As farmácias nesse período foram essenciais para o combate à Gripe de 1918. Eram elas que manipulavam as medicações e chás prescritos muitas vezes pelos próprios farmacêuticos e pelos médicos.
Não conseguimos obter informações precisas se os estabelecimentos comerciais, pensões, pequenas fábricas e oficinas foram fechados durante o pedido de isolamento domiciliar, pois todas as orientações tratam de evitar principalmente aglomerações, sobretudo, noturnas.
Em final de outubro, a Companhia Férrea da Mogiana avisou o corte nos horários de trens noturnos entre Campinas e Ribeirão Preto e a Companhia Paulista cortou os horários de todos os seus trens noturnos para qualquer lugar. Muitos creditavam à intensa mobilidade social pelas ferrovias da época como fator de proliferação intensa do contágio da Influenza.
O alistamento militar nacional, as atividades do Tiro 26 e do grupo de escoteiros local ficaram suspensos enquanto durasse a epidemia. Curioso notar que as propagandas de fórmulas e testemunhos de pessoas curadas começaram a aparecer com maior periodicidade no jornal. As tentativas de combate a ‘epidemia’ chegavam à população, muitas vezes, cercadas de charlatanismo. Há uma publicação no jornal, que a princípio não parece ser propaganda, sobre o uso do alho e da cebola como curativas para o caso da Gripe Espanhola (foto acima).
Outra tentativa de cura muito propagada, mas que ao final não se mostrou tão exitosa no combate a Gripe Espanhola foi reproduzida na Gazeta de Batataes, contendo a fórmula usada pelo Serviço Sanitarista do governo do Uruguay. Segundo consta, a Diretoria de Saúde do Rio de Janeiro estava fazendo uso da mesma fórmula em seus pacientes: “tintura de iodo 30 gotas, pyramidon 1 gramma, camphora e sulfato de sparteína 10 celgs, canella dose necessária.”
A Igreja Católica manifesta-se a princípio solicitando aos padres que durante as missas, caso possível, fosse proferida a oração provitando mortalitate tempore pestilentia para livrar a todos da peste instalada nesses tempos. Entendemos então, que a princípio as celebrações religiosas não foram suspensas.
Na Gazeta de Batataes do dia 31/10/1918, (observem: passados quatro dias da edição anterior), em menos de quinze dias do primeiro alerta do periódico, foi confirmada a existência de alguns poucos casos na cidade, no entanto, não houve indicação do número de pessoas infectadas e possíveis óbitos.
Quando tem início o mês de novembro, foram suspensas as festas religiosas daquele período sendo postergadas para janeiro de 1919. As autoridades políticas e religiosas do município pediram à população que evitassem romaria aos cemitérios no Dia de Finados.
Segundo o jornal, desde os primeiros dias de novembro, foram instalados dois hospitais de apoio aos menos favorecidos e ao destacamento policial local, fazendo-se incluir nessa assistência os detentos da cadeia. Esses hospitais foram montados por iniciativa da municipalidade, conforme pedido verbal apresentado pelo prefeito e aprovado por unanimidade pelos vereadores. Foi criada uma comissão da Câmara Municipal para arrecadação de fundos e donativos para os hospitais, cuidar dos doentes e assistir seus familiares. A Comissão foi composta pelo vice-prefeito, José Ordine e os vereadores Gabriel Martins de Oliveira e o Coronel Manoel Victor Nogueira.
Existiu então um hospital de campanha feminino, no Salão Santa Cecília e outro masculino, no Grupo Escolar Dr. Washington Luís. Além desses dois hospitais de apoio, a Conferência São Vicente de Paulo também atendeu a população carente principalmente com suprimentos e medicação e a Santa Casa de Misericórdia foi atuante e combativa atendendo ao público em geral. Consta nas fontes pesquisadas que a Câmara Municipal, a Conferência e a Santa Casa custearam o enterramento de vários vitimados pela epidemia.
Foram convidados ou se voluntariaram para o enfrentamento à epidemia: para os serviços de hospitalização, o farmacêutico José Theodoro da Silva Dedéca; para os serviços médicos, Dr. José Dutra de Oliveira e o Dr. Francisco Simões da Costa Torres; para os serviços de enfermagem, Dona Bazília Hortência Ferreira da Rosa (viúva do Coronel Joaquim Rosa).
