No final de semana passado o município de Batatais viveu um momento crítico no abastecimento de água, onde bairros como Altino Arantes e Dom Romeu precisaram ter um caminhão pipa para abastecer algumas residências, onde não chegou água nem para encher as caixas d’água.
O problema de fornecimento de água, que se mantém irregular durante parte do dia, principalmente nesse período de estiagem, foi agravado pela quebra de duas bombas nos sistemas Simara e Santa Cruz. Parte da cidade nem tinha se recuperado da quebra dos equipamentos da Cachoeira, que abastece os reservatórios localizados no Jardim Simara, quando a bomba do poço artesiano III, do Sistema Santa Cruz, localizado às margens da Vicinal Geraldo Marinheiro também quebrou. O fato foi registrado na sexta-feira, dia 11, mas até o agendamento do guincho de grandes dimensões e a efetiva troca da bomba se passaram três longos dias. A população se revoltou contra a Prefeitura e teve até munícipe dizendo que iria para frente da casa do prefeito protestar.
No final da tarde de domingo, dia 13 de setembro, a Administração divulgou uma nota dizendo o seguinte: “Foram abertos todos os reservatórios de água do município. O sistema Santa Cruz, o mais problemático, devido a queima de bomba, abriu com 800 metros cúbicos, mais de 3 milhões de litros. Nos dias anteriores estava abrindo com pouco mais de 300 metros cúbicos. O sistema ETA abriu quase cheio com sua capacidade máxima de água. O sistema Simara também abriu quase com sua capacidade máxima, havendo assim uma boa recuperação. Mas, devido o calor e a poeira que está sobre a cidade deverá haver um consumo excessivo, sem contar que muitos estão reservando água em tambores, elevando o consumo. Pede-se a colaboração e sensibilidade no consumo, evitando o desperdício. Evitem lavar calçadas, abrigos e carros, use somente o necessário! Iremos atravessar uma semana muito quente e seca, sem previsão de chuvas!”
Porque Batatais sofre tanto com problemas no abastecimento de água?
Para responder a esse questionamento, o Secretário de Obras, Planejamento e Serviços Públicos, Engenheiro Tadeu Soares Ramos Cabete, que há muitos anos trabalha diretamente com o setor de abastecimento de água da cidade, foi entrevistado pela nossa reportagem.
JC – Secretário, porque o problema de desabastecimento persiste em Batatais?
Secretário Tadeu Cabete: Essa palavra persiste eu não concordo com ela. Estou há 32 anos na Prefeitura e realmente houve uma crise muito forte no passado por falta d´água e ficou essa coisa na cabeça das pessoas. O que acontece é que no período da seca, quando está muito calor e muito pó, o consumo aumenta e nós temos que fechar às vezes alguns períodos, mais tem que lembrar que a água tem haver com eletricidade, porque para eu tirar a água do chão ou do córrego, eu preciso de eletricidade, para tratar ela ou para colocar ela em reservatório e depois distribuir, eu preciso de eletricidade também. Por infelicidade, tivemos a quebra da bomba do poço da cachoeira, do Sistema Simara. Para a troca é uma operação que em média a gente faz em dois dias, na época das águas, onde a gente trabalha um dia até as 6 horas e no outro dia pega de novo e acaba de tarde. Agora, em função da crise, nós fizemos tudo num dia só, onde trabalhamos até de madrugada e trocamos a bomba. Essa quebra gerou um desabastecimento maior em algumas regiões, que depois voltou a normalizar no que estava antes. E quando foi na sexta-feira, dia 11, queimou uma bomba do Santa Cruz, são três poços lá, e só pudemos começar a troca no sábado, dia 12, porque nós dependemos de trazer um guincho grande para fazer o serviço. Terminamos também por volta da 1 hora da manhã do sábado. Já colocou o poço para funcionar e então ficou dentro de uma normalidade, que é você fechar a água em alguns períodos, em alguns dias da semana, em função do exagero que está o consumo. A população está realmente desesperada com o calor e com o pó e tem gasto muita água.
