A vacina trouxe o triunfo da ciência sobre o negacionismo, foi uma vitória e deve ser comemorada, porém sem euforia; 6 milhões de doses é muito, mas não é nada para uma população de 210 milhões, não será suficiente nem para vacinar os agentes de saúde e os idosos.
Dória sabe criar e aproveitar uma oportunidade, deu um show na apresentação cravou o “nós x eles” com marketing, informação e controle da situação, desmontou o discurso bolsonarista promovendo um embate totalmente político no gerenciamento da pandemia no Brasil, tudo orquestrado e com boa regência do governador, mas convenhamos, lançar uma campanha com 6 milhões de doses é ilusionismo, logo acaba e não temos previsão exata de mais vacinas, o que esse sentimento pode proporcionar na população é o que os políticos vão monitorar.
Por conta da nossa desastrosa política internacional, países como a Índia e a China não estão dispostos a ajudar de imediato; o Brasil votou contra a Índia na OMS na questão das patentes e a China não vai esquecer os insultos da família Bolsonaro, além do presidente ter recusado em Outubro, 70 milhões de doses da Pfizer.
O Butantan é o maior produtor de vacinas do hemisfério sul, tem capacidade de fazer 1 milhão de vacinas/dia, mas precisa do IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo) e este vem da China, sem ele não tem vacina, assim como sem farinha não se faz um bolo. Tem brasas sob as cinzas.
O caldo começa ficar ainda mais tóxico porque com o fim do Auxílio Emergencial, o desemprego vai aumentar, preços subindo nos supermercados, salários praticamente congelados e Paulo Guedes achando que é ministro de outro país; Bolsonaro já começa ouvir de perto a palavra impeachment com mais sonoridade e, portanto já busca apoio nas Forças Armadas dizendo que: “Quem define a democracia são as Forças Armadas”, terá ao seu lado também as milícias e os seus apoiadores radicais.
Os deputados do Centrão, onde ele pode se segurar até agora, ao ver as crianças morrendo em Manaus e o prestígio do presidente caindo nas redes sociais já saíram do “nem pensar” para o “pode ser”. A fera começa ficar acuada.
A Guerra da Vacina pode ir para as ruas quando o próximo Presidente da Câmara for eleito, aí veremos a dinâmica do processo. A Saúde não é só pública ela é sobretudo política, infelizmente.