Poesia
O velho abrigo da Alma…

O apanhador de desperdícios
Manoel de Barros
Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.

Manoel de Barros

Hoje trago à memória de todos dois grandes homens: Manoel de Barros – poeta brasileiro da geração de 45 e o mineiro e cidadão batataense , escritor , professor Juscelino Pernambuco – que analisa em seu texto um dos melhores poemas de Barros – O apanhador de desperdícios – ” Um poema como esse deve ser lido, pelo menos, duas vezes, e sei que você o fez, tal é a beleza dos versos e do encantamento que ele é capaz de provocar.
O eu – lírico do poema diz não gostar das palavras fatigadas de informar. Existe uma ansiedade pela informação cada vez maior nesse mundo tecnologizado, em excesso. E quando a informação não se transforma em conhecimento, perde seu valor. A informação é necessária e decisiva para a convivência social e sobrevivência pessoal, desde que seja convertida em conhecimento.
O eu do poema respeita mais as palavras essenciais ao dia a dia do mundo da vida, as palavras concretas do ato de viver como água, pedra e sapo, inseto. A velocidade da tartaruga fala mais à sua alma do que a velocidade dos mísseis. Ele ama o perto mais do que o longe, mais o rio da sua aldeia do que o Tejo do poema de Fernando Pessoa, é atrasado de nascença e nasceu para amar os passarinhos.
A felicidade dessa voz que se expressa nos versos de Manoel de Barros dialoga, em contraponto, com as milhares de vozes do mundo de hoje, viciadas e escravizadas pela tecnologia. O quintal do poeta é maior do que o mundo e ele se faz um apanhador de desperdícios, sabe ver nos restos o canto da vida e queria que a sua voz se formatasse em canto, de canção mesmo, e também de lugar de pensar, para nele poder dizer bem alto a sua voz poética: Não sou da informática, eu sou da invencionática e a palavra só me serve para compor meus silêncios no meio de tanto barulho e de tão pouca atenção aos gestos mais simples e importantes para a vida acontecer.”(Juscelino Pernambuco)

Os órgãos colegiados dentro da escola: Conselhos Escolares e Associação de Pais e MESTRES.

Na edição anterior falei sobre a importância dos Conselhos Municipais na gestão pública. Nesta edição trago dois outros colegiados importantes para a gestão das escolas públicas: O Conselho de escola e as Associações de Pais e Mestres.
O Conselho Escolar é um dos órgãos colegiados fundamentais para o bom funcionamento da escola e para a promoção da democracia. Ele é composto pelos mais variados segmentos (diretor, professores, alunos, pais, funcionários e especialistas da educação) que tem por objetivo promover a gestão democrática da escola.
Ele vai permitir organizar planos, metas e projetos escolares, além de contribuir para a organização e aplicação de recursos financeiros oriundos do Estado e da Nação.
Podendo estabelecer metas, planos educacionais, regimento escolar, elaborar e aprovar o calendário escolar e o projeto político pedagógico da escola.
O Conselho Escolar é de extrema importância para contribuir para o processo de implantação de autonomia na escola, de forma que cada comunidade possa tratar de seus problemas e desta forma poder interagir a participar podendo opinar naquilo que realmente precisa tanto no âmbito administrativa ou pedagógica da escola.
Este é o principal órgão colegiado que ajuda a comunidade a participar das atividades que estão sendo desenvolvidas na escola e com a participação efetiva de todos os seguimentos é uma das maneiras de melhorar o desempenho da escola, dos alunos e acompanhar a educação que queremos para os nossos filhos na rede pública.
Outro colegiado de importância singular na escola é a Associação de Pais e Mestres – APM – que bem montada e participativa pode exercer dentro de uma escola várias funções: colaborar com a direção da escola para atingir os objetivos educacionais ; representar as aspirações da comunidade e dos pais de alunos perante a escola; mobilizar os recursos humanos, materiais e financeiros da comunidade para auxiliar a escola; trabalhar para a melhoria do ensino e da aprendizagem; desenvolver atividades de assistência ao escolar nas áreas socioeconômica e de saúde; conservar e manter a infraestrutura escolar, os equipamentos e as instalações; promover programação de atividades culturais e de lazer que envolva a participação conjunta de pais, professores, alunos e comunidade. Uma APM forte e com objetivos voltados para o bem da comunidade escolar pode contribuir para o fortalecimento de uma escola democrática e de qualidade.
Como vivemos numa democracia e esperamos que isso continue, a participação dos órgãos colegiados é importantíssima para a gestão pública e para a sociedade que participa e discute o que de bom pode ser feita para ela mesma, sempre pensando no bem comum e nas atitudes cidadãs de boa gestão. Por isso, participe da gestão da escola de seu filho, esteja presente nesses momentos de discussão, assim é a escola de seu filho e seu filho que saem ganhando.