No início dos atendimentos, neste mesmo mês de novembro, os médicos atendentes dos hospitais de apoio a população carente ‘pegaram’ a Gripe, porém logo se recuperaram. O fato dos dois médicos voluntários adoecerem fez com que um médico sanitarista de São Paulo, Dr. Plínio de Castro, viesse em socorro aos “grippados” do município, ficando na cidade até o fim da epidemia.
Na seção do jornal Ecos & Fatos, do dia 24/11/1918, noticiaram que os médicos locais, envolvidos na luta contra a Influenza, acreditavam que até a primeira quinzena de dezembro daquele ano o “mal reinante” estaria extinto na cidade. Os médicos ressaltaram que em Batatais existiram apenas casos de “caráter benigno” da Gripe Espanhola.
A maioria dos infectados não precisou ser hospitalizada, apenas ficando em isolamento e repouso domiciliar, “salvo alguns casos de violenta recahida e outros em que houve complicações mórbidas de caracter grave (…)”.
A imprensa transmitia reiterados pedidos à população para que evitassem “diversões, reuniões e aglomerações”. Pelo observado, uma minoria não atendeu aos pedidos (texto abaixo).
Em Batatais, em fins de novembro, passado um mês do anúncio da proliferação da doença, foi estimada a existência de 60 casos da influenza, além do óbito de cerca de 20 pessoas.
No entanto, observamos que na edição do dia 01/12 noticiava que a epidemia dava sinais de finalização na cidade, pois “nos hospitais montados havia apenas 03 homens e 09 mulheres internadas.”
No dia 08/12, conforme o noticiário da edição 634, a epidemia de Gripe Espanhola, começou a “entrar de vez em declínio na cidade”. Por isso, os hospitais de campanha montados para este fim foram fechados. A Gazeta de Batataes, com o título “A EPIDEMIA REINANTE – O número de mortos pela grippe no municipio de Batataes, desde sua invasão. AS NOSSAS INEGUALAVEIS CONDIÇÕES CLIMATOLOGICAS” apresentou aos leitores, os nomes e idade dos mortos vitimados pela Influenza até aquela data. O total de óbitos, de acordo com o periódico, na cidade foi de 30 pessoas.
No distrito de Matto Grosso de Batataes, atual Altinópolis, informaram que não tinham casos graves da doença e que foram enviados medicamentos às farmácias para tratamento dos doentes domiciliados. O total de óbitos naquela localidade teria sido de 14 pessoas.
A população, autoridades e os médicos atribuíam a pequena expansão dos casos de contágio e número de óbitos às qualidades climáticas e sanitárias do local, “Batataes é um verdadeiro sanatório natural”, porém não existem estudos efetivos sobre a relação das condições naturais e a gripe espanhola.
O que preocupava as autoridades do município era a expansão da Gripe na zona rural. As más condições de higiene e saneamento, moradia e trabalho em que viviam os trabalhadores rurais contribuíram para que a extinção da epidemia não ocorresse naquele último semestre de 1918 (sobre a zona rural não temos dados informativos, além dos que observamos no Livro de Enterramento do Cemitério Municipal).
Conforme ainda o periódico do dia 08/12, a Fazenda Sellado possuía vários contaminados. Essa manifestação na zona rural, mesmo que em número reduzido ajudou na permanência da moléstia durante o primeiro semestre de 1919.
Em meados de dezembro, as notícias sobre a gripe epidêmica deixaram de ser alarmantes, ficando mais brandas e algumas atividades, até então paradas, foram retomadas, como a programação cinematográfica do Teatro São Carlos, as aulas do Tiro 26 e do Grupo de Escotismo. O Salão Santa Cecília, servindo de hospital durante a epidemia voltou a funcionar apenas em janeiro de 1919. Nesse intervalo foi feita sua desinfecção e esterilização. O jornal anunciou inclusive a instalação do Circo Alcebíades na cidade.
O noticiário trouxe notas informativas sobre a volta às aulas dos colégios particulares, como o Colégio Soares, o Colégio Diocesano de São José e o Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, nos primeiros meses do ano de 1919. As aulas do Grupo Escolar Dr. Washington Luís e das escolas isoladas suspensas devido a Influenza Espanhola desde outubro do ano 1918, só foram reiniciadas no final de março de 1919. As instalações do Grupo Escolar passaram por desinfecção, esterilização, reformas e pintura.
