A polêmica na saúde pública batataense, das últimas semanas, tem sido a retirada dos aparelhos de raio x dos consultórios odontológicos das unidades básicas. A baixa utilização e o pagamento de periculosidade para os profissionais foram a justificativa da Secretaria de Saúde, informando que os procedimentos complexos serão encaminhados para o Centro de Especialidades Odontológicas, que fica ao lado da UPA – Unidade de Pronto Atendimento. A nossa equipe ouviu a opinião de alguns munícipes sobre a questão. Confira:
“Na minha opinião é indiscutível que todo trabalho na área da saúde, tenha o direito sim; ao adicional de periculosidade, pois estão expostos a radiação. Os aparelhos de raio x móveis também emitem radiação. Mesmo o funcionário recebendo o adicional não afasta ele do perigo de desenvolver uma doença. E nada mais justo que seja amparado por isto, e que não tenha prejuízos futuros. É lamentável que isso tem ocorrido na cidade de Batatais. Triste saber que a Secretária da Saúde tomou essa atitude, reformulando esse serviço, afim de reduzir gastos na folha de pagamento. Suponho que agora tenha a necessidade dos contribuintes e usuários, quando precisarem desse serviço, terá um profissional responsável para fazer a avaliações de ‘Saúde Bucal’ em alguma unidade específica. Tem que existir um acordo entre Prefeitura e servidores na tentativa de solucionar o impasse. Se essa medida ajudar na economia aos cofres públicos, acredito que nem precisaria fazer a retirada dos aparelhos. O importante é que continue oferecendo um serviço de qualidade como sempre fizeram. E que a população tenha qualidade no atendimento. Para o prefeito a Saúde Pública em todos âmbitos não era sua prioridade? ”, Josélia Adriana Policeno – Professora, Técnica em Segurança do trabalho, Promotora de Eventos.
“A população de maneira geral acaba perdendo. Não havendo justificativa para não se pagar periculosidade. A partir do momento que a cidade deixa de investir na saúde acaba se perdendo valores do ser humano, no que se diz respeito a seu bem-estar. Profissionais são pagos para isto, devendo a prefeitura ter ciência e consciência de quem está perdendo é o povo que necessita e a saúde que não tem dia nem hora para acontecer. Por parte da Administração do Município vale repensar os gastos, mas na verdade não é gasto, é investir na melhoria de vida de todos”, Rafael Antônio Trindade – Farmacêutico.
“A população que depende da Rede Publica de Saúde está decepcionada. Lamentável, triste, isso tem que ter uma solução. Não pode ficar desse jeito. Senhores da Administração, vamos agir?”, Maria Aparecida Moris – do lar.
“A natureza indenizatória inerente à exposição ao raio x, necessário ao exercício eficiente e com a qualidade que o cidadão necessita, na hora do atendimento? É isso? Eu entendi muito bem. Inclusive falei com alguns dentistas que me disseram que várias vezes, no decorrer do procedimento, pode ser necessário o raio x. E aí? Como faz com o cidadão anestesiado na cadeira? Como vai ser o procedimento se precisar do raio x? O cidadão vai na UBS, depois se não tem carro atravessa a cidade no sol ou na chuva (criança, jovem, idoso, deficiente) tira o raio x e vai ter que voltar na UBS quando? Olha o transtorno para as pessoas. E não me diga que tem transporte coletivo, que é uma piada! Quem tem a sorte de não precisar da rede pública de saúde, vai em um profissional que não possui esse equipamento? Essa ‘economia’ vai ser aplicada onde? Além de todos esses questionamentos, que eu gostaria que alguém respondesse, seria importante a afirmação que todo esse transtorno para o povo mais pobre da cidade é uma boa forma de economia. Gostaria também de destacasse o custo da reforma administrativa, dos 10 shows da Festa do Leite, do pagamento fiel da mídia, etc. Cobrar o prefeito para pagar as Entidades, nada! Mas pedir para o povo fazer vaquinha é legal! Aprovar reforma que aumenta salário é legal e bom. Não precisa economizar. Economizar é só com a saúde, comodidade e tempo do pobre! Já estão economizando na saúde: economizando com remédios que nunca tem, como médicos que nunca tem, com copos plásticos e papel higiênico que nunca tem nem na UPA e nem na UBS, com papel pois tem médico que faz a receita em rascunho e por aí vai. Me desculpem, mas é um desabafo de um mísero cidadão”, Fábio Antônio Pereira – empresário
“Bom acho que a Prefeitura anda gastando tanto dinheiro com coisas que não são prioridades. Fará falta os aparelhos de raio x, principalmente para a população carente que é quem mais precisa. Não tem justificativa quando o assunto é saúde pública, deveria ser prioridade da gestão atual”, Marcel Zanetti Di Fiori – Pensionista.
“Realmente, se não tem a possibilidade de pagar o adicional de periculosidade para os funcionários, a retirada é necessária, pois trabalhar frequentemente com raio x pode trazer algum problema para a saúde. Porém, a população não pode ficar sem esse atendimento por falta de organização e responsabilidade de quem está no comando”, Gabriel Cintra – Vigilante.
