INOVA EDUCAÇÃO: Diferença e ponderação
Medidas anunciadas pelo Governador João Dória e pelo secretário da Educação do Estado Rossieli Soares da Silva têm causado impacto positivo e negativo nas discussões sobre educação. O projeto foi intitulado INOVA EDUCAÇÃO.
Há muito tempo a educação do Estado de São Paulo está parada no tempo e no espaço, sem perspectivas de mudança nos governos paulistas anteriores. Agora essa gestão tenta como pontos positivos, pelo menos, ressignificar o espaço, as escolhas dos alunos, o direcionamento discente para um projeto de vida pelo professor.
Mas há de se pensar no trabalho do professor, pois a experiência é trazida das escolas de tempo integral e nesse projeto a remuneração do professor é setenta e cinco por cento a mais para o desenvolvimento do trabalho docente, e isso causa uma separação da classe, pois enquanto uns ganham pelo trabalho, os outros desempenharão o mesmo trabalho e não serão recompensados por isso, o que pode levar a uma inércia por parte de alguns e como consequência o boicote ao projeto.
Outras questões interessantes trazidas pelo projeto são: a educação integral como foco, as metodologias ativas, conversas sobre a juventude, e as competências socioemocionais – tão presentes na BNCC (Base Nacional Comum Curricular).
A Base Nacional Comum Curricular traz as dez competências para o trabalho da escola, e para ilustrá-las trago o infográfico do Porvir (abaixo):
O que se observa então é que o projeto da educação vem ao encontro do que prescreve a base, tenta conectar o professor ao aluno do século 21, mas não poderia ver a classe de professores – tão massacrada diariamente – de forma tão diferente pelo mesmo trabalho realizado.
Nas trilhas da EDUCAÇÃO …
1- E o INEP muda de chefia pela quarta vez: Alexandre Lopes – vem substituir Elmer Coelho Vicenzi.
2- ENEM registra 6,3 milhões de inscrições para a edição de 2020, das quais 60% foram feitas por celular.
3- Secretaria da Educação de São Paulo discute com estudantes e professores a nova grade dos anos finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, que passará, em 2020, a ter cinco aulas a mais: 1 de tecnologia, 2 de eletivas escolhidas pelo aluno e 2 de projeto de vida.
ESPAÇO ESCOLA
Aqui o espaço é destinado às boas práticas pedagógicas das escolas de nosso município. A cada edição mostraremos atividades que estão sendo desenvolvidas nas escolas públicas e privadas. Para ter o seu trabalho publicado aqui, basta enviar para o e-mail: evaldobaviera.jornaldacidade@gmail.com.
Nesta edição, o destaque vai para o trabalho realizado pelos alunos do Ensino Médio, professores, direção e coordenação do COC Batatais. Um momento solidário para conseguir fundos para a menina Stephanie – que precisa de um colete para coluna devido ao problema apresentado: escoliose. Os alunos não mediram esforços para conseguirem o valor do colete e dos exames. Contaram com a ajuda do Posto São Paulo, que gentilmente ofereceu um vale de R$300,00 reais para o sorteio, a Papelaria Sandrin, que confeccionou os bloquinhos para a venda, o Centro Radiodiagnóstico e Ultrassonográfico de Batatais, a Panificadora e Salgaderia São Gabriel, que foi posto de venda, a Luísa Biagi Borges e ao Rotary. No sorteio, a sorteada foi a Rita de Cássia Oliveira e como solidariedade gera solidariedade, o vale combustível foi doado à Comunidade Divina Misericórdia de Batatais – que faz um belo trabalho social na cidade.
Devido a esse trabalho conjunto, Stephanie fará o molde do colete no dia 25/05/2019 na Ortho Campus Ribeirão. Ação de solidariedade e cidadania. Parabéns aos envolvidos.
Fica a dica! Fuvest 2020 – segunda obra
No Fica a dica de hoje e segunda dica da Fuvest, trago a resenha de O Cortiço de ALUÍSIO DE AZEVEDO.
O Cortiço é marco inaugural do Naturalismo brasileiro, foi publicado em 1890 e apresenta a união entre o homem e seu projeto de vida: João Romão e seu cortiço. O cortiço é sempre o pano de fundo da narrativa, com cenas coletivas e é o grande responsável pelas transformações das pessoas que lá vivem e habitam.
O livro começa contando a história de João Romão, um português que busca enriquecer no Brasil e ele conta com ajuda de uma ex-escrava, a Bertoleza, que o auxilia no dia a dia e no crescimento do Cortiço. E essa história vai ao longo do livro se entrelaçando com a dos outros moradores do Cortiço e seus vizinhos, também é cheio de erotismo e perversidade nas relações entre os moradores do Cortiço e do Sobrado.
23 capítulos sem títulos e não curtos, com a presença constante de diálogos que imprimem grande dinamicidade à obra. O narrador exerce a onisciência e por muitas vezes suas falas se confundem com a dos personagens por meio do discurso indireto livre.
Quanto ao espaço, a narrativa se passa em alguns bairros do Rio de Janeiro, mas seu foco de atenção se detém ao cortiço de João Romão – situado no bairro de Botafogo – descrevendo um Rio de Janeiro do Segundo Reinado.
O tempo da narrativa é cronológico, com marcação bem definida – com marcação de hora, dias e semanas durante toda obra. Outro aspecto importante a ser observado é a linguagem marcada pelo tom de coloquialidade, os personagens sãos caracterizados de maneira caricata, por um narrador duro, irônico e cruel.
A tese determinista de que o homem é fruto do meio está presente na obra e por isso apresenta a visão biológica da vida e dos homens: os desvios de conduta, a degradação das pessoas, o zoomorfíssimo – ou seja – a aproximação do homem com o animal – tudo isso é bem marcado na narrativa. Leitura obrigatória para quem quer se dar bem na FUVEST. Fica a dica!
POESIA – O VELHO ABRIGO DA ALMA…
O operário em construção 1959
Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.
[…]
Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.
E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução.
[…]
Fragmento de Operário em construção – escrito por Vinícius de Moraes – em 1959 – e reflete a poesia de cunho social – também característica da obra do poeta – que o aproxima do mundo real – com temas do cotidiano, com uma abordagem mais simples da vida, com uso de versos livres, com uma comunicação mais direta com o leitor e também uma maior aproximação com as características propostas pelos modernistas na semana de 1922.