Na edição do dia 23/12/1918, a Gazeta de Batataes considerava a moléstia totalmente extinta, embora na seção Necrologia do jornal, a morte por Gripe Pneumônica ainda fosse anunciada.
O jornal apresentou, na última edição do ano, 29/12, uma lista nominal dos apoiadores dos hospitais de campanha que ajudaram os médicos e enfermos com insumos, medicações e alimentos. Acreditamos que a população de Batatais tenha sido bastante solidária, mas não há registros nos jornais e nos trabalhos dos memorialistas. Será que a epidemia foi “apagada” da memória coletiva e individual?
A partir de janeiro de 1919, praticamente nada foi encontrado sobre a Gripe Espanhola nas edições do jornal analisado. Somente uma anedota (a última do quadro) e o artigo, no mês de março com o título “A grippe hespanhola”, sobre uma informação dada pelo cônsul brasileiro na Espanha, dando conta da chegada de um navio vapor, o Leão XIII, de origem espanhola aos portos do Rio de Janeiro, “com pelo menos 136 grippados”.
Observamos que em nenhum momento foram dadas informações sobre a Influenza Espanhola vindas da capital paulista ou federal. Pareceu-nos que a população batataense teve acesso restrito ao caos que foi estabelecido com a pandemia. Isso seria para mascarar os dados ou para se evitar pânico? Também não foi apresentado ao leitor da época, nem mesmo especulações sobre a origem da doença.
Sobre as cidades vizinhas, somente na primeira vez que o assunto foi tratado no jornal é que a cidade de Ribeirão Preto foi referenciada. Outro tema que nos deixou em dúvidas foi quanto aos velórios, que continuaram pelo jeito, acontecendo normalmente na cidade, mesmo com a proibição de aglomerações e a possível contaminação pós-morte do vitimado pela Gripe.
Vale a pena pontuar que na edição do dia 08/12/1918 foi feita uma referência a uma publicação no semanário ítalo-paulista Fanfulla de uma carta anônima datada do dia 28/11 denunciando uma situação um pouco mais caótica em Batatais: “Aqui, a epidemia fez um progresso tão rápido como ninguém o esperava. Quantos casos? E quem os sabe? Nos hospitaes os doentes são poucos; porém, nas casas privadas são ás centenas. Muitos foram os casos fataes.” O jornal local, rebate a correspondência e finaliza: “Está provado á evidencia, que no municipio de Batataes o vendaval que passa foi de uma benegnidade incomparavel.”
Na Gazeta de Batataes havia uma seção chamada de “BONS BOCADOS – Crítica & Humorismo”, assinada por alguém de pseudônimo, o QUITANDEIRO. A seção dedicava-se ao humor, com algumas anedotas e críticas em geral. Sobre a Gripe Espanhola deixamos aqui registrado o que encontramos sobre o tema, conforme grafia da época:
Assevera se que em cidades vizinhas já ha quem ande com a “hespanhola” e em condições graves.
– Antes só, do que mal acompanhado – diz a verdade salvadora.
Affirmam que a “hespanhola” é um dos productos das evacuações allemãs.
– Até pela culatra os boches espremem sua ira contra a humanidade!
O povo todo está cheio de conselhos para evitar a “hespanhola”,e, no entanto, todos andam com Ella.
– E dizer-se, com um milhão de touros! Que a vaca da hespanhola ainda não está cheia!
A “hespanhola” segundo telegramas, está em toda parte.
– Eis ahi um dos raros casos de… ubiquidade
A guerra, a peste e a fome – eis os tres peiores males da humanidade!
– Mas… o da morte não será um quarto e peior ainda?
O conselheiro Rodrigues Alves ainda não assumiu a presidencia porque a “hespanhola” continúa a prende-lo na cama.
– Pobre conselheiro! Como dever estar exhausto, abatido e falto de energia!
De Mucio Teixeira:
Pelas francesas me arrebato,
Para as italianas corro,
Pelas brasileiras mato,
Pelas hespanholas morro.
