O papel da arte na vida de Isabel Raphael
Qual foi a última vez que você desenhou?
Nessa vida corrida, nem sempre temos tempo para nos dedicar ao que chamamos de trabalhos manuais ou artísticos, tais como a pintura ou o desenho; mas quando chega o momento de buscarmos o autoconhecimento, muitas vezes é a arte o nosso melhor espelho.
Quando falamos de arte não queremos trazer conceitos de estética ou beleza para o debate. Falamos da pintura, escultura, poesia, música, teatro, dança, comida, enfim, de todas as formas de expressão de nossa alma.
É através desta arte que queremos apresentar a ativista negra Isabel Cristina Raphael, que há cerca de cinco anos vem passando pelo processo interno de fortalecimento de sua autovalorização, expressa de forma intensa por meio de sua arte.
Filha de Isabel e Sebastião, casada com Fernando e mãe de Isabela e João Fernando, Isabel nos conta que ela é, de certa forma, a continuidade de sua mãe, com a qual aprendeu a cozinhar, bordar, rezar, perdoar e agradecer pela vida.
A primeira arte de Isabel surgiu por necessidade, desenvolvendo o ofício de cozinheira desde 12 anos de idade.
Criada em berço católico, Isabel já foi catequista e atualmente é rezadeira, vindo a descobrir bem depois, que herdou esta cultura imaterial de sua avó paterna e de seu avô materno.
Em busca de respostas para suas inúmeras dúvidas e questionamentos, numa certa manhã de 2014, Isabel sentiu vontade de desenhar com carvão e começou a riscar formas sobre as folhas de sulfite, que aos poucos foram sendo preenchidas com cores e até mesmo com o carvão molhado, gerando mais de 1000 desenhos, em que foram aparecendo imagens que representam a libertação.
Neta de escravos por parte de pai, Isabel Raphael representa o próprio sincretismo religioso, pois em muitos de seus desenhos foram surgindo os orixás e as respostas para suas inquietações.
A próxima expressão artística que invadiu sua vida foi a poesia, tendo mais de 600 poemas escritos entre os anos de 2017 e 2019, que em um futuro próximo serão transformados em livro.
Juntamente com a poesia, a música se aproxima de Isabel através da viola, sendo um resgate de Santos Reis em sua trajetória.
A sua mais recente e encantadora expressão, é o bordado. Mas não é um bordado qualquer. São verdadeiras histórias marcadas em linhas e traços que prendem objetos e símbolos, criando novas narrativas e revelações sobre a mãe natureza, o meio ambiente e até mesmo o espaço sideral.
Aguardamos ansiosas pelo momento em que possamos realizar uma exposição deste rico acervo e apresentamos ao leitor uma pequena amostra deste material.
Toda arte de Isabel Raphael revela seu inconsciente e ancestralidade. Toda a arte de Isabel é bela porque é a sua verdade!
Há 100 anos…
Dando continuidade ao tema Batatais há 100 anos, conforme informações retiradas do jornal Gazeta de Batataes em 1919.
Era prefeito na época o Major João de Andrade Junqueira, de 1914 a 1920, também conhecido como Janjão de Andrade (abastado agricultor na cidade) e o vice-prefeito José Ordine (rico comerciante local). A maioria dos políticos estava filiada ao então Partido Republicano Paulista (PRP). A Câmara Municipal e Prefeitura funcionavam na Praça Cônego Joaquim Alves. Tínhamos um batataense representado na Câmara Estadual pelo nosso distrito, o Deputado Coronel Gabriel de Andrade.
