Nessa semana tivermos a oportunidade de entrevistar o batataense Marcos Antônio Antoneli, de 45 anos, que atualmente trabalha e reside na Capital Paulista. Filho do Pedro Antoneli e da Delza Luzia Antoneli, casado com Daniela, pai do Igor e tendo uma enteada, a Beatriz, Marcos saiu de Batatais em 2007, quando deixou a Rádio e TV Educadora para trabalhar na TV Record e depois na Rede Globo. Exímio cinegrafista, o Marquinho, como é carinhosamente conhecido na cidade, dá detalhes de como foi diagnosticado com o Covid-19 e a luta pela vida que travou bravamente.
JC- Bem Marcos, nos conte como e quando você descobriu que era positivo para Covid 19?
Marcos Antoneli: No dia 1º de abril iniciei com sintomas de gripe, dor no corpo, corisa, tive febre e tomei um analgésico. Mas, com o passar dos dias não melhorei, só fui piorando e no dia 4 de abril, um sábado, resolvi ir até o hospital passar pelo Pronto Atendimento, onde foram efetuados exames de sangue para H1N1, dengue, plaquetas, hemograma e um para ver a possibilidade de ser Covid 19, mas ficaria pronto somente após 48 horas. Fiz também um Raio X do tórax e todos os exames deram todos negativos. A médica então deu o resultado como suspeita de dengue e medicou com novalgina. Após cinco dias febril, medicado e com as fortes dores no corpo e muita tosse, sem apetite, paladar e olfato e início de dificuldade de respirar, minha esposa ligou para o 0800 onde fomos atendidos por telefone. A médica ao ouvir eu tossir já disse: ‘ele está com covid’ e que minha esposa também estava. Fomos orientados que havendo piora deveríamos ir até o hospital. No dia 10 de abril já não estava aguentando mais e pedi para minha esposa me levar. Como os hospitais aqui em São Paulo estão com restrições para entrar e minha esposa estava com suspeita, me deixou lá e foi embora para casa. Passando pela triagem, foi medida minha saturação e imediatamente fui colocado no oxigênio e novamente submetido a exames. Após uma tomografia do pulmão e o teste veio a informação de que eu estava com Covid-19. A batalha começou no dia 11 de abril quando fui removido para outro hospital para ser internado na UTI, em isolamento para pacientes com o novo coronavírus. Minha respiração ia de mal a pior e no domingo, com minha autorização, fui entubado e entrei em coma induzido.
JC- Quando descobriu que era corona vírus, lembra qual foi sua reação?
Marcos Antoneli: Eu na verdade já estava ciente que estava com o vírus e naquele momento sem quase poder respirar sozinho só queria me tratar e sabia que tinha sido a melhor escolha ter ido ao hospital.
JC- Quais foram os procedimentos tomados?
Marcos Antoneli: Exames e o teste do Covid, internação e para meu tratamento ser mais eficaz os médicos me sedaram e eu fiquei em coma induzido por 18 dias.
JC- Chegou a ficar aguardando por muito tempo antes de ir para a UTI?
Marcos Antoneli: O hospital que eu estava era somente para pacientes do Covid 19, então já cheguei e fui direto para a Unidade de Terapia Intensiva.
JC- Você disse que ficou 18 dias em coma. Chegou a ter informações sobre os medicamentos a que foi submetido?
Marcos Antoneli: Foram 18 dias em coma induzido tomando medicação intravenosa e me alimentando por sonda. Os medicamentos foram Hidroxicloroquina, anticoagulante e, como os médicos não sabem na verdade qual medicamento que podem combater o vírus, passei por exames específicos para saber se meu organismo poderia receber, uma nova tentativa de medicamento que foi a Azitromicina. Foram estes e outros medicamentos utilizados para minha melhora.
JC- Marcos, sua esposa também teve o quadro mais grave da Covid-19?
