Muitos moradores da cidade passam por esse prédio sem imaginar que ele foi a matriz de um dos bancos mais conhecidos do interior do estado de São Paulo. Surgiu em muito da economia da cultura cafeeira do nordeste paulista – à época Alta Mogiana – e da confiança de seus correntistas.
Há 60 anos terminava a trajetória dessa empresa bancária local. Em 1926, começou como casa bancária e em 1943 foi elevado à categoria de banco, perdurando até final de 1959. Na década de 50, esteve entre os 50 maiores bancos nacionais. Chegou a ocupar em 1956, o 17º. lugar no ranking dos bancos brasileiros em poderio econômico.
Possuiu um pouco mais que 70 agências espalhadas pelo estado de São Paulo e uma agência na cidade do Rio de Janeiro, na época, capital federal, inaugurada em 1954. Em 1958, acampou o Banco de Curitiba (e suas agências) e ainda assim, no mesmo ano, transferiu seu controle acionário – ou seja, foi incorporado – ao Banco Comércio e Indústria de São Paulo (Comind) e a família Scatena deixou de participar do conselho administrativo e acionário do banco. No ano seguinte, em 1959, o BAS deixou de existir nominalmente como banco.
O fechamento de suas atividades financeiras no seu auge econômico ainda está no campo das suposições. São elas: a queda do preço do café na 2ª. metade da década de 50; ‘boatos’ depreciativos que deixaram seus clientes inseguros quanto ao futuro do banco e por fim, a própria política financeira nacional que apoiava a incorporação de instituições financeiras de menor porte pelas instituições de grande porte.
O leitor sabe onde ficava o prédio que foi a matriz desse banco? Sabe de qual banco estamos falando?
O prédio datado da década de 20 e de uso misto – residência e casa comercial e, posteriormente casa bancária – é atribuído ao engenheiro proveniente de Ribeirão Preto, Affonso Geribello. Está situado onde fica atualmente o Tabelionato de Notas e de Protestos de Batatais (SP), em frente ao Banco Itaú, no final da Rua Marechal Deodoro esquina com a Rua Coronel Joaquim Alves. A edificação demonstra o poderio da família proprietária da casa e dona da instituição financeira.
Nesse lugar funcionou por um pouco mais de 30 anos, o Banco Artur Scatena S/A (BAS) fundado em Batatais pelo patriarca de uma vasta família de origem italiana, a Família Scatena. O nome de batismo do patriarca era Calisto Arturo Scatena (1878-1967), italiano de Massarosa, província de Toscana, sendo seus pais Paolo Scatena e Stella Lovi.
Segundo consta nos registros do Museu da Imigração do estado de São Paulo, chegou ao Brasil, acompanhado do pai e de sua tia-madastra – Paolo e Clorinda – e mais três irmãos – Luigi, Amélia e Ângelo – quando tinha mais ou menos 12 anos, por volta de 1891. Antes de se instalar em Batatais, a família de Arturo, viveu em São Simão.
Na década de 10 abriu um armazém no ramo de secos e molhados além de vender alguns produtos importados da Itália. Junto a sua casa comercial, abriu uma seção bancária onde representava diversos bancos provenientes dos grandes centros, antes de possuir sua própria empresa, a Casa Bancária Arturo Scatena em 1926. Foi um dos fundadores e vice-presidente da primeira Associação Comercial de Batatais em 1918. Na década de 40, durante a 2ª. Guerra Mundial, Arturo, naturalizou-se brasileiro.
Em 1905, contava com 28 anos, casou-se no civil com Augusta Testa, com quem já era casado no religioso. Arturo e Augusta tiveram 12 filhos, todos falecidos: Jayme (foi casado com D. Nair Yole), Stela (foi casada com Adelino Simioni), Albertina (foi casada com Nicolau Liparelli), Elza (foi casada com Gustavo Simioni), Archimedes (foi casado com Ida Biagi), Oswaldo (foi casado com Flora Pereira Lima), Lauro (foi casado com Maria das Neves), Marina (foi casada com Oto Mello), Paulo (foi casado com Gilka Viana), Leonor (faleceu sorteira) e Elma (foi casada e divorciada de Carlos Collini Netto) e Ézio (falecido ainda jovem e solteiro).
O Museu Histórico e Pedagógico Dr. Washington Luís possui algumas peças que pertenceram ao BAS, como uma escrivaninha de madeira que teria sido usada por Arturo Scatena, dois quadros que retratam Arturo Scatena e sua esposa D. Augusta Testa, a placa de identificação que ficava do lado externo do prédio na matriz em Batatais e outros objetos menores e fotografias. Venha conhecer!
1. Para saber um pouco mais sobre a história do Banco Artur Scatena S/A, sugerimos a leitura do trabalho acadêmico de Danilo S. S. Pastorelli, Os bancos paulistas do interior e o Banco Artur Scatena:1930-1960, de 2004 pela UNESP/Araraquara. O Museu possui uma cópia do trabalho disponível para consulta. Consulte também os jornais da época existentes em nosso acervo.
2. Em breve estará disponibilizado o acervo digitalizado dos jornais impressos de Batatais existentes no Museu. Aguarde!
3. O leitor encontrará um breve recorte de Batatais da década de 50 no endereço eletrônico: http://www.migalhas.com.br/drpintassilgo/comarca?cod=25587#cidade-decada-de-50 e na deliciosa leitura do livro Anos 1950 – história, histórias e memórias do cotidiano, de 2015, do escritor Sami Tebechrani publicado pela Editora Scordecci.
4. Se você procura por imagens e outros documentos sobre Batatais em todos os tempos, o leitor pode buscar pelas redes sociais, em especial no Acervo Digital de Batatais – Eternizando Nossa História, http://www.facebook.com/groups/AcervoDigitalBatatais/?ref=search, e no blog Batatais – História e Memória,http://batataishistoria.blogspot.com
5. Outras dados sobre os moradores e vida administrativa de Batatais, busque no endereço eletrônico do Acervo Histórico da Câmara Municipal de Batatais e faça uma busca virtual: http://acervohistorico.camarabatatais.sp.gov.br/arquivos
6. Quer buscar dados sobre sua origem, comece sua busca virtual pelo Museu da Imigração do estado de São Paulo: http://museudaimigracao.org.br/ ouhttp://www.inci.org.br/acervodigital/passageiros.php e ainda no site do Arquivo Público do estado de São Paulo, http://www.arquivoestado.sp.gov.br/site/acervo/memoria_do_imigrante ou no site do FamilySearch, http://www.familysearch.org/pt/