JC – Tadeu hoje as bombas de todos os sistemas estão funcionando normalmente?
Secretário Tadeu Cabete: Agora sim, só que veja bem, num período normal, quando está chovendo, quando está um período mais frio, temos que parar a vazão dos poços em alguns dias da semana, em alguns horários, o que não acontece nessa época do ano. Nesse período tudo funciona 24 horas, a pleno vapor, e mesmo assim não é suficiente para abastecer dentro da total normalidade.
JC – Quais as regiões da cidade mais afetadas com as constantes interrupções?
Secretário Tadeu Cabete: Olha, o sistema mais complicado atualmente para nós é o Santa Cruz. Esses dias com o que aconteceu, desses dois poços grandes quebrarem e depois também nós tivemos vários picos de energia elétrica e em alguns sistemas. Quando dá um pico de energia elétrica desliga o sistema inteiro e a gente só consegue religar uma hora depois, então você perde duas, três horas por dia de bombeamento. Os picos de energia a gente acredita que tem haver com as queimadas próximas de rede, porque não está chovendo e mesmo assim ocorrem as interrupções de energia. Esse problema de queimadas está um caos na região e para todo lado o que também prejudica porque com os cortes para os bombeamentos.
JC – Com os novos loteamentos a tendência é de se agravar o problema?
Secretário Tadeu Cabete: Olha, a cidade está expandindo e você tem que levar toda infraestrutura. Rede elétrica, o asfalto, você tem que fazer de tudo acompanhando o progresso, a mesma coisa acontece com a água e com o esgoto, também tem que haver a previsão de aumento e ir fazendo investimentos. Nós temos de perfurar mais poços, construir mais rede, porque não é só poço e nem só reservatório, que resolve o problema. Você tem que fazer as adutoras, as redes, interligação, então, temos um projeto, um plano pronto para isso daí, que a gente procura seguir, quer dizer nesses últimos 4, 5 anos, nós entregamos um sistema, ele não está completo ainda, porque faltam algumas redes, algumas adutoras para interligar, alguns bairros e você poder fazer manobras, assim como colocar um bairro para cá, um bairro para outro sistema, mais nós temos um plano para acompanhar o desenvolvimento da cidade.
JC – O problema de perdas na rede, principalmente na parte mais antiga da cidade isso permanece?
Secretário Tadeu Cabete: Olha, esse problema de perda, todo mundo fala perda, perda, porque você levanta o quanto você arrecadou e o quanto que você produziu de água, dá uma diferença, mais essa perda ela existe dentro de várias coisas, um hidrômetro, por exemplo, ele não mede corretamente o que de água passa, ele tem uma porcentagem de erro, é uma adutora que quebra ela vaza às vezes um milhão de litros em uma noite e você só vai conseguir consertar o problema na manhã do dia seguinte. Então, tem vários tipos e nós fazemos umas varreduras na cidade, de tempos em tempos, para diagnosticar isso daí. Recentemente tivemos no Bairro Semieli onde tiramos cinco vazamentos em uma rede. Abrimos agora uma licitação para contratar uma empresa para fazer o que nós chamamos plano de perda, pra ver onde nós podemos melhorar e isso tudo ser documentado, tabulado e verificado como solucionar essa questão da perda.
JC – A produção de água é suficiente para a cidade?
Secretário Tadeu Cabete: A produção de água hoje abastece a cidade sim, existe esse consumo exagerado que afeta um pouco, não em todos os dias e não ocorre em todos os bairros, mas a maioria deles. O que aconteceu a semana passada desequilibra, para você equilibrar leva uma semana, mais se a chuva chegar, pelo menos alguma chuva de vezes enquando, vai amenizar razoavelmente e a gente volta aquela normalidade e não ter que fechar rede alguma.