No ano de 1919, tivemos como juiz de direito o Dr. Bazileu Soares Muniz e como promotor público o Dr. Jonas de Toledo Ramos. Como 1º. Juiz de paz tínhamos o capitão Francisco Moreira; como 2º juiz de paz, José de Andrade Diniz Junqueira; como delegado de polícia, Antônio Araripe Sucupira e seus suplentes Alexandre Amorim Lima, Antônio de Azevedo Peixoto, Paulo Lacerda e Pedro Coutinho Júnior. Como Comandante do Destacamento Policial, o 2º Tenente Pedro Francisco Ribeiro Filho; como responsável pelo Tiro de Guerra, o Tiro 26, o instrutor Sargento João Martins; como tabelião do Cartório do 1º Ofício, o Coronel Ovídio Tristão de Lima; como tabelião do Cartório do 2º Ofício, Joaquim Chateaubriand Joly; como escrivão do Cartório de Registro e Hipotecas, Juvenal Pereira Lima; como escrivão do Cartório de Paz e Registro Civil, Manoel Ribeiro de Mattos; como coletor federal, José Ferreira da Silva; como coletores municipais, Coronel Manoel Gustavino de Andrade Junqueira e Jayme Leitão; como coletor municipal, Capitão Antônio Jachinto Lopes de Oliveira; como agente responsável pelo correio, José Paulino Pinto Nazário; como funcionário postal, Benedicto Arantes; como responsável pelo grupo de escoteiros local, Professor Odilon Côrrea e como oficial de justiça do Fórum Municipal, Astholfo José de Faria.
Em 1919, pela segunda vez, o Dr. Washington Luis Pereira de Souza estava em seu último ano de gestão como Prefeito da cidade de São Paulo. Era então Governador do Estado de São Paulo, o batataense, Dr. Altino Arantes, na gestão de 1916 até maio de 1920. Foi sucedido pelo Dr. Washington Luis.
PARA O MÊS DE MAIO DE 1919, TEMOS A CIRCULAÇÃO DAS SEGUINTES NOTÍCIAS SELECIONADAS:
O 1º. de maio, data comemorativa conhecida à época, como Festa do Trabalho, não era considerada feriado, mas ainda assim, escolas e repartições públicas lembravam a importância do dia.
Quanto a data comemorativa 13 de maio, HÁ 100 ANOS, saiba que no dia as repartições públicas não abriam, o comércio ficava aberto apenas até as 14 horas e ainda se comemorava com retretas no coreto do jardim público.
Sobre o desenvolvimento industrial em Batatais, alguns entusiastas fizeram uma subscrição arrecadando valores em dinheiro para fundação de uma Fábrica de Tecidos na cidade
O jornal noticiou o perigo de uma epidemia de Febre Amarela, vinda do estado da Bahia.
O empreiteiro e construtor Guilherme Rosada foi honrado, em 1919, com diploma de sócio honorário do Instituto Técnico Industrial, com sede no Rio de Janeiro, “pelo embelezamento architectônico de várias localidades do Brasil”.
A sociedade italiana realizava para seus associados e demais pessoas interessadas, bailes mensais. Porém, suas reuniões ultrapassavam o lazer e a diversão. A colônia italiana local também se reunia para debater e mostrar sua solidariedade patriótica, como o fez em relação à conflituosa questão da pequena região do Fiume. Os italianos acreditavam que Fiume, por possuir inúmeros habitantes de nacionalidade italiana, deveria voltar ao domínio italiano, o que culminou inclusive com uma invasão italiana no pós 1ª. guerra mundial (1914-1918), em setembro de 1919. Região disputada e requerida no decorrer do tempo por iugoslavos, croatas, sérvios e italianos. Atualmente essa região portuária pertence à Croácia.
O tiro de guerra local, à época denominado Tiro 26, conforme notificou o jornal, “teve fundamental importância na manutenção da ordem” quando das paralisações e greves de operários de indústrias de grande porte, em 1919, na capital do Estado. Os grevistas lutavam pela jornada de 8 horas de trabalho, entre outras reivindicações.
Um dos números do mês de maio trouxe uma nota sobre o feminismo no mundo e as dificuldades existentes (ainda hoje!) sobre a igualdade e equidade de direitos da mulher quando comparada com os homens. Noticiaram que na França as mulheres conquistaram (enfim!) o direito ao voto e a elegibilidade.