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O fim que não tem fim

O dia 2 de novembro ficou consagrado como o dia dos mortos, esta obrigação ficou estipulada pela Igreja Católica a pelo menos mil anos atrás. O dia deve ser de respeito, pois celebra a vida eterna daqueles que faleceram na esperança de serem recebidos no reino de Deus. A escolha da data deu-se em virtude do dia de Todos os Santos, neste dia celebra-se todos aqueles que morreram em estado de graça e não foram canonizados, o dia de Todos os Mortos celebra todos que morreram e não são lembrados nas orações. No Brasil esse costume foi trazido pelos portugueses.
Homenagear os mortos é uma cultura universal, uma maneira de reverenciar nossos antepassados e de lembrar que como eles, nós também somos mortais. É um dia de saudade, de fazer memória e professar nossa fé, um momento que as pessoas sentem a ausência daqueles que por ela um dia foi amado e ainda continua sendo. Podemos dizer que Finados é um dia de amor, porque amar é sentir que o outro não morrerá nunca, é celebrar a vida eterna. As velas que queimam nesse dia refletem em suas luzes as coisas boas que os falecidos deixaram para seus parentes vivos.
A morte faz parte da vida, é a invenção da vida em sua evolução, ela não se opõe a vida, mas sim ao nascimento. Crendo na eternidade a morte nos apresenta como uma porta de entrada da vida, o acesso a uma realidade superior, a posse da plenitude. Olhando por este prisma, a morte nos confere um certo gosto e encanto pela vida, uma manifestação da Sabedoria do Criador.
Buda disse que o homem comum pensa com indiferença na morte do estranho, com tristeza na morte do parente e com horror na própria morte, tal pensamento nos leva a refletir sobre a fé, se não a temos encaramos a morte como tragédia, inimiga, ameaçadora, um grande vazio, derrota etc. Na fé passamos a vê-la como irmã, o coroamento, a revelação e a glória do bem, nos ensina a fraternidade levando ao supremo conhecimento de si.
A ressurreição de Jesus trouxe uma revolução em relação a morte, Ele transformou o “poente em nascente” a maior festa da vida porque com ela dá-se a plena realização do humano. É o fim que não tem fim. A morte, portanto, é a substância da vida, não podemos viver senão morrendo, cada minuto que passa é fragmento que queima nossa vida, morremos cada dia um pouco nesta vida peregrinante. Finados nos ensina que ao relativizar, igualar, nivelar estamos sempre caminhando para um eterno começo.