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“Viver é a melhor opção”

Setembro Amarelo, trata-se do mês para a prevenção ao suicídio. Dia 10 de setembro é o dia dedicado a  prevenção ao suicídio.

O suicídio não é uma temática individual e sim coletiva. Portanto, necessitaria   ser tratado em todas as cidades do mundo, pois é uma questão mundial, como uma questão de saúde pública. No Brasil, não é tratado como deveria ser, se falarmos de um trabalho ininterrupto, técnico-científico, com atendimentos individuais e em grupos com comprovação de existência ininterrupta e eficácia.

A abordagem desse tema, advém do fato de que estudamos esse tema, já trabalhamos com políticas de saúde nessa área e com atendimentos de pessoas vulneráveis ao suicídio. Paralelamente, somos seguidores de André Trigueiro, com canal no Youtube (Papo das 9), que  além de jornalista renomado, espírita, palestrante, autor do livro  “Viver é a melhor opção”, dentre outras atividades, é estudioso do suicídio há mais de 20 anos. Assim, os dados abaixo, procedem de suas conclusões.

Falar sobre alguns assuntos, constitui um tabu. Falar sobre suicídio, é um grande tabu.

De acordo com Trigueiro, o Brasil ocupa o sexto lugar no rancking mundial em números absolutos, números de casos por 100.000 habitantes. São 12.000 casos por ano. É um número considerável, as perdas impactam diretamente 48.000 por ano, caso consideremos que em cada família existam uma média de quatro pessoas.

Existem mitos sobre o suicídio, eis alguns:

  • “cão que ladra não morde”, quem diz ter vontade de se matar, não o fará;
  • quem tenta o suicídio uma vez, não tentará a segunda;
  • depois de tratamento com profissionais da saúde a partir dessa tendência, não há mais risco de que o paciente tente cometer novamente suicídio;
  • criança não se mata – existem registros de mortes provocadas por crianças, mesmo que em número pequeno. É necessário que ansiedade, introspecção, tristeza contínua, sejam observadas e tratadas;
  • Mulheres, matam-se mais – inverdade, 80% dos suicídios são cometidos por homens e eles o fazem com maior violência física;
  • Falar em suicídio com as pessoas com esse potencial, pode induzir ao suicídio – inverdade, é necessário que se aborde de maneira certa e clara com a pessoa que denota estar depressiva e tendente ao suicídio. É necessário que ao falar sobre o assunto, é vital que seja dito, que a intenção é ajudá-la, mesmo que não se fale a palavra suicídio.
  • Toda pessoa que se mata está em depressão – mito. A depressão é apenas um dos fatores de risco para o suicídio.
  • Toda pessoa dá pista que irá se matar: mito. É comum que suicidas tenham comportamento normal em público, não sendo possível perceber como ela está em seu íntimo.
  • Cidades pequenas não possuem suicídios: mito. Existem casos de quedas acidentais, acidentes com armas, acidentes de trânsitos, ocultados sob o manto do suicídio.
  • Pessoas inteligentes não se matam: mito. O suicídio não tem a ver com capacidade intelectual, nível de escolaridade, fé, condições financeiras, problemas diários etc…

Momentos perturbadores, desconfortáveis, físicos e psíquicos, sentimento de tristeza que não passa, e sim  persiste, situação em que a pessoa não enxerga razão para viver, são motivos que fortalecem a crença da pessoa tendente ao suicídio de que não há solução e motivação para sua vida. Daí a importância da observação dessa pessoa no ambiente familiar, se possível em ambiente de trabalho e vida social. Havendo a percepção de que há instalado o processo depressivo e quiçá o desejo do autoextermínio da vida, é vital que haja o diálogo, a  intervenção rápida e o encaminhamento para tratamento.

Esqueça os achismos e os palpites de pessoas que não entendam do assunto. Cada caso é um caso,  o que dá certo para uma pessoa não é garantia que dê certo para outra. Busque ajuda, dê ajuda.

O Centro de valorização da vida (CVV) é um bom auxílio, médicos neurologistas, psiquiatras, psicólogos, terapeutas, psicanalistas, são profissionais recomendados, dentre outros. Há casos em que tratamentos medicamentosos são viáveis, paralelamente aos atendimentos individuais e familiares. Observe como brincadeiras inadequadas, que por vezes são feitas ou faladas em  frente das crianças, podem colaborar para a crença de que “psicólogos são para loucos”, e nesses momentos constituem dificuldade para que adultos ou mesmo adolescentes aceitem tratamentos necessários.

Sobre o suicídio, é preciso que a pessoa acometida pela depressão ou tendente ao suicídio,  consiga entender que momentos ruins passam. É necessário que tenha e tenhamos paciência  para que essa fase passe. Tudo passa. Isso também passará. É preciso sair do casulo. É preciso o entendimento de que medicamentos podem auxiliar, porque a depressão é fator que pesa e colabora para o suicídio.

Suicidólogos orientam que ao contrário do que se pensa, é necessário que o suicídio seja tratado com a pessoa  deprimida. É necessário que o problema seja enfrentado de frente, que se tente compreender quais as razões que levam a pessoa a desejar  tirar a própria vida.

É necessário que profissionais da saúde sejam procurados ou amigos em que se possa confiar. Nesse sentido, é grande a responsabilidade da pessoa   procurada. Ela precisa ter o compromisso de encaminhar a pessoa que necessita  a profissionais, não banalizando a queixa e comunicar sigilosamente a família para que tome as providências cabíveis, e ainda, não subjulgue a importância da realidade existente.

O momento atual da pandemia e do isolamento trazem vulnerabilidade, transtornos, angústias, sendo assim é necessário que os familiares e  amigos de pessoas com  tendência a introspecção e ao próprio suicídio, fiquem ainda mais atentos. Pessoas vulneráveis nesse sentido chegam ao desespero, com razão ou por motivo banal. O limiar de cada pessoa é único, desta feita, não é porque uma pessoa não se abala frente a determinada situação que outra terá a mesma capacidade ou equilíbrio.

Em nossas vidas deparamos com  momentos bons e outros difíceis, sendo que esses momentos, geralmente, são alternados. Portanto, é vital que tenhamos equilíbrio emocional para os momentos difíceis. Certamente, eles virão, passarão e voltarão.

É necessário que o tratamento por profissionais da saúde possibilite o restabelecimento da autoestima, da autoconfiança e o consequente equilíbrio psíquico. De maneira preventiva ou mesmo  curativa,  não só as pessoas com depressão, mas pelo menos a maioria, deveriam ouvir belas músicas, fazer boas leituras, evitar relacionamentos tóxicos e portando, destrutivos e desagradáveis. Deveriam evitar assistir programação  e   leitura de  assuntos que angustiam e aumentam a ansiedade, em maior ou menor grau.  Ao vivenciarmos bons momentos, ocorrerá a diminuição de maus pensamentos.

Para cura de uma doença, é preciso reconhecer que há um problema, que se busque tratamento e a  melhora.

Há registro de pesquisa, que ao ouvir relatos de  sobreviventes que se jogaram da ponte Rio-Niterói, disseram que arrependeram-se do ato durante a queda, entre a ponte e o mar.

Quem comete suicídio não tem a oportunidade de voltar.