LIVRO DE ENTERRAMENTO DO CEMITÉRIO MUNICIPAL
Conforme o Livro de Enterramento do Cemitério Municipal n 1º (1904-1926), entre os meses de janeiro a setembro de 1918 houve um total de 190 enterramentos. Desse total, apenas 18 pessoas, entre menores, jovens e adultos, apresentaram como causa da morte: gripe pulmonar, broncopneumonia e pneumonia. Houve o enterramento de 34 fetos. Poucos foram os casos em que o óbito ocorreu da piora do quadro inicial por algum tipo de síndrome gripal, como 02 óbitos por catarro sufocante e 01 óbito por gripe intestinal. Foram encontradas também 10 mortes indicadas com algum tipo de tuberculose. (Livro 1, p. 100-105)
Para o mês de setembro, período provável da chegada da doença no Brasil, do total de 20 enterramentos: 04 foram de feto (morte natural), 05 crianças menores de 2 anos. Desse total, apenas 01 óbito de pessoa adulta por pneumonia e outro de um menor com broncopneumonia. Foram indicados também 02 óbitos de adultos por tuberculose pulmonar. Percebemos então que não houve o aparecimento de casos por ‘grippe’ indicados no mês em questão.
Em outubro, quando a Influenza Espanhola já havia se instalado e disseminado por todo o Estado de SP consta no Livro de Enterramentos do Cemitério Municipal o total de 19 óbitos, sendo registrados 03 óbitos por doenças respiratórias: 01 por pneumonia e 02 por tuberculose pulmonar.
O primeiro óbito que apresentou como causa da morte “pneumonia forma adynamica” ocorreu no dia 18/10. Tratava-se de uma jovem de 18 anos, natural de Altinópolis, de cor branca, casada, moradora da Fazenda Cascalho de nome Alcidia Luzia de Souza. Os outros 3 óbitos por doenças respiratórias apresentaram como causa da morte, tuberculose pulmonar. Um no dia 11/10, o 2º no dia 28/10 e o 3º no dia 30/10. Todos adultos e moradores na cidade (Livro 1, p.106).
No mês de novembro, percebe-se um aumento significativo do número de óbitos em relação aos meses anteriores. Foram 48 óbitos no total. Desse total, 31 óbitos foram indicados como decorrentes de doenças respiratórias: 13 foram indicados como causa da morte “Grippe” ou “Grippe pneumônica”; 15 óbitos foram de broncopneumonia e pneunomia “no decurso da grippe”; 01 óbito por “nefrite em decorrência da grippe” e outro óbito por “aritmia cardíaca em funsão da grippe”. Óbito por tuberculose pulmonar: 01 caso.
O primeiro óbito registrado como “Grippe” deu-se no dia 06 de novembro. Foi uma mulher de 30 anos, de nome Maria Jeronyma, de cor branca, casada, considerada indigente e assistida pela Conferência São Vicente de Paulo. Não há indicação do local de residência.
O perfil das 30 pessoas acometidas pela gripe ou em ‘decorrência dela’ em novembro, tinham idade entre 3 meses a 75 anos, com maioria de jovens e adultos entre 18 e 50 anos. Nesse total, encontramos 08 menores de quatro anos. Todos moradores da cidade, menos 3 óbitos em ‘decorrência da gripe’ em que as pessoas eram moradoras da Fazenda Macahúbas. O restante foram moradores da cidade e adjacências. Geralmente, os estudos apresentados por gênero, indicam a predominância de óbitos masculinos, pelo fato do homem ser o chefe provedor da casa, ou seja, aquele que se expõe ao sair para o trabalho. No entanto, em Batatais, temos um equilíbrio quanto ao óbito por sexo. A maioria dos vitimados eram naturais do município. (Livro 1, p. 106-107)
Em dezembro de 1918 foram registrados 36 óbitos no total, número um pouco menor que no mês anterior. Desse total: 20 com doenças respiratórias e/ou gripais: apenas 01 óbito com indicação da causa da morte como gripe pneumônica; 15 óbitos indicando como causa da morte: pneumonia gripal, broncopneumonia e infecção gripal; 03 óbitos em ‘decorrência da gripe’, como gastrenterite, hemorragia cerebral e enterocolite e 01 óbito por tuberculose pulmonar.
