E o dia do índio?
Com mais de 200 anos de história, a cidade de Batatais tem sua origem marcada pelo “Caminho do Ouro” que os bandeirantes paulistas e portugueses fizeram rumo a Goiás entre os séculos XVII e XVIII, tendo sido esta região, localizada entre o Rio Pardo e o Rio Sapucaí, utilizada como roteiro e pouso dos desbravadores das terras e caçadores dos povos indígenas.
Oficialmente, o que se sabe é que esta região era habitada pela população indígena Kaiapó (ou caiapós) e em cartografia datada do século XVIII esta área já era denominada de “Batataes”, sendo uma das hipóteses que este nome tenha se originado das plantações de batata roxa realizadas pelos indígenas nesta região.
Esta grande área do sertão paulista, na Bacia do Rio Grande, foi ocupada pelos Kaiapó Meridional, tribo indígena que pertencia ao grupo linguístico Jê. No meio das florestas e dos campos imensos, os Kaiapó se dispersavam por algumas aldeias onde cultivavam pequenas plantações de milho e mandioca. Como grupo seminômade, viviam ainda da caça, da pesca, da coleta de mel e frutas nativas como a jabuticaba, o araçá e o maracujá e foram muito resistentes ao domínio português, sendo provável que tal resistência tenha gerado o extermínio deste grupo, com a possibilidade de existirem descendentes apenas no estado de Goiás.
A origem do termo “kayapó” é controversa. Segundo algumas fontes, quer dizer “aqueles que se parecem com macacos” e teria sido inventada por indígenas de outras etnias para identifica-los. Essa versão se deve a um ritual que o Kayapó fazia usando máscaras de macacos. Prevalece entre os dicionaristas, no entanto, a conclusão de que a palavra vem do tupi “kaia’pó”, que significa “o que traz fogo na mão, incendiário”. Já os próprios Kayapós se referem a si mesmos como os mebêngôkre, que significa “homens do poço-d’água”.
No Museu Histórico e Pedagógico Dr. Washington Luís há um conjunto de peças relacionadas aos povos indígenas (lanças, cestos, machadinhas, urna, peteca, cocar, leque, arcos e flechas) mas que não são relacionados exatamente à etnia kayapó.
Por ser um museu formado originalmente pelo governo do Estado de São Paulo em 1957, com a finalidade didática e histórica, o museu de Batatais possui uma pequena coleção representativa da cultura indígena como um todo. Tal acervo atualmente está guardado na reserva técnica do museu, local climatizado e seguro para que as peças não se deteriorem quando não estiverem expostas, mas trazemos aqui algumas imagens para homenagear nossos primeiros habitantes.
Afinal, houve um tempo em que todo dia era dia de índio, porém, neste ano ele não teve nem o 19 de abril, priorizado pela Sexta-feira da Paixão.
Há 100 anos… indústrias para Batatais
Batatais é uma cidade que contando sua idade desde o povoado tem um pouco mais de 200 anos. Então, é certo que temos coisas já mais que centenárias, principalmente no Museu Histórico e Pedagógico Dr. Washington Luís, nosso local de trabalho.
Foi pensando em formas de compartilhar o conhecimento e histórias da nossa cidade, que tivemos a ideia de lançar um olhar mais atento para o acervo documental do Museu, divulgando essas informações do passado por meio da imprensa, dando um sentido histórico para quem é, e, quem mora ou morou pelas bandas do antigo arraial conhecido como Campo Lindo das Araras ou Freguesia do Bom Jesus da Cana Verde, atual Batatais.
Para isso, encontramos uma maneira de apresentar a coleção do material escrito sobre diferentes épocas, aspectos e personagens da nossa Batatais a partir dos anos de 1900, que são um rico material para pesquisadores, amantes e curiosos da história da nossa cidade.
Daí surgiu a ideia desta coluna “Há 100 anos…” com a proposta de levar a cada mês, um pouco de informação e conhecimento sobre o cotidiano da cidade e de seus moradores, que circulavam nos jornais de Batatais há cem anos.
