Para quem acompanha a História, a tomada de Cabul pelo Talibã não é novidade. O Afeganistão desde a muito é conhecido como “Cemitério de Impérios”, no século XIX venceram e massacraram os ingleses por três vezes, entre os anos de 1979 e 1989 os soviéticos foram expulsos e humilhados e o episódio ficou conhecido como “Vietnã Soviético”.
Nem Alexandre o Grande conseguiu guerrear lá, preferiu casar para não ter problemas com os afegãos e isso foi antes de Cristo.
Agora chegou a vez dos E.U.A. Irônico é perceber que foram os próprios americanos que armaram e treinaram esses combatentes. Quando da invasão soviética, em plena Guerra Fria, os norte americanos resolveram prestar apoio aos mujahidins, combatentes da zona rural e das montanhas dispostos a sacrificar suas próprias vidas em nome da religião, para não caírem nas mãos dos russos esses aguerridos batalhadores receberam armas, tanques, artilharia antiaérea dos E.U.A. para combater o rival soviético.
Dentro desse processo surgem a Al Qaeda(1988) liderada por Bin Laden, que era saudita e também treinado pelos americanos e o Talibã (1994) formado pelos mujahidins. Talibã quer dizer “estudantes” aqueles que pregam a palavra de Alá com todos os rigores da Sharia, lei islâmica medieval.
Em 1996 o Talibã assume o poder com apoio popular, pois prometera acabar com a corrupção e a criminalidade, suas soluções eram simplistas e seu discurso radical, cortar a mão de quem rouba, chibatar em praça pública, pena de morte, mulheres não podem estudar, trabalhar, nem sair de casa desacompanhada de um homem, a burca etc.
Em 11 de setembro 2001 Bin Laden ataca as torres gêmeas e se refugia no Afeganistão, Bush bombardeia tanto lá quanto o Iraque e a busca pelo terrorista saudita é incansável, até Obama encontrá-lo no Paquistão e matá-lo. A partir daí os E.U.A. tentam fazer do Afeganistão um estado aos moldes ocidentais, porém nesses 20 anos o Talibã não acabou, apenas recuou e essa “ocidentlização” dos afegãos foi ficando caro, estima-se que US$ 1 trilhão foi gasto ao longo desses 20 anos.
Foi aí que Trump resolveu conversar com o Talibã para chegar a um acordo, ele disse para que o diálogo fosse presente com o governo afegão e se tal acontecesse ele retiraria as tropas em 14 meses, o Talibã em troca pediu a libertação de 5 mil prisioneiros, o que foi atendido, Trump pediu também que o grupo terrorista não cometesse mais atentados terroristas, o Talibã concordou (quem acredita?). Biden levou o acordo adiante e agora no final de agosto o Afeganistão volta ao Talibã. Esperança, não sabemos se a população terá, parece que não, entretanto a geopolítica aponta para outro império que sonda região, a China eles fazem fronteira por um estreito corredor onde existe a cobiçada Rota da Seda.
Será que mais um império pode ser seduzido pelo cemitério afegão?