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A eleição 2020 em Batatais

Terminado o processo eleitoral municipal em nossa cidade, e baixada a poeira da campanha política, algumas conclusões podem ser tiradas com base nos resultados apresentados pelas urnas eleitorais batataenses.

Primeiramente, eu me referi à “poeira” no primeiro parágrafo, mas na realidade o que se viu nas eleições deste ano por aqui foi um “pózinho” bem ralo, por alguns motivos, basicamente: pandemia, campanha mais curta, descrédito da classe política, desejo de mudança, e favoritismo disparado da candidatura Juninho Gaspar e Ricardinho Mele.

Esta análise que aqui faço, não é um devaneio abstrato e sem fundamentos. A eleição municipal deste ano foi a nona que participei ativamente, seja como candidato, ou como parte da equipe de campanha, desde a já longínqua e emocionante campanha municipal de 1988, quando meu saudoso pai Claret Dal Picolo perdeu a eleição para o também saudoso Salim Mansur, por uma pequena diferença de 5 pontos percentuais, definida nas duas últimas semanas de campanha. De lá pra cá, acumulei vitórias e derrotas na política, situações que fazem parte da política, e que me trouxeram experiência, conhecimento das realidades de nossa cidade, e condições de entender os processos eleitorais, eleição por eleição, pois cada uma tem a sua história.

Voltando a eleição deste ano, ficou muito claro que a pandemia do coronavírus foi fundamental para que a movimentação política fosse minimizada, sem aquelas visitas às casas dos eleitores, ou aglomerações em festividades e locais públicos. Com isso, a campanha ficou restrita ao horário gratuito do rádio e televisão, aos materiais impressos (“santinhos” e jornais) e, principalmente, à propaganda nas redes sociais da internet, que demonstrou ser disparado o meio mais eficaz e rápido de comunicação com o eleitor.

Por conta desta realidade, e com a mudança do calendário eleitoral, a campanha foi mais curta, e os candidatos tiveram que se preocupar em transmitir mensagens objetivas, sem planos mirabolantes, com um olho na baixa condição financeira que os municípios, de uma forma geral, vão enfrentar no próximo ano. Ou seja, tivemos menos tempo para polêmicas eleitorais, que muitas vezes diminuem ainda mais o interesse eleitor na eleição. Junte-se a isso, a altíssima rejeição que a classe política vem enfrentando por conta dos desmandos vindos principalmente de Brasília e do nosso vizinho Rio de Janeiro, temos a resposta pelo maior percentual de abstenção na história das nossas eleições.

Por fim, desde antes do início oficial da campanha em Batatais, um favorito despontava: Juninho Gaspar. Pelo seguinte:

Juninho carregava um “recall” da eleição para prefeito de 2016, quando ficou em segundo lugar com mais de 7.500 votos, que, teoricamente, tenderiam a votar nele novamente.

Era um candidato jovem, de família tradicional na política (Gaspar Gomes), simpático (sim, isso também conta para conquistar o voto), com um bom trabalho como vereador, e que realmente demonstrava para o eleitor ser o candidato que melhor representava a tal “mudança”, tão desejada pela maioria do eleitorado batataense.

A atual administração municipal passava por claro desgaste, e como o atual prefeito não seria candidato à reeleição, a missão da chapa oficial Mazzaron/Pimenta de encontrar um discurso que tivesse alguma identificação com as expectativas do eleitor, ficou muito reduzida. Ficava claro que este ciclo desta administração estava fechando.

A “pá de cal” foi a vinda de Ricardinho Mele para compor a chapa como candidato a vice-prefeito. Médico carismático, profissional elogiado e adorado pela grande maioria dos batataenses, de sorriso largo e também jovem como Juninho. A dobradinha caiu no gosto do eleitor logo de cara, e antes do início da eleição as pesquisas já davam larga vantagem aos jovens candidatos. Ou seja, com o resultado já previsível no início da campanha, esta se tornou morna, e me arrisco a dizer, foi a mais tranquila da qual participei desde 1988.

Detalhe importante: tanto Juninho e Ricardinho eram, disparados, os candidatos com o maior engajamento e seguidores nas redes sociais, o que considero um dos fatores fundamentais para a ampliação da vantagem na votação final.

O modelo de administração centralizadora do “EU FAÇO!” termina, e dá lugar à gestão participativa e do diálogo baseada no lema “Nós todos faremos”. As dificuldades serão muitas, mas as expectativas também, assim como a disposição da nova dupla de governantes que inicia sua caminhada frente ao executivo municipal no próximo dia 01 de janeiro. Boa sorte e bom trabalho, Juninho e Ricardinho!