Nesta semana, mais precisamente em 3 de dezembro, foi celebrado o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência. Mas parece que todos nós somos contra os deficientes físicos, não somente a população de Batatais, mas a grande maioria da população brasileira que ainda não se conscientizou da necessidade de pensar um pouco mais sobre o assunto. Não nos expressamos o que pensamos através de palavras, mas sim através de nossas ações. Ninguém fala claramente, mas quase todos têm em suas ações e formas de demonstrar que não aceitam, ou simplesmente se esquecem das pessoas com deficiência física. É muito bonito quando viajamos para outras cidades, principalmente para as estâncias turísticas como Gramado, Holambra ou Águas de Lindóia, e observamos o respeito que todos têm com relação ao aspecto da acessibilidade. São passeios públicos sem obstáculos, com piso tátil em toda sua extensão, rampas nas esquinas executadas dentro das normas técnicas, acessibilidade em quase todos pontos comerciais, e por aí vai. Mas quando chega a vez de fazermos a nossa parte, parece que nos esquecemos das pessoas com deficiências.
Aliás, nos esquecemos que alguém de nosso convívio pode ser acometido de algum problema no futuro, quer seja uma deficiência visual, mobilidade reduzida, ou outro tipo de deficiência. Então quando falamos de acessibilidade, não estamos falando de garantia de cidadania para os outros, mas sim de garantia de cidadania para nós mesmos, para nossos amigos e familiares em um futuro muito provável.
Falta conscientização
Em conversa com especialista em Planejamento Urbano ele ressaltou que ao andar pelas vias de Batatais pôde observar que boa parte dos proprietários de residências ou mesmo de estabelecimentos comerciais, ao executarem a pavimentação do passeio público, só observam este passeio com olhos voltados para o acesso à esta propriedade. “De uma forma geral se esquecem que o passeio público é um equipamento urbano comunitário, retilíneo e contínuo, que deve ser observado na sua integralidade, se integrando ao passeio do vizinho e aí por diante. As rampas de acesso para os veículos são executadas de forma totalmente individualistas, saindo do nível do leito carroçável e atingindo o nível do portão, com qualquer que seja a inclinação necessária, criando rampas laterais e até degraus intransponíveis para pessoas com mobilidade reduzida ou cadeirantes; ou criando grandes obstáculos que podem provocar sérios acidentes a pessoas cegas ou mesmo com baixa visão. Um passeio público executado com declividade lateral maior que 2% pode provocar a queda de um cadeirante, e é muito comum vermos passeios públicos com declividade lateral com graus que ultrapassam a casa dos 5%”. E o mais agravante está no fato de que muitos passeios são projetados por profissionais renomados, que se preocupam apenas com a parte estética e funcional da obra, visando simplesmente agradar o proprietário, mas se esquecendo de sua função como elemento representativo da sociedade, de elemento técnico responsável por possibilitar acessibilidade a todos. Então temos uma situação de falha coletiva: do proprietário por falta de conhecimento; do profissional que finge desconhecer as normas técnicas, e também do poder público pelo descaso, que não fiscaliza para que o mínimo de acessibilidade e cidadania seja observado nas obras que permeiam pelas vias de nossa cidade. O mínimo que podemos fazer para criar condições de acessibilidade em nossos passeios é:
1) Não criar obstáculos como degraus ou rampas muito inclinadas;
2) Não instalar lixeiras ou algo parecido que impeçam a circulação das pessoas;
3) Quando reformarmos o pavimento do passeio, instalar piso tátil;
4) Em lotes de esquinas, instalar rampas para cadeirantes executadas dentro das normas técnicas;
5) Manter vegetação podada para que não impeça a livre circulação de pedestres e muito menos de cadeirantes.
Lembrando que criar acessibilidade não é apenas uma questão de cumprir a lei, mas uma questão de conscientização, de cidadania e de respeito ao próximo. Se cada um de nós cumprir a sua parte, em breve poderemos ter uma cidade mais agravável, que transmita a ideia de que: ‘Nós somos uma cidade Acessível’.