Em entrevista ao Jornal Cidade, o prefeito fala sobre os próximos passos após a aprovação da concessão dos serviços de água, comenta investimentos em andamento e projeta os desafios finais de sua gestão
O Jornal Cidade de Batatais conversou com o prefeito Juninho Gaspar, que está no segundo mandato à frente da administração municipal. Na entrevista, ele aborda os próximos passos após a aprovação da concessão dos serviços de abastecimento de água e esgoto pela Câmara Municipal, destaca investimentos em andamento e projeta os desafios para os próximos meses. “Batatais precisa encarar um problema crônico com seriedade técnica e responsabilidade social”, afirmou.

JC – Quais os próximos passos que a administração vai tomar na questão do abastecimento de água após a Câmara aprovar a concessão dos serviços?
Prefeito Juninho Gaspar – A aprovação da Câmara foi apenas o primeiro passo de uma discussão séria sobre um problema crônico que afeta nossa população há décadas. Infelizmente, esse tema nunca foi tratado de forma técnica. Durante muito tempo, o sistema de abastecimento de água e esgotamento sanitário foi utilizado como moeda de barganha política, o que nos levou à atual situação de insustentabilidade econômica e estrutural.
Hoje enfrentamos equipamentos obsoletos e uma rede com vazamentos que desperdiça mais de 50% da água limpa e tratada. Isso representa o desperdício de um recurso essencial e finito. A falta de planejamento também nos deixou despreparados para cumprir as exigências do Marco Regulatório do Saneamento Básico (Lei Federal nº 14.026/2020).
Para superar essa fase de achismos, contratamos a FUNDACE, uma fundação ligada à USP de Ribeirão Preto, que realizou o diagnóstico completo do sistema de saneamento da cidade. Isso nos permite discutir com base na nossa realidade local, sem improvisos.
É importante destacar que, se não cumprirmos a legislação até 2033, Batatais poderá ser incluída em um bloco regional de saneamento básico, liderado pelo Governo do Estado, junto com outras 140 cidades. Nesse caso, perderemos a autonomia sobre nosso sistema. O Estado já iniciou esse processo, criando regiões, agência reguladora e mecanismos de implementação.
Temos duas opções: discutir agora a realidade local, com transparência, ou sermos incorporados em 2033 à regionalização e apenas repetir o discurso de que “nada pode ser feito”. Nosso próximo passo é amadurecer esse debate com a população, por meio de audiências públicas, consultas e apresentação dos estudos técnicos. Todos poderão se manifestar, sugerir e construir, juntos, a melhor decisão para Batatais.
JC – O que o senhor espera dessa ação a médio e longo prazos?
Prefeito – Nossa expectativa é, antes de tudo, cumprir o Marco Regulatório, manter o controle sobre o sistema e, finalmente, resolver o crônico problema da falta d’água em Batatais. Além disso, queremos expandir a captação e o tratamento de esgoto em bairros que ainda não têm essa infraestrutura, criar condições para atrair novas empresas, construir mais moradias e promover o desenvolvimento sustentável da cidade.
JC – Dos investimentos previstos ainda para 2025, além da construção da UBS no David Rodrigues e da duplicação da Ayrton Senna, o que mais está no cronograma?
Prefeito – Além dessas duas grandes obras, entregamos a Creche Tia Zezé, a primeira creche municipal com atendimento em horário estendido, beneficiando 112 crianças. Estamos finalizando o Bosque Municipal Dr. Alberto Gaspar Gomes, que estava abandonado há mais de 20 anos. Também vamos entregar a Avenida Anésio Trevisani, implementar 100% de iluminação pública em LED, com ampliação de mais 2 mil pontos de luz.
Nos próximos 30 dias, vamos iniciar o maior recapeamento da história da cidade, com investimento de R$ 6 milhões. Estamos finalizando a obra da Avenida Jácomo Rampim, onde a empresa foi notificada por descumprimento contratual e será punida administrativamente.
Estamos concluindo a revitalização da UBS da Vila Lopes, continuamos as obras de reforma e ampliação da UBS do Altino Arantes, iniciamos novo mutirão de cirurgias, instalamos móveis planejados nas UBSs do Vila Cruzeiro e Vila Lopes, e conquistamos mais uma ambulância do SAMU – já são 13 ambulâncias zero km em nossa gestão.
Destaco também a renovação do Centro de Atenção à Saúde do Idoso (CASI), a manutenção do convênio com a APAE pelo projeto “Ver e Cuidar”, a entrega da obra da Escola Esther Viana, a ampliação da Escola Virgílio Bragheto, além da nova licitação para reforma da Escola Ana Bonagura.
Vamos entregar ainda o Centro de Segurança e Inteligência, com mais de 125 câmeras monitorando toda a cidade, todas as entradas e saídas e principais vias.
Seguimos com parcerias com as entidades assistenciais, buscamos novas moradias populares, aprovamos, com o apoio da Câmara, a regularização dos adquirentes de lotes do Distrito Industrial, o que vai gerar empregos e renda. Também projetamos novas UBSs, uma nova creche, estudos para uma usina de energia fotovoltaica e a captação de recursos para a reforma de praças esportivas e centros de lazer.

JC – Quais os desafios da sua gestão, caminhando para o final do primeiro ano do segundo mandato?
Prefeito – São muitos. Já entregamos muito, como 10 creches e escolas municipais, uma nova creche em construção, 3 UBSs reformadas, 13 ambulâncias zero km, ônibus circulares e de transporte de pacientes com ar-condicionado, o maior recape da história, a reforma do Centro de Convivência do Idoso, da Estação Cultura, e a entrega do novo Distrito Industrial após 15 anos de espera.
Criamos programas como o Família Batatais, que garante dignidade e segurança alimentar para mil famílias, além da entrega de uniformes escolares para mais de 5 mil alunos, implantação da Ronda Rural, Botão do Pânico, retorno do CASI, entre outros.
Também trouxemos novos serviços, como o Poupatempo, o Corpo de Bombeiros, e a reabertura do INSS. Sabemos, no entanto, que há muito a ser feito: cumprir o Marco Regulatório, avançar na coleta seletiva, enfrentar os impactos da queda de arrecadação, os desafios da reforma tributária, entre outros.
JC – Como o senhor tem acompanhado os problemas nacionais, como o tarifaço dos EUA e os entraves entre Congresso e Governo, que afetam os municípios?
Prefeito – Acompanhamos tudo com grande preocupação. Por meio dos consórcios públicos, das associações de municípios e da Frente Nacional de Prefeitos, estamos nos reunindo para discutir essas questões e buscar soluções conjuntas.
Localmente, já conversei com grandes empresários de Batatais que importam e exportam produtos, como a Jumil e a Usina Batatais, que são grandes geradores de emprego e renda. O impacto pode ser profundo, e os municípios precisam ser ouvidos em todas as esferas.





