Pesquisa IPEC realizada em todo território nacional entre os dias 2 e 6 de março passado, constatou que os brasileiros querem uma terceira via política para evitar a polarização no Brasil, como a que ocorreu na eleição presidencial do ano passado entre Lula (esquerda) e Bolsonaro (direita). Nada menos do que 57% dos eleitores concordam totalmente ou em parte que deveríamos ter uma terceira via viável para as próximas eleições. Já 27% discordam totalmente ou em parte da afirmação, 5% nem concordam nem discordam, e outros 11% não souberam opinar ou não responderam.
Os números são de certa forma, uma surpresa razoável, uma vez que, cinco meses atrás, todas as candidaturas à presidência consideradas como “terceira via”, naufragaram fragorosamente.
Na minha opinião, passado aquele processo eleitoral desgastante, com dois turnos muito acirrados, veio a ressaca para o eleitor, principalmente aquele eleitor que se posiciona ao centro do espectro político. A eleição presidencial colocou os eleitores, naquele momento, entre a cruz de um presente de baixos resultados e muito radicalismo e a espada do passado de decepção com corrupção e frustração com desemprego.
Essa polarização extremada e a constante “corda esticada”, somada ao pós-eleição cheio de denúncias (frágeis e sem fundamento) contra o processo eleitoral, e movimentos golpistas de uma minoria barulhenta, cansou uma boa parte da população. Esse cansaço virou indignação, e até revolta, após o 8 de janeiro, com a tentativa de golpe frustrada em Brasília, o que, com certeza, influenciou os números desta pesquisa.
O que pode estar se desenhando daqui pra frente, é um recado claro do eleitor: em 2026 ele não quer ser condenado de novo a ter que escolher o menos ruim. E nem ter que ir à urna para votar contra, principalmente num eventual segundo turno, como ocorreu no ano passado.
Isso posto, a pergunta de um milhão é a seguinte (e óbvia): quem terá competência política para atrair esse contingente de insatisfeitos?
É certo que no nosso Brasil, não é necessário muito tempo para que um salvador da pátria seja fabricado, como já vimos em outras tantas oportunidades. Mas não precisamos de um “ungido” para pacificar o país, e dar tranquilidade e segurança para retornarmos o crescimento econômico. Alguém que dialogue com todos, tenha uma história limpa e haja com transparência, não é pedir demais, certo?
Teremos tempo para procurar, e até lá… bem, até lá esse artigo pode já ter ficado antigo. Se é que me entendem.