É a existência social que determina a nossa consciência, a isso chamamos de consciência de classe, portanto a consciência da classe dominante é diferente da classe dominada, daí o embate na esfera da realidade material, esse pensamento é atribuído a Karl Marx e sugere algumas reflexões: a classe mais baixa produz uma consciência diferente da média e esta diferente da alta.
Uma classe tem dificuldades de entender os problemas e as diversões de uma, quanto da outra. Algo que parece impossível para uma quanto para a outra.
Por exemplo, como vou entender a importância do turismo espacial empreendido por Elon Musk e outros bilionários, 90 minutos fica em torno de R$2,1milhões, tenho muitas coisas que são prioridades que posso fazer com esse dinheiro e assim vou reproduzindo a consciência da classe que pertenço, ou no outro extremo, como compreender a fome daqueles que convivem com ela?
Assim está acontecendo a polêmica da carne com ouro que alguns jogadores da seleção brasileira consumiram por ultra ostentação e ótimo visual instagramável que vem agitando as redes sociais.
Consumir ouro na comida é antigo, tinha no Egito e na França dos reis, sempre foi um símbolo de riqueza e prestígio, o ouro não tem sabor e não modifica a degustação do produto, sua ingestão se for de 24 quilates, ou seja, puro e não regularmente não traz malefícios a saúde, nem benefícios, o mineral passa pelo aparelho digestivo e é excretado pelas fezes, é um material inerte, ficou em R$ 9mil a refeição.
Comer e excretar ouro, pura ostentação e demonstração de poder, porém, tem quem considera isso um acinte que causa indignação e tristeza, padre Júlio Lancellotti que está nas ruas cotidianamente alerta para o fato, onde milhões não tem o que comer e a polêmica segue, mas tanto o turismo espacial quanto o ouro na carne são alegorias do que acontece no mundo, exclusão de muitos e a indústria cultural nas mãos de poucos, dizendo que você pode chegar lá.
Só que não, esse mundo não é para a maioria, é sim para uma minoria cada vez menor que insufla nossas mentes achando que vai dar, mas não vai dar mesmo e aí entra outro pensamento marxista, a dialética, nós reproduzimos o que negamos. Será que trabalhando como assalariado vamos um dia comer carne com ouro? Achando que sim vamos contribuindo para aqueles poucos continuarem comendo ouro e passeando pelo espaço.
É por isso que o velho Marx é perigoso e assusta os poderosos, um fantasma que ronda por aí.