Assim também são conhecidos os discos de vinil: a bolacha. Lembra da rosquinha da Mabel? Pois é…
Sempre convivi com o vinil, desde meu nascimento. Meu saudoso pai gostava, pois tinha trabalhado muitos anos na nossa Rádio Difusora, e lá, além de locutor esportivo e repórter, também apresentava um programa de sucessos musicais. O gosto pelos lp’s e compactos seria inevitável. Com isso, ainda criança eu tirava o disco da capa, colocava no toca discos e deitava o braço com cuidado no vinil, num ritual que deixou muitas boas lembranças. Da minha infância, de situações agradáveis com trilha sonora, das lojinhas de discos, de gravar na fita cassete… E é por conta dessas lembranças que já há algum tempo voltei a comprar discos de vinil. E posso garantir: é viciante!
Mas não sou só eu que estou nessa não. A indústria mundial de produção e distribuição de vinis não para de crescer, e isso já tem uns 20 anos. E motivos não faltam. Além da nostalgia da qual já citei, outros pontos impulsionam o retorno das bolachas:
A qualidade de áudio é peculiar. O vinil oferece um som mais rico, quente e encorpado do que os formatos digitais, o que contribui para uma experiência auditiva única. Mas tem também a experiência tátil: o ato de tocar um disco de vinil envolve toda uma preparação, desde retirar o vinil da capa até colocá-lo na vitrola e baixar a agulha. Isso com certeza é mais envolvente do que simplesmente apertar o botão “play” em um dispositivo digital.
Ao contrário do streaming, os discos de vinil são colecionáveis. As capas dos álbuns muitas vezes apresentam arte impressionante, e são apreciadas em tamanho grande, o que realça a arte do álbum e a experiência visual. Muitos vinis se tornam valiosos não somente pela sua música, mas também pelo conteúdo gráfico.
O aumento desse mercado vem resgatando a indústria musical, proporcionando uma fonte adicional de receita para artistas e gravadoras em um momento em que a pirataria digital e as plataformas de streaming afetaram as vendas de música física.
Com o vinil, os artistas retornam o lançamento daquelas edições especiais, limitadas e comemorativas de seus álbuns em vinil, o que atrai colecionadores e fãs dispostos a pagar mais por essas versões exclusivas.
Fuga da digitalização: Em um mundo cada vez mais digital, algumas pessoas buscam uma experiência musical que seja mais tangível e desconectada dos dispositivos eletrônicos. Mas as “vitrolas” não ficaram imunes à modernização. Hoje em dia, é possível encontrar toca-discos com recursos modernos, como conexão Bluetooth e USB, que permitem que os discos de vinil se integrem facilmente a sistemas de som digitais. Ou seja, vintage e high-tech andam de mãos dadas nessa história.
As Feiras de Vinil se espalharam por todo país, se tornando grandes eventos com estruturas como as de grandes festivais de música, atraindo não somente os tiozões do século passado (como eu), mas também uma nova geração que vem descobrindo os prazeres do vinil. Na era do whatsapp, os grupos de venda-compra-troca de lp’s não para de crescer, e eu mesmo já faço parte de vários.
Aproveitando: alguém aí tem o disco “Alucinação” do Belchior, em bom estado de conservação e com encarte?