/Nós e os outros

Nós e os outros

O ser humano é maravilhoso! No entretanto existem  também imperfeições de todas as ordens, assim, seres  humanos, imperfeitos. Esse nível de consciência não abarca todos, uns pensam-se e consideram-se perfeitos, diferentes dos demais, julgam-se melhores, o que verdadeiramente não o são. É  compreensível, sob as óticas das ciências sociais e da saúde que atribuem ao transtorno de personalidade, o motivo de tais comportamentos.

Percebo existir para muitos: “a minha dor e a dor do outro”, a do próximo, sempre demasiadamente menor e assim, mais fácil de ser suportada, não sendo necessário tanto alarde ou cuidado. Muitos são os exemplos: os filhos próprios são muito mais belos, melhores, indescritíveis positivamente. As críticas recaem sempre aos dos vizinhos: não tão belos, possuidores de defeitos, não simpatizantes do trabalho, enfim.

Existem pessoas que dizem para os outros e para si: minha família é linda, meus netos são maravilhosos …..há afirmativa mais suspeita? Imaginem, em tempos de exposição gratuita e ilimitada redes sociais!  A própria religiosidade apregoa que o que nos é dado gratuitamente, não deve ser enaltecido em momento algum, justamente pelo fato de que a beleza, a capacidade física e mental não procedem de merecimento, assim, enaltecê-las, torna-se atitude sem fundamento.

Vivemos momentos  que em razão das dificuldades que a vida nos impõe diariamente, não desejamos a criticidade alheia, carecemos sim de acolhimento, compreensão e bondade. É notória a preferência que temos por pessoas com essas capacidades, fazem com que nossos dias sejam mais fáceis e mais leves.

A auto-criticidade também não é recomendável, sobremaneira se essa  apena-nos,   judia e gera sofrimento. Existem pessoas que se punem e pensam ser normal. O normal é que nos gostemos, nos cuidemos, nos valorizemos. Caso não tenhamos conosco essas boas posturas, como conseguiremos tê-las com as demais?

Além desse auto bem querer, também o humor é muito bacana,  ainda mais em tempos difíceis e de diversas crises. O bom humor, é postura imprescindível à resolução de problemas. Nem todos são bem humorados, aliás existe a patologia do mau humor. Penso que se não temos o bom humor como uma característica nata, devemos tentar ao menos ser mais leves e agradáveis, primeiro por nós próprios.

É muito interessante pessoas que riem de si próprias. É sinal de que se aceitam como são e isso já ajuda muito no processo de autoaceitação e autoestima. Rir de si, rir do que não deu certo, rir de coisas corriqueiras. Trabalhar a aceitação do que é imutável, também é necessário.

É comum que pessoas de maneira gratuita,  não aceitem outras pessoas. Julgam-nas sem ao menos conhecê-las,  existem explicações que vão da psiquiatria à religiosidade. Essa postura diz muito mais do não aceitador do que da pessoa não aceita.

Essas reflexões são interessantes e a realização de um simples pensar sobre isso, colabora para que pouco a pouco possamos entender que ser melhor para o outro e para o mundo, buscar a cada dia realizar ao menos um ato de generosidade ou  delicadeza, faz um bem enorme, muito mais àquele que adota essa postura, do que aos demais.

Nós e os outros somos partes de um único universo, de uma mesma cidade, de um mesmo bairro, grupo social, profissional, religioso ou familiar. Desejemos aos outros, o que gostaríamos de ter, desejemos também ao próximo o bem que julgamos merecer. Mudar o mundo pressupõe gostar de pessoas e esse gostar exige muito mais ação do que declarações verbais.

Ato de bondade é aquele feito e não publicizado. O bem verdadeiro é o desinteressado, ou seja, quando tratamos alguém de uma forma educada e digna, sabendo que essa pessoa nada tem de material que possa nos interessar.

Pensemos nisso!