O jornal que usamos como base das informações para o ano de 1919 foi o “Gazeta de Batataes”, que estava no seu 11º ano de circulação, ou seja, surgiu pelos idos de 1907. Seu diretor, Carlos Tambellini, era membro de uma família tradicional ainda existente em Batatais.
Vale lembrar que, há cem anos, ou seja, em 1919, Batatais contava com aproximadamente 35.000 habitantes.
Um dos assuntos em pauta no jornal, foi sobre a indústria em Batatais. Diga-se de passagem, que é um assunto em voga até os nossos dias e ainda não muito bem resolvido, vide a primeira edição do Jornal da Cidade, em 12 de abril de 2019, sobre o distrito Industrial Rudolf Kamensek.
Todavia, em abril de 1919, a Gazeta de Batatais trouxe uma reportagem defendendo a criação de uma fábrica de tecidos afim de promover “o aumento da riqueza individual (…) e a prosperidade coletiva”. Tal fábrica corresponde à Fiação e Tecelagem Batatais, fundada oito anos depois, em 1927, pelos sócios Arturo Scatena, José Lazzarini Sobrinho, Anselmo Tambellini, Cap. João Gaspar Gomes, Antônio Candido Alves, entre outros batataenses. Outra fábrica que merece destaque foi a Fábrica de Chapéus Affonso Vieira, da firma Ferreira e Cia Ltda, inaugurada em 12 de outubro de 1925.
Você já pensou em fazer um passeio turístico na sua própria cidade?
Pode parecer algo sem novidades, mas sempre há algo novo a conhecer. Isto é o que todos os grupos que participam do “Passeio Monitorado pela História de Batatais”relatam no fim do roteiro.
Sendo realizado desde março deste ano e atingindo mais de 400 pessoas, principalmente crianças do ensino fundamental, no último dia 17 de abril foram realizados dois passeios: pela manhã com os alunos do 7º ano do Colégio São José e à tarde com os alunos do Projeto Guri de Batatais.
A proposta do passeio, idealizada pela arquiteta e pesquisadora cultural Alessandra Baltazar, tem início no Museu Histórico e Pedagógico Dr. Washington Luís, onde os visitantes aprendem um pouco mais sobre a história da antiga Estação Mogiana, do patrono do museu e sobre os objetos utilizados no início do século XX.
O roteiro segue para o Centro de Documentação da II Guerra Mundial Cap. Enf. FEB “Altamira Pereira Valadares”, onde ficam conhecendo um pouco mais sobre a história da Altamira, natural de Batatais, que esteve no front italiano juntamente com mais 72 enfermeiras da Força Expedicionária Brasileira e outras histórias de 34 batataenses que também estiveram nos confrontos da II Guerra.
Um lugar inusitado e que tem gerado muita curiosidade é o Cemitério Paroquial Senhor Bom Jesus, com muita simbologia em seus túmulos relacionados a costumes e crenças religiosas, como o uso de tochas de fogo para que a vida continue além da morte.
Dependendo do tempo disponibilizado para o passeio, o roteiro também passa pela sede do Clube Princesa Isabel (onde se fala da importância da comunidade negra em Batatais), no Centro Cultural Prof. Sergio Lauratto (antigo fórum e cadeia da cidade) e no Lago Artificial (onde se pode apreciar os painéis de Roberto Bérgamo sobre a cultura e história de nosso município).
Por fim, o passeio termina no ponto de origem do povoado de Batatais, o Santuário Bom Jesus da Cana Verde, local ideal para se falar das mudanças pelas quais a cidade passou, além das reformas da igreja, as telas de Portinari, topiarias e a curiosa “Rua da Vida”.
Quer saber mais sobre esta rua? Pois então é só ficar nas escadarias do Santuário e olhar para o final da rua que passa à frente. De um lado temos a entrada do hospital e do outro o portão do cemitério. É ou não é a Rua da Vida?
O passeio continua sendo realizado mediante agendamento no Museu pelo telefone 3662 7785.