando entre 40 e 45%, Bolsonaro entre 30 e 35%, e lá embaixo, Ciro chega no máximo a 8% e Simone Tebet a minguados 3%. O restante ainda está indeciso. Ou seja, tudo indica que a possibilidade de termos um vencedor já no primeiro turno é muito grande.
Essa hipótese tem base, principalmente, no chamado “voto útil”. Na eleição presidencial de 2018, os então candidatos Geraldo Alckmin, João Amoêdo e Marina Silva foram, ao longo da campanha, perdendo eleitores para Fernando Haddad e, principalmente Bolsonaro. Alckmin terminou com menos de 5% dos votos, Amoêdo com 2,5% e Marina com 1%. Se naquela eleição Ciro Gomes não tivesse terminado com os 12,5% de votos que conquistou, a eleição certamente haveria se decidido no primeiro turno.
Lula já retirou do páreo atual a candidatura de André Janones, que vinha pontuando com 2% nas pesquisas, e agora apoia o ex-presidente. Agora a grande aposta de Lula passa a ser a de esvaziar as candidaturas de Ciro e Tebet, para finalizar a disputa já no primeiro turno.
Para essa aposta vingar, Lula depende de um fator interessante. Ele não necessita que Bolsonaro pare de crescer nas intenções de voto nas pesquisas. Ele tem que torcer para Bolsonaro não diminua sua rejeição! Se isso ocorrer, os eleitores de Ciro e Tebet, majoritariamente anti-bolsonaristas e percebendo que seus candidatos não chegarão a lugar algum, poderão migrar o voto para Lula, para tentar fechar a conta no primeiro turno.
Isso não ocorreu em 2018, porque tínhamos um número maior de candidatos “competitivos” – Ciro, Alckmin, Amoêdo, Henrique Meireles, Álvaro Dias, Marina, Boulos, Daciolo – o que acabou pulverizando a distribuição dos votos no primeiro turno, fato que não irá ocorrer na eleição deste ano.
Isso é o que os números mostram nesse momento, mas logicamente podemos ter outra realidade, uma vez que se desenha uma campanha cheia de ataques raivosos entre os dois primeiros colocados nas pesquisas. Como já disse anteriormente, essa é a primeira eleição presidencial pós redemocratização que teremos um presidente em exercício tentando a reeleição contra um ex-presidente, o que certamente acirrará o cenário e os eleitores mais radicais. E com um detalhe à mais: dois candidatos muito populares, e representantes de dois extremos do espectro político, direita e esquerda. É briga de cachorro grande!