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A competitividade no mundo do trabalho: a necessidade de capacitação profissional

Atendendo a pedidos, neste artigo abordaremos a questão da necessária e indispensável capacitação profissional. É possível ver através de reportagens televisivas, jornalísticas, através do rádio e das mídias sociais, o quão é grande a competitividade no mercado de trabalho em momento de disputa por uma vaga de emprego. É  bastante comum gestores de Recursos Humanos, atuantes  nas áreas de recrutamento e seleção e também os empregadores que oferecem as vagas de emprego, reclamarem da falta de currículos adequados às exigências impostas e necessárias para o desenvolvimento das responsabilidades.

A nossa experiência de mais de 20 anos na área de R.H., nos faz pensar que realmente falta capacitação profissional à maioria dos desempregados e também aos que procuram emprego pela primeira vez. Ocorre o fato de que na expressiva maioria das vezes os candidatos as vagas parecem não terem lido as exigências requeridas pelo cargo a ser preenchido e assim, realmente não apresentam condições para a contratação. Inclui-se  outra visão: mesmo sabendo que  não possuem tal qualificação, enviam seus currículos, quase que sem probabilidade de passarem na primeira fase da seleção.

Cabe aqui uma análise: pensamos que muitos candidatos não compreendem que pedir um emprego é diferente de pedir algo que seja gratuito: como uma licença para sentar-se, um copo de água ou outro exemplo qualquer. Pedir emprego, no mínimo, trata-se de estar implícito que “sabendo das qualificações exigidas pelo cargo, julgando possuir as competências e habilidades requeridas, tendo o interesse na vaga e o desejo de permanecer por um tempo razoável no emprego, submeto-me meu currículo a análise”. Assim, obter um emprego, pressupõe possuir competência para o desenvolvimento de tais atividades. A boa aparência é importante, a simpatia é importante, já ter tido alguns ou vários outros empregos anteriores, porém o mais importante é que o candidato tenha as habilidades e competências exigidas e a capacidade de solucionar, de pronto, as necessidades do empregador.

É comum verificarmos que pessoas com quase 30 anos tenham em suas carteiras de trabalho, por exemplo, dois registros, em cada um deles menos de dois meses de permanência. Outro fato, candidatos com escolaridade inferior ao ensino médio completo, isso dificulta a competição com os demais candidatos. A não ser em poucas ocupações, a exemplo de atividades rurícolas que não exijam conhecimentos de informática ou outras poucas urbanas. Concluir o ensino fundamental é exigência básica, bem como o ensino médio é muito recomendável.

Caso o candidato não tenha esses níveis escolares completos, é necessário que tenha uma consistente capacidade técnica para o desenvolvimento de ofícios como: marcenaria, pedreiro, padeiro, açougueiro, cozinheiro (a), motorista, dentre outras profissões. Profissionais realmente capacitados, são disputados pelas empresas. Em muitos casos, a falta de escolarização é permitida em troca dessa consistente capacidade profissional. Qual o grande problema? – A inexistência de escolarização e de capacidade profissional, muito comum nos dias atuais e inclusive em nossa cidade.

A quem cabe a responsabilidade pela profissionalização? – Como especialista em políticas sociais, consideramos que o Estado deva ser o gestor dessas políticas nas áreas de educação, saúde, assistência social, segurança e trabalho. Não quer dizer que seja ou que possua condições para agir de maneira isolada, a nosso ver, no mínimo, deve ser um ator social que atue fortemente no sentido de agilizar, se necessário e possível, em parceria com a iniciativa privada, ações que priorizem a profissionalização de adolescentes e adultos. Essa responsabilidade é cabível ao Estado nos âmbitos Federal, Estadual e Municipal.

Profissionalização é a palavra e a condição indispensável para que as pessoas possam tentar sair da linha de miserabilidade, pobreza e assim, EMPODERADOS, possam tentar de verdade emanciparem-se e buscar a dignidade que em inúmeros casos, existe apenas como uma palavra morta e sem sentido.

Como podemos falar em empregabilidade, emprego, salário, renda, cidadania e cidadãos, se não existe a profissionalização?

Como escrevemos em nosso último artigo, a teoria das ciências humanas e sociais, sociologia, serviço social, direito, dentre outras áreas do saber, registra desde  séculos passados, com maior veemência desde 1980 que aconteceria o que hoje acontece. Que não haveria empregos para todos, a fragilização dos direitos sociais, sem emprego ocorreria a fragilização das relações sociais, familiares e individuais. Lemos e ouvimos também o aumento do suicídio, como tentativa de findar problemas insolúveis, que possivelmente nasceram no berço do desemprego. Esse é um outro assunto, caso haja interesse poderemos abordá-lo posteriormente.

Ao falarmos sobre profissionalização, não nos referimos a mestrados e doutorados, mas a cursos, palestras, workshops, escolhidos pelos interessados de forma que possam, após cursá-los ou frequentá-los, terem aprendido  certo conteúdo, terem parado para refletir de forma diferente. No mundo capitalista, profissionalizar-se “custa dinheiro”, mas existem cursos gratuitos disponíveis na Internet e oferecidos por universidades públicas nacionais e internacionais, como também pelo Estado por meio de Ensino a distância. É necessário que haja interesse das pessoas para buscarem essas possibilidades, porém esse interesse, a nosso ver, advém do conhecimento dessa necessidade, que advém por sua vez do seu nível de consciência crítica, que por sua vez, advém da qualidade da educação recebida. Voltamos à questão do Estado como gestor de políticas sociais. Esse fato no Brasil, é um problema.

Com otimismo, registramos crer na possibilidade da profissionalização, mesmo que o Estado Brasileiro seja como é. Impõe-se progressivamente a necessidade de que cada trabalhador, ao candidatar-se a uma vaga de trabalho, seja competitivo, tenha condições de competir, isso passa também pela capacidade de saber ler e saber comunicar-se através da escrita. Se não admitido no emprego que tenha desejo,  continue na sua busca, revendo e se necessário mudando algumas posturas, como por exemplo,  buscando profissionalizar-se. E se contratado, que saiba o que dele se espera como alguém que faz parte de uma equipe de trabalho e  apresente uma postura adequada, pró ativa, ética, comprometida com o cargo e com a empresa, afinal, é muito difícil obter um emprego registrado nos dias atuais, porém, consideramos ainda mais difícil permanecer empregado.

O nosso otimismo indica proposição a  uma reflexão: que tal se cada um de nós, realizássemos o trabalho social, de orientar uma pessoa que seja, se possível uma família, sobre essa questão da profissionalização e da necessidade de buscá-la. Se possível ainda, falarmos sobre a necessidade do empreendedorismo, multiplicar com quem não teve acesso ao estudo, como nós tivemos, de forma a orientá-los e auxiliá-los. Essa é uma postura política apartidária, extremamente louvável.  Pessoalmente, isso é atenção e amor ao próximo.

Pensemos nisso!