Percebemos que no mês de dezembro, a incidência de casos na zona rural sofreu um ligeiro aumento e em locais diversificados. As fazendas que aparecem indicadas foram: Fazenda Santa Fé, Fazenda Morada, Fazenda Desengano, Fazenda Angola, Fazenda Cachoeira, Fazenda São Pedro e Bairro da Ilha. (Livro 1, p.107 a 109)
No mês de janeiro de 1919, a moléstia havia sido considerada extinta no município pelas autoridades médicas e sanitárias. Foram registrados o total 24 óbitos. Nenhum registro de óbito foi feito como “Grippe”. Em 10 óbitos a indicação da causa da morte foram doenças respiratórias: 04 óbitos por broncopneumonia gripal, 01 óbito em decorrência da gripe, como meningoencefalite, outro óbito por pneumonia gripal e os 04 óbitos restantes por tuberculose pulmonar. (Livro 1, p.109-110)
Para o mês de fevereiro de 1919, os óbitos foram reduzindo gradativamente. O total para fevereiro foi de 27 óbitos. A variação da causa das mortes também começa a se diferenciar. Do total de óbitos, foram indicados 08 óbitos por doenças respiratórias e gripais. Apenas 03 óbitos aparecerem com causa da morte relacionada a um estado gripal: 01 com pneumonia gripal, 01 por catarro sufocante por pneumonia gripal e o outro óbito por intoxicação gripal. Dos demais óbitos, 02 constam como broncopneumonia, 01 pneumonia dupla e 02 com tuberculose pulmonar. Apenas dois casos foram de moradores da zona rural. Desse total de 08 óbitos, 04 eram menores de 3 anos. (Livro 1, p.109-110)
Em março de 1919, foram registrados no total de 17 óbitos. Nenhum deles consta como causa da morte doenças respiratórias e/ou gripais. (Livro 1, p. 109-111)
No mês de abril de 1919, foram registrados 17 óbitos. Apenas 01 caso por doença respiratória: “pleuriz tuberculose”. (Livro 1, p. 110-111)
Para o mês de maio de 1919, 26 óbitos foram registrados. Do total de óbitos, 07 estavam relacionados a doenças gripais e/ou respiratórias: 04 casos estavam registrados como broncopneumonia, inclusive 01 deles consta broncopneumonia gripal; 01 caso de pneumonia gripal; 01 caso de tuberculose e 01 caso fibromatose pulmonar. Desses 07 casos pontuados, 03 óbitos foram de moradores da zona rural. Dos 04 casos de broncopneumonia: 03 são de crianças menores de 2 anos e de 01 adulto de 29 anos morador no Bairro Sant’Ana. O caso de pneumonia gripal foi de uma jovem de 15 anos moradora na cidade. (Livro 1, p.110-112)
O mês de junho de 1919 foram 38 enterramentos. A maioria por doenças respiratórias e/ou gripais. Apenas 14 óbitos foram registrados por outras causas. Tivemos 01 óbito registrado como “Grippe”: ocorreu no dia 15 de junho, Angelina Firola (?), de 18 anos, casada, branca e moradora da Fazenda Morada; 01 óbito registrado como “broncopneumonia conseqüente a Grippe”: criança de 2 anos e meio, branca, de nome Natalina, morava com os pais na Fazenda Macahúbas; 02 óbitos por gripe pulmonar ou pneumonia gripal de um homem e uma jovem indigentes, moradores na cidade; 16 óbitos por “Broncopneumonia Grippal”; 01 óbito por “nefrite grippal” e 03 óbitos por tuberculose pulmonar. (Livro 1, p.112-114)
Acreditamos que um dos fatores para que ocorresse este aumento tenha sido a chegada do inverno. Alguns pesquisadores apontam também que a enfermidade epidêmica tenha desaparecido no Brasil somente em agosto de 1919.
