/A infância é um período de vida muito pequeno. É uma pena

A infância é um período de vida muito pequeno. É uma pena

Jean Piaget, psicólogo e pesquisador da infância, divide em quatro as fases do desenvolvimento infantil:

  • período Sensório-motor (0 a 2 anos);
  • período Pré-operatório (2 a 7 anos);
  • período das Operações concretas (7 a 11 ou 12 anos);
  • período das Operações formais (11 ou 12 anos em diante).

Nossa reflexão desta semana, embasa-se  no fato da pequenez se firmar como  uma  das melhores fases de nossas vidas: todas que a não adultez.

De modo geral, a fase da infância é para a maioria das pessoas, uma fase de aconchego, afeto, desenvolvimento protegido, início da vida social, estabelecimento de vínculos com familiares e outras pessoas. Do nascer até a idade de doze anos, vivemos o lúdico, o prazer.

Ao afirmarmos que é uma pena ser tão curto o período da infância e também da adolescência, é justamente porque além da beleza que é própria dessas fases, a criança é de certa forma independente fisicamente por sua beleza e vivacidade, dentre outros atrativos, na maioria dos casos  é bem quista. O adolescente em seu desabrochar, também é admirado e querido.

Entre 12 e 17 anos, período  da adolescência, é fase conturbada, geralmente. É o experenciar de diversas sensações. Não se é adulto, não se é criança. A partir dos 15 ou 16 anos, ao depender  da classe social,  o adolescene já trabalha,   possivelmente   de maneira assídua ou engajado em pequenos “bicos”. A maioria, nesse caso, troca os estudos pelo trabalho, comprometendo melhores possibilidades futuras. Para o adolescente que  pertence a uma classe mais privilegiada, há a possibilidade e o compromisso com os estudos. O pensamento direciona-se sobre qual profissão exercerá  no futuro, o que estudar,  tenta vislumbrar  um local  onde possa atuar no  concorrido mercado…

O maior concorrente, para não dizer inimigo, somos nós próprios. Há necessidade de se melhorar a cada dia, precisamos mostrar que somos competitivos,  agirmos de  forma para merecermos os empregos que temos ou desejamos, e os cargos que ocupamos ou ainda galgamos. É incansável a luta, o processo é  contínuo:  ensino médio,  faculdade,  pós graduação, mestrado,  doutorado, pós doc, talvez  outra faculdade, curso para coaching etc etc etc.

Assim, dos 18 aos 70 anos de idade, são mais de 50 anos de luta. Logicamente,  podem ocorrer casos em que as pessoas se aposentem mais cedo, com bons salários e com prognósticos melhores. Concomitantemente, existem também os prognósticos piores, não abordaremos para que não pareçamos pessimistas.

Desta feita, são 18 contra 50, 18 anos de alegrias e 50 anos de compromissos. Dentre esses 18, especificamos os 12 primeiros anos, esses são mais gostosos ainda, é uma fase de descompromissos e de alegrias. Reconhecemos que ao citarmos a infância, falamos da maneira nostálgica que os nascidos no século passado  vivenciaram essa fase. Não falamos da infância a partir da virada do século em que ocorrem os exigentes concursos de misses mirins, a matrícula de crianças de três ou quatro anos em cursos de inglês, o culto a moda, dentre outros.

Sobre a longevidade no Brasil, há estudos que dizem que até 2060, a estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é de que a cada quatro brasileiros,  um será idoso. A atual expectativa de vida é de 72 anos para os homens e 79 para as mulheres, até lá será de 77 para eles e 84 para elas. Porém, mais que pensar em termos quantitativos, há de se enfocar na qualidade de vida. A partir do que já se vê, de maneira geral, sobre os tratamentos dispensados  aos idosos no seio de suas famílias, como serão ou melhor dizendo, como seremos tratados por quem criamos?

Existem famílias que fazem o melhor pelos seus idosos, e outras, que terceirizam seus cuidados a instituições especializadas. Cada caso é um caso!

Ainda, sobre  a reflexão   da infância, destacamos  que eram pouquíssimos os casos  de crianças que apresentavam-se tristes, não falava-se da depressão infanto-juvenil (hoje existente). Se éramos ansiosos, se tínhamos medos e aflições, isso passava com o tempo, ia como vinha. Brincávamos demasiadamente, caminhávamos contra a enxurrada, andávamos de bicicleta, caíamos e levantávamos, machucávamos e sarávamos. Hoje, o número de crianças com braços quebrados parecem menores, é mais comum crianças necessitando de óculos, é a mídia tecnológica ocupando lugar dos exercícios físicos de antigamente.

É comum entre os mais velhos a narrativa sobre o outro: “era meu amigo de infância”. Existia um amor verdadeiro e inocente entre amigos. Confesso: gostaria de viver na infância uns 50 anos e na fase adulta, o que me restasse de vida, com saúde.

É interessante mencionar que as famílias  tinham seus problemas, nossos pais também  tinham, os filhos igualmente, mas parecia que esses problemas eram diluídos no “dia  a dia”, com uma dose  menor ao  número de traumas, sofrimentos, suicídios etc. Por isso gostaria que a infância tivesse a duração que a vida adulta possui.

Pense nisso!