O nosso articulista Ricardo da Fonseca Corrêa, professor e ex-vereador batataense, está de férias há alguns dias em São Sebastião, litoral norte de São Paulo, e vem acompanhando de perto todo o sofrimento que os moradores e turistas estão enfrentando com a tragédia ambiental provocada pelo excesso de chuvas naquela região.
Em contato com a nossa equipe de reportagem, o professor Ricardo disse que chegou à cidade na sexta-feira, dia 17 de fevereiro. “Desde o primeiro dia estou aqui hospedado na casa de amigos localizada no bairro Praia Deserta e, embora tenha chovido muito, aqui não houve alagamentos nem deslizamentos. Estamos bem, mas a filha dos meus amigos foi a maresias na noite de sábado e ficou isolada por lá durante dois dias, sem comunicar com a gente, devido à queda de sinais de comunicação, ficamos apreensivos porque ela não retornava por conta dos deslizamentos frequentes na rodovia”, relatou.
No momento em que respondia às nossas perguntas, o ex-vereador informou que faltava itens em supermercados, as ruas estavam enlameadas, muito entulho e carros boiando e que comboios do exército seguiam na busca frequente por cerca de 40 desaparecidos. “No segundo dia estávamos numa praia e eles tiveram que fechar o bar mais cedo porque a cozinheira das porções teve que ir embora porque a casa dela desabou. O que me chamou muita atenção foi o fluxo intenso de helicópteros, não sabia porque, e depois fomos informados que eles estavam conduzindo cadáveres para o reconhecimento dos familiares”, afirmou.
O professor Ricardo ressaltou que não tinha passado por nada igual e nem os habitantes de lá, pois foi a maior tragédia da história de São Sebastião. “Na manhã após o acidente, o prefeito determinou que uma amiga nossa, servidora municipal, fosse bem cedo ao almoxarifado buscar lousas e pincéis atômicos para escrever nas escolas e outros pontos os nomes das vítimas, pois estava sem Internet. Tudo muito triste. O sentimento de solidariedade aflora de maneira nunca visto antes. Somos muito pouco, quase nada quando a natureza enfurece. Sirenes tocam toda hora, ambulância, polícia e bombeiros, agora enquanto escrevo já foram identificadas 48 mortes, 38 desaparecidos e 26 resgatados.
A funcionária da Prefeitura de Batatais, Dayana Rosa Mazarão está de férias em Boiçucanga, município de São Sebastião, o mais afetado pelo temporal de sábado, dia 18. Hospedada na casa de nativos na região, ela fez vídeos da situação da praia. A área de lazer na orla, que tinha sido revitalizada recentemente, tem vários danos. As ruas cobertas por lama e a praia cheia de galhos. Segundo Dayana, as pessoas estão precisando de doações. “Está todo mundo precisando de doação, material de limpeza, comida, água potável. É uma situação bem triste, é um lugar onde eu venho passar férias, é paradisíaco. A gente fica muito triste de ver uma situação assim. É um lugar extremamente bonito, todo devastado pela chuva”, disse. A profissional tem retorno programado para esse domingo.
Fundo Social solicita ajuda às vítimas do litoral norte de São Paulo
O Fundo Social de Solidariedade de Batatais iniciou uma campanha para arrecadar itens para ajuda humanitária para as vítimas das fortes chuvas que atingiram o litoral norte de São Paulo nos últimos dias. A população pode contribuir doando alimentos não perecíveis (cestas básicas), kits de higiene e limpeza, água mineral (garrafa ou galão) e roupas limpas e em bom estado.
As entregas podem ser feitas na sede do Fundo Social, que fica na sala 6 do Ciac (Centro Integrado de Atendimento ao Cidadão), na praça Cônego Joaquim Alves, 167, das 7h às 16h.
Todo o material arrecadado será encaminhado para as cidades atingidas pela tragédia, por meio do transporte da empresa Rodonaves, que se prontificou a realizar a entrega no destino voluntariamente.
O Fundo Social faz um apelo para que a população contribua com a campanha: “Solicitamos à população batataense ajuda para podermos amenizar o sofrimento ocasionado por esta tragédia registrada no litoral de São Paulo por conta das fortes chuvas e deslizamentos”, disse Roselara Goreti de Castro, presidente do Fundo Social de Solidariedade de Batatais.
Quem quiser mais informações pode entrar em contato pelo telefone (16) 3761-1644 ou se dirigir ao Fundo Social. A solidariedade é fundamental nesse momento de dificuldade para as famílias atingidas pela tragédia no litoral norte de São Paulo.