Lá se vai 23 anos e ainda continua a dar trabalho, não apenas aos organizadores, como também aos alunos, interessados em melhorar as condições para admissão na tão sonhada faculdade. Não bastasse o calvário até o vestibular, temos nesse trajeto o tenebroso ENEM. Criado em 1998 pelo então Ministro Paulo Renato, visava avaliar o ensino médio no Brasil, um retrato do aproveitamento dos alunos que estariam saindo do ensino médio. Passados alguns anos, o exame começou a ganhar ares de maior importância, assim, iniciou -se uma trajetória a facilitar sobremaneira as condições de ingresso em grandes e renomadas universidades, uma ideia sem dúvidas, de expressiva importância. Contudo, não bastasse o calvário e as cobranças desta fase, nossos jovens sofrem a cada ano com as agruras dos erros deste novo adulto, haja vista lá se vão 23 anos. Como adulto, o ENEM ainda não conseguiu passar ileso pela incompetência do estado, a cada exame vira noticia ruim ou estampa as paginas policiais. Em 2009 denuncia de provas roubadas, já em 2010 erro na digitação das provas, em 2011 questões repetidas, sorte de quem sabia a matéria. 2012 o meu Palmeiras foi homenageado, porém de nada adiantou, pois mesmo assim, foi rebaixado naquele ano. Pulamos 2013 ufa, porém, em 2014 houve vazamentos da prova de redação, onde consta que em Teresina alunos receberam o tema da redação minutos antes de entrarem na prova. Para não surpresa, 2015 boatos mobilizaram toda a Policia Federal com a mesma denuncia de vazamentos, já em 2016, acreditávamos que seria o ano da balburdia, novamente houveram vazamentos do tema da redação, somados aos casos de ocupações estudantis nas escolas que seriam aplicadas as provas. Com o “bum” das redes sociais, o ENEM, não poderia ficar de fora, em 2017 as provas foram parar nas redes sociais, mesmo sendo proibido o uso de celulares nas salas de aplicação das provas. Em 2018 os alunos tiveram um merecido descanso, em 2019 a turma do MEC deu jeito de contratar a gráfica responsável pela impressão e distribuição das provas sem respeitar a legislação sobre licitações. Mudou o Governo, novas cabeças, gente treinada, e experiente, alias esse é o discurso que mais se houve atualmente, porém, o ENEM novamente provoca transtornos e, para não perder o costume, fez mais vítimas, desta feita, publicou notas completamente em desacordo com a realidade, provocando uma hecatombe em diversos estudantes a beira de um colapso em ver sua tão sonhada vaga na faculdade distanciar-se com notas finais do teste diversa da realidade. É passada a hora em que os responsáveis pelo Ministério da Educação tenham a medida exata de tamanha responsabilidade envolvida, é imperioso que sejam esses alunos, tratados com o devido respeito. Não cabe no portifólio do Ministério da Educação e na organizadora do exame o INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas, erros tão grosseiros como os ocorridos, é inadmissível aceitar que em 23 anos de aplicação o Instituto não tenha criado barreiras a estancar tamanha vergonha. Errar em fazer uma simples conta ou ao escrever uma palavra, não mede a capacidade de um Ministro, contudo, não pode o Ministério da Educação, levar a descredito a importância que hoje o ENEM representa para população estudantil, em se tratando não apenas de um exame a medir o grau de conhecimento dos alunos, mas, como ferramenta de inclusão social, haja vista ser importante porta de entrada em conceituadas universidades do país. Esperemos que o exame que passou, deixe sua marca indelével, a fim de criar ferramentas para coibir essa sucessão de erros. Não podemos aceitar a imensidão de problemas que o exame já produziu. Se o objetivo é ser um país sério, passemos a cuidar melhor de nossos estudantes, de nossa educação, pois só com ela, poderemos sonhar com dias melhores. Assim, se faz urgente a aplicação de medidas rigorosas a conter os incontáveis erros. Desejo vida longa ao ENEM e parabenizo os alunos sobreviventes de mais um desastre.