Em julho de 1919, ocorreram 45 enterramentos, apenas 14 foram de causas diversas, os demais 31 óbitos foram por doenças respiratórias e/ou gripais ou mesmo em decorrência. Na causa da morte, 03 óbitos foram indicados como “Grippe”. Os três óbitos por Gripe foram: o 1º de um menino de sete anos, de nome Silvério, cor branca, filho de Jachinto Januario Medeiros, morador na Fazenda Santo Antônio; o outro foi de um menino com oito dias de vida, de nome Pedro Munari, cor branca, filho de Antônio Munari morador na Fazenda Colônia e o 3º óbito foi de uma mulher, Rita Maria de Jesus, com 25 anos, casada, de cor parda, filha de Luis Antônio Pereira, moradora na Fazenda São Pedro. Encontramos 04 registros de óbitos por pneumonia: um por gripe pneumônica e três por pneumonia gripal. Os óbitos por broncopneumonia gripal foram a maioria: 22 casos. Dos 22 óbitos por broncopneumonia gripal, apenas 03 foram de moradores da cidade, os demais moravam em fazendas, sítios e adjacências. Tivemos 01 caso de tuberculose pulmonar e 01 registro de “miocardite grippal”. (Livro 1, p. 114-115)
No mês de agosto de 1919 foram registrados 25 enterramentos. Desse total, 10 óbitos estavam relacionados a doenças respiratórias e/ou gripais, os demais 15 óbitos foram registrados com outras causas. Neste mês houve 01 caso de óbito registrado por “Grippe”: foi no dia 26/08, uma menina de 17 dias, Luzia Tânia, filha de Augusto Alípio da Fonseca, morador da Fazenda São Pedro; 04 óbitos foram por broncopneumonia gripal, todos moradores na zona rural. Foi registrado ainda 01 óbito por pneumonia gripal (cidade); 01 óbito por hemorragia gripal (cidade); 01 óbito por infecção gripal (zona rural) e 02 óbitos por tuberculose pulmonar. (Livro 1, p.115-116)
Em setembro de 1919, houve 23 enterramentos, dos quais 10 indicadas como doenças respiratórias e/ou gripais: 01 óbito teve como causa a “Grippe”: ocorreu no dia 21/09, com um menino de dois dias de vida, Pedro Scienna, filho de Antônio Scienna, morador na fazenda São Pedro; 07 óbitos por broncopneumonia gripal. (Livro 1, p. 116-117)
No mês de outubro de 1919 constam 17 enterramentos. Desses 04 óbitos estão relacionados a doenças ou distúrbios respiratórios e/ou gripais ou em decorrência desses estados: 01 óbito por broncopneumonia; 01 óbito por pleuriz; 01 óbito por enterocolite crônica e gastrointerite gripal e 01 óbito por tuberculose pulmonar laríngea. (Livro 1, p. 117-118)
Em novembro de 1919, há 34 enterramentos; 11 óbitos relacionados a doenças respiratórias e/ou gripais. Desses óbitos apontados: 07 foram por broncopneumonia de origens variadas; 01 por pneumonia dupla; 01 por catarro sufocante e 02 por tuberculose pulmonar. Nenhum caso de gripe registrado. (Livro 1, p.118-119)
Para o mês de dezembro de 1919, foram enterradas 35 pessoas, das quais 12 apresentaram como uma das causa da morte algum tipo de doenças respiratória: 10 foram por broncopneumonia de origens variadas e 02 mortes por tuberculose pulmonar. Nenhum caso de gripe registrado. (Livro 1, p. 119-120)
– Um dado importante a ser mencionado, é que para o período crítico da Gripe Espanhola, o final de 1918 e início de 1919, pesquisadores do tema, incluem como possíveis mortes em conseqüência da gripe ou mesmo com diagnóstico de Gripe Espanhola, os casos de óbitos onde constam pneumonia e broncopneumonia. Na literatura sobre o tema, dentre as complicações mais graves da enfermidade em questão constam: a meningite, meningoencefalite, derrame pleural, gastroenterite e miocardites gripais. Em todos os meses pesquisados, onde a doença constava, encontramos um grande número de mortes por gastroenterite.
– É importante ressaltar que nem todas as localidades sofreram os mesmos impactos da epidemia. Especificidades, como tempo, ritmo, espaço, número de habitantes, observância das orientações e enfrentamento pelas autoridades políticas e médicas e pelo restante da sociedade, eficácia dos tratamentos, condições naturais, socioeconômicas e sanitárias foram diferenciadas para cada município.
– Vale lembrar que não temos os dados de enterramentos para o Cemitério Paroquial.
* Agradecemos o historiador e genealogista Sérgio C. Amaro que prontamente nos auxilia quando solicitado.
** Em função do distanciamento social que enfrentamos, infelizmente, não coletamos dados sobre a memória da Gripe Espanhola. O que com certeza a população batataense poderia contribuir.