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A ilusão do otimismo fatalista

A trágica morte da mochileira de Niterói, Juliana Marins uma jovem apaixonada por aventuras que ao escalar uma trilha vulcânica na Indonésia despencou de uma altura de 600 metros e lá, ficou presa em uma encosta de difícil acesso, na solidão absoluta esperou o resgate que não veio a tempo.
Esse desfecho irreversível, triste e comovente rompe com a narrativa do otimismo psicológico que conta com ferramentas de motivação pessoal como “tudo vai dar certo no final”, ou “vai dar tudo certo”, “pense positivo”…, esse otimismo teleológico só é possível em filmes com final feliz onde o vilão é punido. Acreditamos que o nosso sofrimento atual e real será compensado como nos filmes.
No caso da mochileira Juliana o bem não venceu e nada deu certo no final. Essa ilusão desse otimismo fácil e fatalista não é recomendado pois nem sempre tudo termina bem, nem todos serão salvos e o final pode ser simplesmente trágico, sem redenção, sem lição, sem consolo.
O mal existe, o sofrimento é real e não há garantia alguma de que haverá justiça no final, que digam os milhões de anônimos que são esquecidos em tragédias pequenas e grandes. Juliana morreu aguardando o resgate que não veio.
A reflexão que sua história impõe é incômoda, mas necessária: a vida não é uma narrativa de auto-ajuda, é preciso reconhecer isso para agir com responsabilidade no presente e através de um gesto ético admitir que nem tudo termina bem, digo isso, porque também a esperança é vendida como um produto de consumo e como mercadoria ela também não oferece nenhuma garantia no fim, quem isso assegura só garante a urgência do agora.