A internet criou o seu tribunal e nele a grande justiceira é a “cultura do cancelamento”, esta vem querendo criar uma nova justiça social interrompendo posturas, que alguns autonomeados guardiões da pureza política, se acham mais íntegros que os restantes e passam a considerar determinadas posturas inaceitáveis. Essa é uma atitude persuasiva que para o bem ou para o mal tornou-se uma força poderosa.
Dentro das redes sociais as pessoas definem o que é certo ou errado sem uma lei ou instituição, não existem regras claras; “quem falar mais alto leva”.
O problema da cultura do cancelamento é que não se discute ideias, mas sim pessoas, empresas e produtos, aquele que a promove não quer ouvir ou entender determinadas razões, prefere atacar; isso é rápido e pode dar errado porque as pessoas deixam de ser julgadas pelo que são, mas sim por aquilo que postaram.
Tal cultura, severa que acaba em perseguições, censuras, onde pessoas são caladas por opiniões em defesa de uma causa, nos leva a crer que estamos diante da punição como forma de educar. São os novos linchamentos, linchamentos virtuais que lembra os apedrejamentos e as execuções em praça pública do período medieval, onde famílias inteiras iam execrar o condenado antes do mesmo ir para fogueira ou morrer enforcado.
Hoje com esses linchamentos virtuais em apenas uma tarde aquele que foi condenado pela cultura do cancelamento estará escancarado para o mundo todo, a pessoa é xingada, ameaçada e claro patrocínios não virão mais. Essa cultura existe em todos ambientes e possui muito poder concentrado, precipitando ações sumárias, aquele que foi atacado não consegue se defender. Se alguém tiver um dia ruim e um outro registrou esse momento através de uma câmera, isso vai perdurar enquanto o Google existir.
Criou-se uma atmosfera sufocante, uma patrulha ideológica, um novo macartismo, onde pessoas entram em apuros facilmente, jornalistas, críticos entre tantos outros passam a temer e perdem seus empregos por isso. É a reprodução de uma lógica punitivista que não abre espaço para o contraditório, pois tudo está fora do controle.
Esse tribunal da internet que boicota quem tem ideias contrárias será uma nova definição de totalitarismo?