Marcos Antoneli: Como disse minha esposa Daniela foi infectada, mas acredito que pela sua imunidade, talvez esteja mais forte, não chegou a ser transferida para UTI. Lembrando que sou paciente de risco, pois tenho diabetes. Ela ficou muito mal também e precisou ir ao hospital que recusou em fazer o teste do Covid, mesmo sabendo que eu estava em coma e era positivo. Ela não teve tratamento nenhum, infelizmente os médicos não sabem lidar com este vírus, isso porque temos um ótimo convênio e fomos para um excelente hospital, imagina hospitais públicos. Mas, graças a Deus, ela se recuperou sem precisar de tratamentos especializados.
JC- Você tem alguma lembrança de quando estava internado?
Marcos Antoneli: Eu sentia que estava amarrado e como tivesse um anzol no céu da boca. Na verdade, eu estava com os punhos amarrados e a mão enfaixada e o tubo de ventilação na garganta. Percebia pessoas andando, mas tudo muito vago.
JC- Ao retornar à consciência e já sem os aparelhos, teve alguma complicação? Quanto tempo depois foi para o quarto?
Marcos Antoneli: Meu processo de desmame, como eles dizem, foi complicado, pois para voltar me agitava muito e tinha que voltar a sedação, isto foi mais de uma semana. Com isso os dias estavam passando e eu tive um broncoespasmo (asma) e pneumonia. Acordei no dia 29 de abril e para minha surpresa estavam todos que me assistiam: médicos e enfermeiros felizes ao me verem acordar, alguns até chorando. Eu não entendendo nada, achando que fazia uns quatro dias que estava ali. Após dois dias, fui encaminhado para o quarto.
JC- Você consegue imaginar como contraiu o vírus?
Marcos Antoneli: Não tem como saber, eu estava de férias e sai apenas duas vezes para ir ao mercado, nem imagino.
JC- Chegar a achar em algum momento que pudesse morrer?
Marcos Antoneli: Não, pois tinha a certeza no meu coração a todo tempo, desde a ida ao hospital, que eu não estava sozinho e que Jesus estava o tempo todo comigo. Não passei pelo vale da sombra da morte, pois creio que devido ao exército de pessoas que oravam por mim e acreditavam na minha cura e com isto a estratégia de Deus iniciou. Havia uma enfermeira, irmã de uma amiga que estava trabalhando no mesmo andar em que eu estava, fazia vídeos para minha esposa para ela me ver e falar comigo, orava por mim. Mesmo em coma me senti amado o tempo todo.
JC- Quando retornou qual foi a primeira coisa que você quis fazer?
Marcos Antoneli: Com certeza falar com minha esposa através de um vídeo que fizeram dentro do hospital e pedir para ela avisar meus familiares que eu estava bem.
JC- Qual a recomendação que deixaria para que as pessoas possam se prevenir?
Marcos Antoneli: Não saiam de casa, mas caso precise usem máscara, álcool gel e evitem locais com muita gente. Ao chegar em casa coloquem a roupa para lavar e tomem banho. Se cuidem, por favor.
JC- Como está sendo sua recuperação?
Marcos Antoneli: Graças a Deus estou ótimo, apesar das minhas limitações devido ao coma, estou me alimentando muito bem, tenho atendimento com fisioterapeuta em casa, que está me ajudando a recuperar rápido. Já consigo subir escada e minhas mãos já voltaram ao normal. A voz ainda rouca, mas devido muitos dias entubado e por conta da sedação estou adaptando o sono. Mas, tudo feito ao seu tempo e em paz. Hoje vejo que não somos nada. Queremos estar no controle de nossas vidas, mas ela não é nossa. Teve dias que me angustiei em saber da gravidade, porém foi passageiro por saber que estou vivo e que Deus não permitiu que a morte me tocasse. Cada um de nós tem um propósito único em nossas vidas e precisamos cumprir.
JC- Marcos agradecemos muito pela entrevista, que pode servir se alerta para a comunidade.
Marcos Antoneli: Eu que agradeço e afirmo que tudo isso que passei teve como diferencial ter minha esposa pedindo oração para várias pessoas e conseguiu um exército. Com isto deixo aqui um alerta para as pessoas que não acreditam no vírus e não se cuidam que ele existe e é grave. Minha esposa fez lives nas redes sociais pedindo para todos se cuidarem e amarem a si mesmo e ao próximo. Este é o sentido de vivermos e nosso verdadeiro propósito.