Espaço Escola

Espaço escola hoje traz as informações sobre os cursos de Educação de Jovens e Adultos que estão com as matrículas abertas no município de Batatais tanto na rede municipal quanto na estadual.
Três escolas oferecem a EJA em Batatais:
1.Anos finais e Ensino Médio (6° ao 9 ano e Ensino Médio) – ESCOLA ESTADUAL ANTÔNIO AUGUSTO LOPES DE OLIVEIRA JÚNIOR – Av. Prefeito José P. Neves, 512-V. Lídia – Telefone: 3761-5308;
2.Ensino Médio: EE CÂNDIDO PORTINARI -Praça Coronel Nogueira,1- Castelo – Telefone:3761-2620
3.Anos finais (6º ao 9º ano do ensino fundamental) EMEB PROFESSORA ALZIRA ACRA DE ALMEIDA – Rua Quinzinho Barbosa, s/nº – Central Park – telefone: 3761-8852

FUVEST – 2020 – Minha Vida de Menina – de Helena Morley

Escrito entre os anos de 1893 e 1895, quando a autora (Alice Dayrell/ Helena Morley) tinha 13-15 anos de idade, o livro relata, de forma bem-humorada, o cotidiano familiar, escolar e social na cidade de Diamantina, Minas Gerais.
A personagem central Helena teve sua formação marcada por personagens femininas:
a) A avó: a matriarca, com quem teve uma relação umbilical, mais importante, é o modelo feminino que lhe chama atenção. Rigorosa na educação.
Nenhum neto de vovó se mete na conversa de gente grande. Ninguém na família gosta de menino intrometido. Todos nós quando chegamos na Chácara e tratando de ir brincar no gramado da frente (MORLEY, 2004, p. 82).
Helena e a avó tinham um laço afetivo especial. A amizade, o conforto nas horas precisas e o cuidado com a neta, faziam com que Helena corresse para a casa da matriarca quando o desespero tomava conta. E sempre recebia o carinho.
b) Carolina, a mãe: Sempre presente em quase todas as ocupações doméstica, Helena tem uma visão da mãe como alguém que acredita que a vida é feita de sofrimentos. Carolina só está contente quando o marido volta das lavras e é seu amor por ele que a diferencia das outras mulheres da família.
c) A tia Madge: a quem sempre teve admiração. De dia a tia ensinava lições de educação e de noite de Economia. Indicava leituras educativas, O poder da vontade, e O caráter. O assunto era o mesmo, economia, correção, força de vontade. Orientava para as boas maneiras falando de pessoas que cospem no chão, coçam a cabeça na sala e interrompem os outros quando falam. No jantar a gente bebe a sopa e espera o criado tirar o prato. Também não se deve palitar os dentes na mesa
Os personagens do livro:
Alexandre – pai de Helena. Trabalhava na lavra de diamante, o que não dava muito lucro. Neto de inglês, o pai adota uma ética protestante, não censura, apenas aconselha.
Aurélia e Conrado – tios de Helena, abastados financeiramente. A menina sente inveja de seus primos porque eles não precisam fazer tarefas domésticas, podem apenas estudar. Mas, quando lembrava do enojamento da casa deles, deixava de lado essas ideias.
Carolina – mãe de Helena. Extremamente apegada ao marido, não tinha pulso firme com as crianças. Possui o ‘riso solto’, assim como as meninas. Em matéria de religião é fervorosa. É trabalhadora e possui certa consideração social.
Geraldo – tio de Helena. Filho mais velho e predileto de D. Teodora. Tem situação financeira muito boa, o que faz ser visto como orgulhoso.
Helena – autora do diário. Branca, alta, magra e esfomeada. Era chama de águia pelas tias, isso porque era manipuladora. Muito independente, a menina também é irônica, desafiando a ordem patriarcal vigente. Nem a igreja é perdoada, já que ela critica padres fofoqueiros.
Helena não constrói uma imagem boazinha de si. Seu caráter não é perfeito. Aproxima-se do anti-heroísmo pícaro. “Ela é individualista, familiar, rebelde, esclarecida, amiga dos festejos e alérgica a disciplina, critica a superstição, as fumaças de grandeza e o preço dos preconceitos e ignorância”. (Palavras de ROBERTO SCHWARZ).
Luisinha – irmã de Helena. Não tem voz na narrativa. Apelido: pamonha.
Madge – tia de Helena, irmã de seu pai. Sempre dá livros para sua sobrinha, tentando passá-la uma educação britânica, no entanto a menina não absorve as lições morais. Protege Helena, mas ainda a vê como menina, quando esta quer ser vista como moça.
D. Teodora – avó de Helena. Tem 83 anos no período do diário. É proprietária rural, possui muito dinheiro e vive ajudando os pobres. É obesa e tem enormes dificuldades de locomoção. Tem autorização do padre para acompanhar da residência os sacramentos, o que revela sua importância social.

Nas trilhas da Educação:

1.Últimas semanas de férias escolares – aproveite para recarregar as energias e voltar com força total para o segundo semestre;
2.Curso para professores do INOVA EDUCAÇÃO começa no dia 16/07 e vai até 30/08;
3.Secretaria da Educação do Estado de São Paulo lança o PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA EDUCAÇÃO 2019 -2022 – que tem como missão de garantir a todos os estudantes aprendizagem de excelência e a conclusão de todas as etapas educação básica na idade certa.
4.Governo do Estado lançou no dia 05/07 o projeto Escola+Segura, programa que reúne um pacote de medidas para melhorar e reforçar a segurança nas unidades da rede estadual, com apoio da Polícia Militar. Inicialmente, serão 216 escolas prioritárias.