Um assunto recorrente de praticamente todas as eleições municipais de nosso país, é o tamanho da dívida assumida pelos eleitos. Aqui em Batatais, esse tema também é comentado a cada 4 anos durante a campanha eleitoral, e em especial neste ano, uma vez que a preocupação dos candidatos é ainda maior dada a situação precária nos municípios causada pela diminuição da atividade econômica proveniente da pandemia de Covid-19. Ou seja, o planejamento para 2021 deve ser ainda mais criterioso.
Mas neste artigo vou focar num episódio em especial que me chamou a atenção no último final de semana, durante o programa eleitoral gratuito da televisão, da coligação do candidato do atual governo aqui de Batatais.
Durante esse programa, houve a participação do prefeito municipal, José Luis Romagnholi, que afirmou que recebeu a prefeitura em 2017 com uma dívida de 36 milhões de reais, e que com muita dificuldade conseguiu administrar aquela dívida. Esse valor significa quase 20% do atual orçamento municipal, e é realmente muito grande. O programa está disponível pra quem quiser conferir, na internet.
Pergunta objetiva: essa tal dívida de 36 milhões foi produzida somente nos quatro anos da administração anterior de Eduardo Oliveira (2013-2016)?
Se realmente esse montante for verdadeiro, e o valor foi acumulado apenas na administração Eduardo Oliveira, então aquela gestão foi um desastre histórico, certo? Não é bem assim…
Quem era o prefeito antes de Eduardo Oliveira tomar posse em janeiro de 2013? Exato: o mesmo José Luis Romagnholi, e por dois mandatos, entre 2005 e 2012. Ou seja, a tal dívida, que segundo os dados orçamentários disponíveis no Portal de Transparência da Prefeitura Municipal não foram acumulados somente durante a administração Eduardo Oliveira, na realidade tem um responsável bem conhecido: o próprio José Luis Romagnholi, que repassou grande parte desta dívida para o prefeito seguinte, Eduardo Oliveira.
Essa é uma prática que tem que acabar na gestão pública aqui de Batatais. Dívidas que são passadas de administração para a próxima, sem que o gestor assuma a responsabilidade de enxugar a máquina pública, aplicar corretamente os recursos, otimizar os gastos internos e PAGAR, dentro de uma programação realista, essa dívida interminável.
O atual prefeito tem o péssimo hábito de corriqueiramente tentar responsabilizar outras pessoas por erros cometidos por ele mesmo, na tentativa de parecer infalível e dourar uma certa aura de “gestor”.
Não tenho procuração para defender o ex-prefeito Eduardo Oliveira, mas com certeza essa dívida não pode ficar só nas costas dele. Aliás, a maior parte dela tem lugar certo: no colo do atual prefeito.