Nesse ano nossas eleições ocorrerão em 15 de novembro, após o Congresso Federal ter promulgado a Emenda Constitucional nº 107, que “adia, em razão da pandemia da Covid-19, as eleições municipais de outubro de 2020 e os prazos eleitorais respectivos”. O primeiro turno acontecerá em 15 de novembro e o segundo turno será no dia 29 de novembro.
Significa que, 32 anos depois, a data da proclamação da república também abrigará as eleições em nosso país. O significado disso é, para mim, mais sentimental do que prático. Explico.
Sem entregar minha idade, as primeiras eleições que acompanhei com interesse e consciência do que estava ocorrendo foram as de 1982, 1986 e 1988, todas estas realizadas no dia 15 de novembro. A de 1986 foi estadual, quando Orestes Quércia passou Maluf e Antonio Ermírio nas últimas semanas de campanha, e se tornou governador. Naquela época, colaborei na campanha de Antonio Ermírio e Duarte Nogueira, então candidato à senador.
Mas as que mais me marcaram foram as eleições municipais de 82 e 88, quando Batatais consolidou a liderança do ex-prefeito Geraldo Marinheiro, de saudosa memória.
Em 82, Marinheiro foi beneficiado pela obrigatoriedade do “voto vinculado”, onde o eleitor só podia votar em candidatos do mesmo partido, e terminou como o mais votado na esteira do grande apelo popular do então candidato à governador Franco Montoro. Mas não nos enganemos: Marinheiro, que já era político rodado, e muito popular, iria crescer durante sua gestão, com o apoio do governo estadual, e um mandato de 6 anos que lhe deu condições de realizar muitas obras em nossa cidade.
Em 88 a reeleição não existia ainda, e Marinheiro iria botar à prova sua capacidade eleitoral numa disputa memorável contra dois ex-prefeitos: Claret Dal Picolo, meu saudoso pai, e Baldocchi. Marinheiro lançou Salim Mansur, também muito popular à época, tendo como vice o jovem engenheiro Marco Salomão Melis. A disputa foi dura, e com momentos de alta tensão.
Marinheiro transformava seus comícios em verdadeiras pregações, e ao final discursava, com seus fiéis eleitores o ouvindo suas palavras com total atenção e silêncio, que era quebrado eventualmente por uma explosão de palmas e gritos de apoio. Marinheiro era emotivo, com voz potente e firme, e convencia com argumentos simples e objetivos. Essa descrição vem direto da minha memória, quando assisti discretamente, de boné, naquela oportunidade, um comício realizado do “C.H. Joaquim Marinheiro”, bairro levantado durante sua administração, com centenas de pessoas presentes.
Os candidatos apoiados por Marinheiro venceram a eleição por uma pequena diferença é verdade, mas foi o suficiente para demonstrar a força política de Geraldo Marinheiro naquela momento, e consolidar sua liderança em nossa Batatais. Para mim foi uma tristeza na época, uma vez que o candidato derrotado era meu pai, mas a tristeza logo foi embora quando ele mesmo me disse: “Filho, levanta a cabeça. Vamos trabalhar, e na próxima eleição estaremos de volta pra ganhar a eleição”. Como sempre confiei nele, fiz o que ele aconselhou.
Veio as eleições de 1992, e a previsão se confirmou naquela que, para mim foi uma eleição histórica e de grande aprendizado. Mas aí é outra história que irei abordar em outras oportunidades.