“Como profissional da área afirmo que em muitas ocasiões o raio x é importante. Vou dar um exemplo, que já aconteceu em meu consultório e certamente com vários cirurgiões dentistas: se o profissional estiver fazendo uma extração e acontecer uma fratura da raiz, e necessitar de um rx para localização, o paciente teria que ser deslocado para onde estiver centralizados os aparelhos e depois retornar ao consultório para concluir a cirurgia. Em minha opinião seria desconfortável para o profissional e principalmente para o paciente”, Abdenor Tahan Maluf – Cirurgião Dentista.
“Sou a favor da decisão da Secretária da Saúde e vou explicar. Levando-se em conta uma planilha que eu recebi, que nos mostra que em 2018 houveram em média 4 exames de raio x por dia, acho um desperdício do dinheiro público pagar insalubridade a todo o corpo clinico pois não vejo uma demanda que justificasse isso. Se forem centralizados esses serviços, assim como são feitos os exames de mamografia, a Prefeitura iria economizar cerca de 40 mil reais por mês e por exemplo poder com isso investir esse dinheiro na compra de remédios que são dados gratuitamente à população e que estão em falta. Digo centralizar e jamais deixar de atender a população que é o principal”, Daniel Barbirato da Mata – Engenheiro e Empresário.
O Posicionamento da Secretária de Saúde
Em entrevista concedida a Rádio Difusora, Luciana Nazar Arantes, Secretária de Saúde, explicou os motivos que levaram a decisão de centralizar os atendimentos que precisarem de raio x odontológico no CEO: “Falta dinheiro no Ministério da Saúde, falta dinheiro no Estado e falta dinheiro no Município também, no que se refere a saúde. Primeiro, porque a gente tem que investir muito mais do que recebe. A nossa Atenção Básica custa o dobro do que o Município recebe para mantê-la. O Ministério da Saúde ficou devendo R$ 1,5 Milhão de qualificação da UPA. Não pagou. Agora saiu a Portaria e ele não pagou retroativo, ou seja, deu um calote no Município. Porque a gente continuou mantendo a UPA funcionando da mesma forma. O Estado tem cada dia menos cumprido os seus deveres com o Município. Tem deixado de entregar medicamentos da FURP, medicamentos do alto custo e, tudo isso está sendo informado ao Ministério Público, mostrando as dificuldades que os municípios estão tendo com relação a medicação. Diante de todo esse quadro, ainda tem um agravante: pela situação econômica do país várias pessoas que tinham Plano de Saúde, deixaram de ter o plano e migraram para o SUS. Você tinha um recurso para dar conta de 80% da população, hoje isso aumentou mais ainda. O prefeito tem sempre nos solicitado, olha vocês precisam tomar conta de suas secretarias, reorganizar as prioridades para a gente tocar a Prefeitura. Com tudo isso eu escuto falar assim: o raio x não é prioridade? Na saúde tudo é prioridade, mas tem o que é mais prioridade e o que menos prioridade. Antigamente não existia o CEO (Centro de Especialidades Odontológicas), onde o Vereador Sabará conseguiu os equipamentos na época, e a partir daquele momento passamos a atender todas as especialidades odontológicas naquele espaço, por exemplo: uma extração de raiz; uma endodontia, que é o canal; periodontia, que é o tratamento da gengiva, ficando as UBSs apenas com o atendimento básico. Quando a gente buscou os dados, fizemos a avaliação que o raio x não é mais importante nas unidades básicas de saúde. Se eu pegar o número de raio x que foram feitos e dividir por ano, por mês e por dia, na Rede inteira fez 4 exames diariamente. Os dentistas estavam ganhando R$ 1.436,00 de periculosidade, fora o salário dele, sem fazer raio x ou fazendo muito pouco. R$ 320 mil por ano e falaram que é pouco. Mas, esse recurso vai poder ser reorganizado e reutilizado na própria saúde. Hoje o que a gente mais precisa é dinheiro para comprar medicamento. Provavelmente esse dinheiro, que dá R$ 26 mil por mês, vai ser redirecionado para comprar medicamento para a população”, ressaltou.
A decisão em meio a protestos de vereadores
A Secretária disse na entrevista que atualmente o SUS paga R$ 1,75 por raio x odontológico e o Município estava gastando mais de R$ 454,00 por exame. Dessa forma a decisão está tomada e população deverá ser encaminhada para o Centro de Especialidades Odontológicas quando for necessário o raio x e todos os atendimentos mais complexos. O tema, que adiantamos em nossa última edição, acabou tomando conta das redes sociais, tendo como ponto alto a apresentação na Câmara de uma Moção de Protesto ao Prefeito Zé Luis. Foram favoráveis, apenas o apresentante, Ricardo Mele e os vereadores André Luís dos Santos, o André Calçados, Maurício Marçal Damacena e Andresa Furini.